Como a Flot acredita na superação de mais uma crise
Operadora de 36 anos enxugou custos, garante solidez para fluxo de caixa e remodelou prateleira

O presidente da operadora, Eduardo Barbosa, garante que sairá desta crise graças aos mesmos sustentáculos que conduziram a Flot de 1984 até aqui, atravessando recessões de todas as naturezas. Um destes pilares é o conservadorismo em relação à administração da empresa. Abrir as portas para o novo, evoluir com as novas ferramentas disponíveis do mercado, mas sempre com prudência.

CAPITAL DE GIRO
Uma operadora está fadada ao fracasso caso perca a mão da gestão de seu capital de giro. Não só Eduardo Barbosa, mas outros especialistas do setor concordam que esse é o atalho mais rápido para a bancarrota neste modelo de negócios. “Esse é um dos pilares de nossa solidez. É com isso que mostramos crise após crise que estamos em pé. Posso contar nos dedos os momentos que nesses 36 anos precisamos renegociar nossos recebidos. A Flot sempre fez autofinanciamento. Não precisamos descontar cheques pré-datados, boletos...”, assegura o presidente da operadora.
Entre os exemplos de manutenção de caixa nas piores crises, ele menciona o pagamento em dia aos fornecedores em tempos de flutuação cambial. “Já tivemos vários momentos em que a defasagem do real nos colocou em prejuízo e levou muitas operadoras, mas nós sequer atrasamos os pagamentos. É desta credibilidade que estou falando.”
E A CRISE ATUAL?
Barbosa relata um 2019 positivo para a Flot, com 20% de crescimento no faturamento na comparação com o ano anterior. Eis que a empresa, que tem nos destinos internacionais sua principal frente de atuação (85% do share), sentiu a chegada da crise antes do primeiro caso de covid-19 ser registrado no Brasil, devido a cancelamentos prévios de Ásia e principalmente Europa. “Quando vimos a situação da Itália, sentimos o baque e rapidamente nos reorganizamos. Começamos cuidando dos passageiros com viagens contratadas, fazendo remanejamentos. Concomitantemente, renegociamos nossos custos falando com os provedores. Logo na sequência, teletrabalho, redução de jornada e redução de salários, tudo conforme previsto pelas leis”, afirma Barbosa.
Ainda assim, a Flot desligou 40% de seu quadro de funcionários. “Essa foi a parte mais difícil. Lá por abril percebemos que a situação seria maior do que imaginávamos e tivemos de moldar a empresa já com a definição de que a retomada dos negócios será apenas em 2021”, lamenta o presidente da Flot.
PRATELEIRA REMODELADA
Tendo o internacional como carro-chefe, a Flot se viu obrigada a trabalhar com o doméstico em 1999, ano em que dólar indexado subiu no segundo semestre, inclusive provocando quebras. Depois de 2004 o inter voltou a protagonizar. Os destinos brasileiros voltaram com mais volume na operadora há dois anos, quando, segundo Barbosa, os clientes pediam uma “Flot completa”.
“Reinvestimos forte no nacional por volta de 2018, e foi uma coincidência feliz, visto que agora acreditamos no doméstico como condutor da operadora nos próximos dois ou três anos”, afirma, deixando claro que o nome disso não é sorte, e sim trabalho. “Nossa relação próxima com o agente de viagens é que resulta nessas transformações de prateleira. Nosso departamento comercial já vem trazendo essas oportunidades há dois anos e nossa equipe abraçou. Hoje a Flot tem uma boa prateleira doméstica.”

MINI VANS NA EUROPA
A Flot espera fazer o doméstico responder por 40% neste ano. Para não perder o internacional de vista, a empresa está readaptando um deu seus principais chamarizes na Europa, que são os circuitos em ônibus.
“Fizemos roteiros com vans. Assim facilitamos o ingresso de pequenos grupos, para se viajar apenas entre famílias e pessoas conhecidas. Conforto maior, menos aglomerações e personalização de circuitos. Perfeito para viagens entre seis e oito pessoas. Já temos programação que vai até o final de 2021, com saídas fixas, nas mesmas datas que sairiam os ônibus. Acreditamos muito nesse produto.”
