Se uma andorinha só não faz verão, o que será do Turismo então?
A presidente executiva da Resorts Brasil, Ana Biselli Aidar, discute o futuro do setor
Em artigo sobre os rumos do Turismo pós-vacina, a presidente executiva da Resorts Brasil (Associação Brasileira de Resorts), Ana Biselli Aidar, discute sobre a oportunidade de promover destinos nacionais, enquanto as viagens internacionais ainda estão limitadas devido às restrições da covid-19, além de fazer uma reflexão a respeito do papel que a união exerce no setor para superar desafios.
Confira o artigo íntegra:
"Quando paro para refletir como será o próximo verão para os resorts brasileiros, por um instante e por diversos motivos, sinto-me contente e entusiasmada. Primeiro motivo, a pandemia da covid-19 parece controlada, especialmente no Brasil. Segundo, há uma demanda represada por viagem. Terceiro, as viagens internacionais ainda estão limitadas, em função de restrições entre países. Quarto, a nossa moeda segue desvalorizada, o que de certa maneira inibe a escapada dos brasileiros para destinos internacionais e gera oportunidade para o estrangeiro nos visitar. Quinto, a malha aérea doméstica brasileira está se recompondo gradualmente. Para ilustrar, em setembro, atingimos quase 75% da oferta de voos do período pré-pandemia, segundo dados da Abear.
Todos estes motivos me levam a acreditar que teremos um excelente verão 2021/2022, em termos de desempenho, tanto para o segmento de resorts quanto para os demais participantes da cadeia de Turismo com foco no segmento de lazer.
Excelente notícia? Sim, é uma excelente notícia! Entretanto, os desafios ainda são inúmeros. Por isso, é importante olharmos para além do verão, buscando o contínuo desenvolvimento do nosso setor. Nesse sentido, compartilho uma grande preocupação nesta breve reflexão.
Para iniciar, resgato três palavras muito utilizadas nestes últimos meses, mas que parecem perder sua relevância com a euforia da retomada no curto prazo: União, Estratégia e Foco. Acredito que todos os líderes do nosso setor, de alguma forma, participaram de comitês de crise que, com o espírito coletivo e colaborativo, buscaram defender e trabalhar de forma contínua e convergente em medidas de proteção e recuperação do setor.
Tivemos grandes aprendizados neste intenso período recheado de inúmeras reuniões para definir e redefinir as pautas convergentes, a estratégia a ser perseguida e o foco de atuação conjunta. Nem sempre foi fácil o entendimento em grupo, mas, para todos os participantes, acredito que esta união tenha gerado algum conforto, assim como dado mais sentido às ações e gerado força para superar as dificuldades.
Aqui expresso minha preocupação: após essa experiência, será que faz sentido o setor produtivo do Turismo, que é ultrafragmentado, descentralizado e interdependente, voltar a trabalhar de maneira isolada, em silos? Meu entendimento é que não, visto que os interesses de grande parte são extremamente parecidos. Se voltarmos a atuar de maneira isolada, o próximo verão pode até ser positivo para alguns segmentos, mas, passado esse período, há o risco deste resultado não ser duradouro frente aos nossos desafios como setor.
Será que essa atuação isolada não nos levará ao retrabalho, dentro das dezenas de associações do Turismo, sendo que poderíamos otimizar nossos limitados recursos, unindo forças para aprofundar as pautas convergentes e definir como encaminhá-las devidamente? Será que essa atuação isolada não alimentará a nossa fama de setor desarticulado e desorganizado, dificultando o poder público a contribuir para que a atividade turística se desenvolva em seu potencial pleno no País? Será que essa atuação isolada não nos deixará míopes, buscando responder a questões muito específicas e que terão seus resultados comprometidos, caso as pautas estruturantes do Turismo sigam travadas?
Por fim, qual o sentido da nossa atuação como associação do Turismo? O que buscamos na relação com o poder público? Almejamos ter o protagonismo do setor produtivo que representamos? Ou buscamos que o nosso setor produtivo tenha o protagonismo na geração de renda e emprego em nosso País? Na minha opinião, o objetivo deveria ser sempre a segunda alternativa.
Para atingi-lo não vejo outro caminho que não seja o trabalho coletivo e colaborativo da cadeia de Turismo. A boa notícia é que a pandemia nos fez degustar o potencial que temos ao atuar com União, Estratégia e Foco. Neste momento, seria importante decidirmos se desejamos prosseguir nessa direção e, se assim for, buscarmos inspiração de como “fazer verão” juntos, tornando-o permanente e próspero para todos. Assim, deixo aqui o convite para fortalecermos e darmos sequência ao espírito de União com Estratégia e Foco, rumo ao crescimento e desenvolvimento do Turismo brasileiro."
Leia abaixo outras matérias da revista edição especial 18º Fórum PANROTAS, distribuída no Fórum PANROTAS 2021.
Confira o artigo íntegra:
"Quando paro para refletir como será o próximo verão para os resorts brasileiros, por um instante e por diversos motivos, sinto-me contente e entusiasmada. Primeiro motivo, a pandemia da covid-19 parece controlada, especialmente no Brasil. Segundo, há uma demanda represada por viagem. Terceiro, as viagens internacionais ainda estão limitadas, em função de restrições entre países. Quarto, a nossa moeda segue desvalorizada, o que de certa maneira inibe a escapada dos brasileiros para destinos internacionais e gera oportunidade para o estrangeiro nos visitar. Quinto, a malha aérea doméstica brasileira está se recompondo gradualmente. Para ilustrar, em setembro, atingimos quase 75% da oferta de voos do período pré-pandemia, segundo dados da Abear.
Todos estes motivos me levam a acreditar que teremos um excelente verão 2021/2022, em termos de desempenho, tanto para o segmento de resorts quanto para os demais participantes da cadeia de Turismo com foco no segmento de lazer.
Excelente notícia? Sim, é uma excelente notícia! Entretanto, os desafios ainda são inúmeros. Por isso, é importante olharmos para além do verão, buscando o contínuo desenvolvimento do nosso setor. Nesse sentido, compartilho uma grande preocupação nesta breve reflexão.
Para iniciar, resgato três palavras muito utilizadas nestes últimos meses, mas que parecem perder sua relevância com a euforia da retomada no curto prazo: União, Estratégia e Foco. Acredito que todos os líderes do nosso setor, de alguma forma, participaram de comitês de crise que, com o espírito coletivo e colaborativo, buscaram defender e trabalhar de forma contínua e convergente em medidas de proteção e recuperação do setor.
Tivemos grandes aprendizados neste intenso período recheado de inúmeras reuniões para definir e redefinir as pautas convergentes, a estratégia a ser perseguida e o foco de atuação conjunta. Nem sempre foi fácil o entendimento em grupo, mas, para todos os participantes, acredito que esta união tenha gerado algum conforto, assim como dado mais sentido às ações e gerado força para superar as dificuldades.
Aqui expresso minha preocupação: após essa experiência, será que faz sentido o setor produtivo do Turismo, que é ultrafragmentado, descentralizado e interdependente, voltar a trabalhar de maneira isolada, em silos? Meu entendimento é que não, visto que os interesses de grande parte são extremamente parecidos. Se voltarmos a atuar de maneira isolada, o próximo verão pode até ser positivo para alguns segmentos, mas, passado esse período, há o risco deste resultado não ser duradouro frente aos nossos desafios como setor.
Será que essa atuação isolada não nos levará ao retrabalho, dentro das dezenas de associações do Turismo, sendo que poderíamos otimizar nossos limitados recursos, unindo forças para aprofundar as pautas convergentes e definir como encaminhá-las devidamente? Será que essa atuação isolada não alimentará a nossa fama de setor desarticulado e desorganizado, dificultando o poder público a contribuir para que a atividade turística se desenvolva em seu potencial pleno no País? Será que essa atuação isolada não nos deixará míopes, buscando responder a questões muito específicas e que terão seus resultados comprometidos, caso as pautas estruturantes do Turismo sigam travadas?
Por fim, qual o sentido da nossa atuação como associação do Turismo? O que buscamos na relação com o poder público? Almejamos ter o protagonismo do setor produtivo que representamos? Ou buscamos que o nosso setor produtivo tenha o protagonismo na geração de renda e emprego em nosso País? Na minha opinião, o objetivo deveria ser sempre a segunda alternativa.
Para atingi-lo não vejo outro caminho que não seja o trabalho coletivo e colaborativo da cadeia de Turismo. A boa notícia é que a pandemia nos fez degustar o potencial que temos ao atuar com União, Estratégia e Foco. Neste momento, seria importante decidirmos se desejamos prosseguir nessa direção e, se assim for, buscarmos inspiração de como “fazer verão” juntos, tornando-o permanente e próspero para todos. Assim, deixo aqui o convite para fortalecermos e darmos sequência ao espírito de União com Estratégia e Foco, rumo ao crescimento e desenvolvimento do Turismo brasileiro."
Leia abaixo outras matérias da revista edição especial 18º Fórum PANROTAS, distribuída no Fórum PANROTAS 2021.
*Fonte: Ana Biselli Aidar, presidente executiva da Resorts Brasil