O que motivou Fábio Mader a trocar a CVC Corp pela GJP?
Executivo dá entrevista exclusiva à Revista PANROTAS e fala sobre sua saída da empresa de Turismo
O diretor de Vendas B2B da CVC Corp, Fábio Mader, deixa o cargo nesta semana para assumir um novo desafio na GJP Hotels & Resorts. Ele será CEO da rede hoteleira no lugar de Fábio Godinho, que ganha uma cadeira no Conselho da empresa, a convite do fundo de private equity gerido pela R Capital, compradora da GJP em setembro do ano passado.
Mader deu entrevista à Revista PANROTAS, para a edição desta semana. Confira a seguir:
Revista PANROTAS - O que o motivou a deixar um dos principais cargos do Turismo do País para assumir a GJP Hotels & Resorts?
FÁBIO MADER - Primeiramente quero ressaltar que não foi uma decisão fácil, por inúmeros motivos, a começar pelo carinho que tenho pela CVC Corp. São muitos anos trabalhando aqui, onde criei muitos amigos e me desenvolvi profissionalmente, aprendi a ganhar musculatura como executivo. A proposta que recebi da GJP fez com que eu parasse, repensasse, conversasse com a família. Não é fácil deixar um projeto lindo como este que apresentei e faço parte no B2B da CVC Corp.
Entretanto, confesso que o projeto da GJP me balançou bastante. Ainda não posso trazer muitos detalhes. Eu sento na cadeira a partir de quarta-feira (2 de março). O que fez meus olhos brilharem foi o nível de complexidade, a posição de CEO da empresa, a possibilidade de fazer a gestão de uma companhia de capital intensivo, de servir ao projeto de maneira forte. São diversos hotéis com excelência em atendimento, o que traz a mim uma grande responsabilidade como executivo.
PANROTAS - E por que esse é o momento?
MADER - Além de as coisas estarem bem encaminhadas no B2B da CVC Corp, eu serei um dos poucos executivos do Turismo que terá a oportunidade de trabalhar nas três frentes: cresci na aviação (ele foi Webjet e Gol), depois CVC Corp, em produtos aéreos, terrestres, fusão na Argentina (ele foi diretor das empresas do grupo no país vizinho) e agora um desafio na hotelaria. Esse tipo de oportunidade realmente me empolga, pois nasci e cresci no Turismo. Estou extremamente feliz com o carinho que estou recebendo do mercado. As pessoas me ligando, parabenizando, elogiando.
A própria reação do Leonel [Andrade, CEO da CVC Corp] me encheu de orgulho. Ele me apoiou desde o começo e me deu a oportunidade de dosar os dois projetos bonitos que eu tinha em mãos. Apesar de ter feito todo esforço para que eu continuasse na companhia, vi que era a hora de trilhar outro caminho. Só tenho a agradecer.
PANROTAS - E o que o senhor espera ao assumir um compromisso inédito em sua carreira?
MADER - Ao longo desses anos no Turismo, tive muito contato com hoteleiros do Brasil e do Exterior. Apesar de estar na posição de contratador, sempre cuidei para ter a visão completa do que é a hotelaria.
Nunca me aprofundei tanto para poder entender as dores do mercado, mas minha experiência em vendas, em produtos e gestão de pessoas me tranquiliza, pois esse é um ambiente que domino e não vejo tanta diferença para o que tive até aqui.
Agora, terei o lado do serviço, de fazer a companhia crescer e neste lado terei todo o apoio dos acionistas. Isso me tranquiliza para que eu possa acelerar esse processo de aprendizado e seguir a carreira trilhando os melhores caminhos.
PANROTAS - Como é sua relação com Fábio Godinho?
MADER - Excelente. Trabalhamos juntos em duas ocasiões: na Webjet, quando ele era presidente, e depois na própria CVC Corp. O Godinho me conhece bem, sabe do meu potencial e da minha forma de liderar, meu estilo de gestão e minhas habilidades. Saber que ele está indo ao Conselho me conforta, pois ele tem uma visão de negócio diferenciada e uma carreira similar à minha.
PANROTAS - Como o senhor vê a GJP, antes de assumir o compromisso com a rede?
MADER - Vejo a GJP com um posicionamento muito importante. Uma empresa bem estabelecida em Gramado, forte em resorts e em hotéis no Rio de Janeiro e outras regiões. Olhando o produto, está muito clara a proposta de valor.
PANROTAS - Quais serão seus primeiros passos na rede?
MADER - Inicialmente, farei a integração, visitando todos os hotéis, conhecendo todas as diretorias presencialmente. Pretendo fazer uma gestão muito próxima a todos os líderes. Aí sim terei uma visão clara de quais são as vantagens e oportunidades que teremos de desenvolver para seguirmos nosso caminho em um futuro próximo.
A relação entre GJP e CVC é muito boa. Eles são bons fornecedores nossos e isso só vai enriquecer. Ainda que esteja do outro lado, eu conheço a empresa, vejo oportunidades de sermos mais assertivos em proposta de valor e custo-benefício.
PANROTAS - E que balanço o senhor faz destes seis meses à frente do B2B da CVC Corp?
MADER - Deixo a área com um projeto desenhado, como falei recentemente em entrevista à Revista PANROTAS. Os pilares estão definidos, nossos alicerces passam por tecnologia, produtos diferenciados, crédito e principalmente por atendimento.
Assim que assumi o B2B, o atendimento estava em situação muito delicada e, logo em seguida, para piorar, tivemos um ataque cibernético que nos obrigou a ficar 16 dias sem poder fazer contato com os agentes de viagens. Quando os sistemas voltaram, tivemos um backlog enorme e o atendimento ficou em situação crítica. Para aprimorar o atendimento, trouxemos o Fábio Belem, um craque no assunto, que ainda por cima entende muito bem de CVC.
Investimos em tecnologia e processos e fizemos recomposição na estrutura de pessoas, com mais de 100 colaboradores, a maioria com histórico na CVC, o que já os faz entrar com conhecimento de cultura da casa. Ou seja, nada disruptivo, sempre com cuidado para retomarmos o atendimento. Deixo o atendimento em níveis já muito bons. O Nacional, por exemplo, já está em níveis históricos de excelência. No Internacional estamos escalando para chegar ao nível histórico, ainda com um caminho para seguir, mas acredito que a partir do carnaval, com os profissionais concluindo o treinamento, daremos um salto no atendimento.
Também me despeço da companhia com o time montado: Cláudia e Márvio dividindo a área Brasil; Fabio Belem no atendimento, Thais Pfeiffer como CFO e Roberto Araújo com pós-venda no Terrestre. Todos eles estão alinhados no trabalho, já com excelente execução e motivação altíssima.
PANROTAS - Qual é a possibilidade do Rodrigo Sienra se manter no cargo?
MADER - Essa é uma resposta para o Leonel dar. Só posso dizer que o Rodrigo é muito bom, tem total condição, conhece o projeto, é querido pela equipe e reconhecido pela indústria.
PANROTAS - Em relação ao nome do B2B, vai se manter RexturAdvance ou vai mudar, como o senhor sugeriu em entrevista à Revista PANROTAS?
MADER - Ainda não está definido. Há uma consultoria analisando este tema e eu não serei mais o diretor quando esta decisão for comunicada.