Disputa entre Schultz e TZ Viagens tem até acusação de roubo; entenda
Em meio ao embate, Aroldo Schultz teve quase R$ 4 milhões em bens bloqueados pela Justiça de São Paulo

O rompimento de Schultz e TZ Viagens, que fez com que todas as empresas do Grupo Schultz deixassem de ser fornecedores homologados pela TZ Viagens, vai muito além de uma disputa apenas de CNPJs. O embate de Aroldo Schultz e Paulo Manuel é pessoal, envolve acusações graves e não começou hoje, embora a "bomba" tenha estourado há pouco tempo.
Tudo começou em 2014, quando Aroldo Schultz convidou Paulo Manuel a se tornar sócio da TZ Viagens. Entre as cláusulas previstas, estava a possibilidade de participação nas cotas sociais de até 30%, que lhe seriam concedidas de acordo com a performance na expansão da rede de franquias. A participação nos lucros deveria seguir o mesmo percentual, mas, segundo Aroldo, não foi isso que aconteceu.
Paulo Manuel bateu as metas e chegou a ter 30% da empresa. No entanto, Aroldo Schultz alega que, há cerca de dois anos, decidiu passar 97% das ações da TZ Viagens para Paulo Manuel numa espécie de acordo de cavalheiros. Schultz alega ter feito mudanças no quadro societário da TZ Viagens, com orientação de um contador, para que não fosse desenquadrado do Simples Nacional e assim não pagasse mais impostos.
Segundo Aroldo Schultz, em dezembro de 2024, na hora da divisão dos lucros, Paulo Manuel não concordou em dividir os lucros em 70% e 30%, mas sim em 97% e 3%, uma divisão de porcentagem que, segundo Aroldo Schultz, só ocorreu por conta do acordo de cavalheiros e que acabou não sendo cumprido. Por perder a gestão da empresa, Aroldo decidiu ir à justiça. Foi aí que a bomba explodiu!
"Ocorre que no final de 2024, quando foi procedida nova distribuição de lucros acumulados (e, portanto, relativos a fatos geradores alcançados pela empresa até aquele momento), o Sr. Paulo se opôs. Apegando-se ao fato de que, diante de uma necessidade de se cumprir requisitos legais de enquadramento tributário ele constava no Contrato Social com 97% das cotas sociais (situação esta que o mesmo estava ciente e, inclusive, era resguardada pelo anterior Acordo de Sócios acima mencionado e pelo fato de que nunca foram adquiridas pelo Sr. Paulo, a partir de uma contraprestação pelas mesmas), pleiteou fossem distribuídos os lucros de maneira distinta àquela acordada – e cumprida – desde o início da sociedade"
Aroldo Schultz, em comunicado oficial
Entre declarações e comunicados oficiais, cada empresário fala uma coisa. Aroldo Schultz classifica as ações de Paulo Manuel como ardilosas e o acusou de realizar alterações irregulares na empresa, como a inserção de uma cláusula que prevê a exclusão de Aroldo Schultz da sociedade sem decisão judicial.

Por outro lado, Paulo Manuel afimou ter encontrado uma ação grave praticada por Aroldo Schultz, que, segundo ele, "retirou indevidamente o valor de R$ 1.300.000,00 das contas e investimentos da franqueadora para sua própria conta pessoal, causando prejuízos diretos à empresa e, consequentemente, aos franqueados em um momento tão delicado que vivemos". Esse assunto virou até um comunicado oficial da própria TZ Viagens (veja abaixo).
"Aroldo Schultz tem se aproveitado desta situação para utilizar indevidamente a rede franqueada com uma retórica falsa e em benefício próprio, afirmando falsamente aos franqueados que a Franqueadora não concordaria com a devolução ou com o correto uso do valor retirado. Tal afirmação é claramente mentirosa, o que pode ser facilmente verificado por qualquer interessado por meio da ação judicial em curso, cujo acesso é público"
Paulo Manuel, em comunicado oficial
Além disso, ao invés de cumprir com a determinação judicial que ordena a devolução imediata do valor retirado indevidamente, Paulo Manuel afirmou que Aroldo optou por apresentar novo recurso judicial com intenção de descumprir a ordem judicial vigente e continuar utilizando o dinheiro para finalidades pessoais, diretamente em sua conta de pessoa física. "Esta conduta, indubitavelmente prejudicial à rede, configura grave desrespeito aos interesses coletivos dos franqueados e da própria Franqueadora", declarou.

Comunicado sobre bloqueio de Bens de Aroldo Schultz
"Prezados franqueados,
Informamos que a Justiça de São Paulo deferiu o pedido da TZ Viagens e determinou o bloqueio dos bens de Aroldo Eitel Schultz, em razão do desvio de R$ 1,3 milhão da empresa ocorrido em janeiro.
O bloqueio foi autorizado via SISBAJUD, abrangendo contas em diversas instituições. A ação segue em curso visando a reparação total dos danos. O Total bloqueado foi de R$ 3.773.809,24.
Além dos impactos financeiros, a sentença reconhece prejuízos à imagem da marca e à rede como um todo.
Próximos passos:
- Acompanhamento do processo para indenização por danos materiais, morais e lucros cessantes;
- Compromisso com a proteção jurídica da rede e de nossos franqueados.
Agradecemos pela confiança e união neste momento. Seguimos firmes em nosso propósito de fortalecer a TZ Viagens como referência de confiança e excelência no turismo.
Atenciosamente,
Paulo Manuel
CEO – TZ Viagens".
Comunicado de Aroldo Schultz ao Portal PANROTAS
"Com relação à matéria “Disputa entre Schultz e TZ Viagens tem até acusação de roubo; entenda”, na qual fomos citados, cumpre-nos reforçar que a decisão de apresentar os fatos aos agentes de viagens, no último dia 29/3 e durante a XVII Convenção da Schultz Operadora, é uma resposta direta à relação de transparência e confiança que mantemos com esses parceiros.
A partir deste momento, toda e qualquer informação adicional pode ser obtida por via legais e de acesso público, sem que haja, de nossa parte, interesse de instrumentalização dos meios de comunicação do trade turístico, com os quais também mantemos uma relação de transparência.
Aroldo Schultz".