Azul Viagens na mesa do CEO: operadora se torna estratégica para o grupo
John Rodgerson se surpreende com as conquistas da empresa, que ganha relevância para a empresa aérea
Se um dia a Azul Viagens era uma coadjuvante, apenas mais um componente estratégico da Azul Linhas Aéreas para preencher assentos vazios, esse dia ficou no passado. A operadora de lazer que leva o nome da companhia aérea dobrou seu faturamento na comparação com o período pré-pandemia, está pegando gosto por ganhar prêmios de vendas de fornecedores Brasil adentro e hoje surpreende o mais alto escalão do grupo.
"O John [Rodgerson, CEO da Azul], se surpreendeu com o nível que conquistamos. Hoje a operadora compõe margem, está consolidada, não é uma empresa para ocupar aeronaves nos períodos de baixa. Virou negócio", garante o diretor de Marketing e Negócios da Azul Linhas Aéreas, Daniel Bicudo.
A gerente de Produtos e Negócios Sênior da Azul Viagens, Giulliana Mesquita, conta que em 2022 os resultados da empresa foram 100% superiores aos de 2019. Já no primeiro trimestre deste ano, ela projetava uma alta de 45% na comparação com o mesmo período do ano passado, e muitos motivos levam a executiva a crer que a operadora por enquanto só afivelou os cintos para decolar em um voo longo.
"A Azul Viagens chegou a um patamar de poder começar a pensar em novos negócios, abrindo o leque para novas frentes, os quais anunciaremos em breve e tendem a beneficiar toda a indústria", aponta ela. Sinergia com a companhia aérea e suas parceiras internacionais, proximidade e transparência com agentes de viagens, trabalho em conjunto com os setores público e privado nos destinos, fidelização e maior presença nacional, inclusive com lojas próprias, são algumas das estratégias a serem conduzidas pela operadora com sede em Alphaville, São Paulo.
LOJAS E AGENTES DE VIAGENS
Pouco mais de quatro mil agentes de viagens estão registrados na plataforma da Azul Viagens, dos quais 50% emitem em frequência mensal. A estratégia de expansão da operadora está muito ligada a esse canal de vendas, em uma via de mão dupla. Um dos benefícios oferecidos pela Azul Viagens são voos dedicados a partir de mercados menores, graças à pulverização da Azul Linhas Aéreas. "Dificilmente imaginaríamos, tempos atrás, um voo saindo de Uberlândia rumo ao Nordeste, praticamente toda semana, mesmo nos tempos de baixa temporada. Nós oferecemos esse tipo de produto, e com condição idêntica em todos os canais de venda. Não fazemos distinção tarifária entre franqueados e agentes multimarcas. O sistema é o mesmo", garante o gerente comercial da operadora, Ricardo Bezerra.Com a série de eventos Agente Tá On, a Azul roda o Brasil para alcançar mais profissionais e estreitar seu relacionamento com os parceiros. Nesse ano, serão pelo menos dez, dos quais dois já foram realizados, um no Rio em formato workshop, e outro em São Paulo, este em formato maior, com cerca de 500 profissionais. Agentes de viagens de Brasília, Belém e outras cidades terão a oportunidade nos próximos meses. Outro contato com os vendedores de suas viagens será via UniAzul. A plataforma de capacitação da companhia aérea servirá para sua operadora expor novidades e produtos de destinos de lazer nos próximos meses. Além das capacitações, a Azul Viagens realiza campanhas para os agentes.
Neste ano, três carros, três motos e três smartphones serão dados aos maiores vendedores de regiões divididas em São Paulo & Minas Gerais; Paraná & Goiás e Demais Estados. Aos donos de lojas, pontos no Tudo Azul na casa dos milhões são dados aos campeões de vendas, mas as vendas regulares também rendem score no programa de fidelidade, tal como rendem aos clientes cadastrados no Tudo Azul. Por falar em lojas, a meta da Azul Viagens é chegar a 78 unidades físicas neste ano, mais de 40% de acréscimo em relação às atuais 51. No fim de março, a segunda agência com layout da Azul Viagens foi aberta na capital paulista, que é protagonista neste planejamento: a meta é fechar 2023 com oito lojas. De acordo com Ricardo Bezerra, a ideia da Azul Viagens é ter "poucas e boas" lojas, para que não se crie concorrência desleal.
"Nossos dados mostram que toda inauguração de uma loja Azul Viagens beneficia as agências da nova praça. Outras agências da região sentem alta da procura de produtos da Azul, pois cria-se uma conscientização sobre a marca. De qualquer maneira, nossa ideia não é ter 1.000 lojas, é selecionar as aberturas que fazem sentido", explica o gerente comercial. Bezerra ainda acrescenta que, para poder ter uma loja Azul Viagens, o empreendedor precisa ter algum outro negócio no Turismo.
"Todos os donos de loja Azul Viagens têm pelo menos um outro CNPJ no setor, incluindo outras agências, para as quais estão liberados para recomendar, caso sua loja Azul Viagens não venda determinado produto. Não cobramos exclusividade. Donos de lojas Azul têm agências, consolidadoras e/ou outros negócios no Turismo, incluindo outras operadoras. Essa expertise é importante para nós."
INTERNACIONALIZAÇÃO
Quando Giulliana Mesquita fala em poder investir em novos negócios, certamente está incluindo Portugal nesses planos. No meio de abril, a empresa abrirá subsidiária no país europeu. A ideia da operadora é atrair estrangeiros ao Brasil, aproveitando o fato de a Azul Linhas Aéreas ter um voo direto entre Campinas (SP) e Lisboa e ser a aérea com o maior número de destinos domésticos atendidos. Parceira da Tap, a empresa pretende atrair visitantes de toda parte da Europa com a Azul Viagens Portugal. Hoje, essa participação é restrita a executivos da Azul Linhas Aéreas no continente vendendo o incoming."Com uma Azul Viagens e profissionais especializados em destinos brasileiros e no relacionamento com o mercado, a ideia é aumentar o número de estrangeiros no Brasil", afirma o gerente comercial da Azul Viagens, Ricardo Bezerra. Contudo, os planos internacionais vão além do incoming. Em junho, a Azul inaugurará rota direta entre Belo Horizonte e Curaçao, e, já em abril, voará de Viracopos ao aeroporto de Orly, em Paris. A ilha caribenha e a França são apenas o início do projeto, que não necessariamente depende da companhia aérea dona da operadora.
“Sobre Curaçao, nosso trabalho ainda é de desenvolver o destino no Brasil. Temos contado com a parceria do governo deles, que tem sido muito produtiva, cheia de ferramentas para que os agentes de viagens saibam vender a ilha. Curaçao se beneficia no Brasil após a exigência do visto mexicano. Temos produtos redondos na prateleira para o agente poder usar. As expectativas são boas, afirma Giulliana. "Mas não é só nos países para onde a Azul voa que temos planos de penetração. Por meio de parcerias como Tap, United e outras, venderemos produtos internacionais que vão surpreender os agentes de viagens”, promete.
CRUZEIROS E NOVOS PRODUTOS
Novos produtos também incluem cruzeiros. A Azul Viagens tirou os produtos marítimos de seu portfólio logo no começo da pandemia, pois esse nunca havia sido um lado forte para a operadora. Na retomada de grandes armadoras ao Brasil, a Azul Viagens viu aí uma oportunidade e designou um executivo exclusivo para abordar o assunto."Fechamos a temporada muito além das expectativas, com mais de 400% do que tínhamos previsto como meta. Temos tudo para ter uma nova temporada incrível neste segmento.” No doméstico, a Azul Viagens pegou gosto pelo trabalho em comum com as secretarias de Turismo e os fornecedores dos destinos onde atua. O movimento da área deste ano com seus voos dedicados será colocar novas origens. Em relação a novidades na prateleira, Giulliana aponta que aluguel de casa por temporada, ecoturismo e produtos upscale vêm por aí.
Esta matéria faz parte da edição especial da Revista PANROTAS, que pode ser conferida abaixo: