Saiba como fazer um bom marketing para o consumidor LGBT
Especialista de viagens LGBT explica como atingir a comunidade gay de maneira eficaz
Para uma empresa de Turismo entrar de cabeça no mercado de viajantes LGBT é necessário um conjunto de boas práticas que envolvem desde capacitação interna à escolha de bons fornecedores. No entanto, a situação é ainda mais desafiadora quando envolve o trabalho de marketing ao definir qual tipo de linguagem e estratégias que serão utilizadas no relacionamento com o público gay.
O primeiro conceito-chave do planejamento é que o mercado deve levar em consideração o ponto de vista do consumidor e não a sua perspectiva pessoal e limitada, segundo Ed Salvato, que é empreendedor, escritor de revistas norte-americanas especializadas em viagens gays e autor do livro Handbook of LGBT Tourism and Hospitality: A Guide for Business Practice. As dicas foram repassadas ao trade na segunda Conferência da Diversidade e Turismo LGBT, em São Paulo.
“Você tem que conhecer o seu cliente e isso não é apenas utilizar a foto de duas mulheres ou dois homens juntos, que geralmente são modelos. Como você pode entregar um produto personalizado se você não conhece o público? Eles querem ser tratados iguais e também de maneiras diferentes, esse é o paradoxo”, argumenta.
PROCESSO
De acordo com o executivo, é obrigatório assegurar que todos os passos do processo sejam consistentes e amigáveis para os LGBTs. Outro ponto que deve receber atenção é o fato de que ninguém da comunidade é resumido a apenas uma sigla, pois há gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros nessa lista e cada um destes segmentos precisa de ações específicas. A questão não se trata apenas de convidá-los a consumir, mas também de engajá-los por meio da representatividade.
“Viajar está nos genes dos gays e os números mostram que comunidade tem esse hábito com maior frequência – e sempre gastam mais por serem resilientes economicamente. Se há crise econômica, os heterossexuais deixam de viajar por terem gastos com escolas e crianças, mas os gays não abrem mão. Outro aspecto interessante é que os gays são extremamente fiéis às suas marcas preferidas e são influenciadores, capazes de promover mudanças sociais, algo a se pensar do ponto de vista do marketing”. Para reforçar essa questão de independência, apenas 33% de casais de lésbicas têm filhos e esse número cai para 6% em relação aos casais formados por dois homens.
SITUAÇÃO DO BRASIL
Salvato abordou ainda o mercado LGBT brasileiro, em que o poder de gasto do nicho está avaliado em US$ 23 bilhões, com destaque para o Rio de Janeiro que é sucesso em leisure, principalmente durante os grandes eventos. Já a cidade de São Paulo foi considerada um destino de negócios, mas com o peso negativo de casos de homofobia e preconceito contra os transgêneros, que já repercutiram no Exterior.
CASE POSITIVO
A rede de hotéis Accor aproveitou a conferência para promover as suas ações bem-sucedidas com a comunidade LGBT no Brasil, representada pelo gerente geral do Novotel Jaraguá, Ewerton Camarano. “Saímos do armário publicamente e assumimos dez compromissos em prol de assegurar os direitos do colaborador e cliente, assinando em fevereiro de 2017 o Manifesto do Fórum de Empresas e Direitos LGBT”, explica o executivo, que destaca também a busca por mais igualdade de oportunidades e tratamento. Junto com a Accor, fazem parte desse Fórum outras empresas como Google, Microsoft e IBM.
Outras ações também foram realizadas nos últimos meses, como o apoio a casamento comunitário LGBT, com diárias de núpcias oferecidas aos casais, patrocínio de musical apenas com mulheres lésbicas e criação de um grupo para debater internamente as pautas. A empresa desenvolveu também um material educativo, que foi distribuído a todos os hotéis brasileiros em versão impressa e digital, junto com a cartilha do Ministério do Turismo e bottons para funcionários.