Varejo paulista fecha 2021 com alta de 10,2%
O pagamento do auxílio emergencial e os aumentos do crédito e do emprego formal explicam o desempenho
Em 2021, o varejo paulista cresceu 10,2%, segundo dados da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PCCV), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A análise também destaca o crescimento superior ao patamar alcançado em 2019, quando o setor avançou 6,1%. Para a federação, uma combinação de circunstâncias conjunturais explica o bom desempenho e o resultado superior em comparação ao ano pré-pandemia – dentre eles, o pagamento do auxílio emergencial e os aumentos do crédito e do emprego formal.
No ano passado, houve criação de cerca de 1 milhão de novos postos de trabalho formais, enquanto as concessões de crédito foram alavancadas graças à melhoria da empregabilidade – o que foi constatado pelos indicadores de endividamento em São Paulo, que atingiram níveis recordes. Além disso, ocorreu a flexibilização quase plena do horário para funcionamento das lojas e o pagamento, ainda que em menor escala, do auxílio emergencial, representando um importante reforço na renda destinada ao consumo.
Estas diferenças conjunturais explicam o melhor desempenho em relação a 2019. A melhora do emprego formal, o pagamento do auxílio e o crescimento do crédito (mais de 5% em comparação a 2019, e 11% ante 2020) fizeram com que a renda fosse superior ao do ano pré-pandemia. Somados a este cenário, estão os estímulos para recuperação da demanda reprimida, e a injeção de recursos governamentais, ainda que moderados. Para a FecomercioSP, contudo, a característica mais relevante do resultado do ano passado foi a reação dos setores mais impactados pelas contingências impostas ao controle da pandemia.
O segmento de vestuário apresentou queda de 78% em abril de 2020, chegando ao fim do ano com retração de mais de 20% de participação no varejo. Entretanto, quando as condições sanitárias permitiram, esta demanda reprimida ao longo de um ano de consumo (destinado apenas a bens essenciais) acarretou uma rápida recomposição da aquisição de roupas e calçados. Este movimento explica o desempenho do setor, que cresceu 18,1%, ficando atrás apenas de autopeças e acessórios (18,2%) e materiais de construção (22,4%) – este último beneficiado pelo home office e pelas reformas adiadas no passado, que puderam ser realizadas em razão de menos gastos com turismo, lazer e refeições fora do lar.
O segmento de materiais de construção apresentou as maiores taxas positivas de vendas em 2020 – com 20% de expansão – e voltou a registrar novo crescimento substancial em 2021, também por causa do aquecimento no mercado imobiliário, criando a necessidade de reformas e adaptações típicas de mudança de domicílio pelas famílias. O grande mérito do setor foi conseguir manter um nível de estoque adequado para atender à demanda aquecida, ao mesmo tempo que aprimorou os canais alternativos de vendas e de entregas.
SETORES QUE DESACELERARAM
No sentido inverso seguiram os setores de eletrodomésticos e eletrônicos (-4,5%) e os supermercados (1,4%), cujos desempenhos arrefeceram após forte crescimento em 2020. No primeiro caso, a desaceleração está relacionada à característica cíclica do setor (como é típico de setores que comercializam bens duráveis).
Eletrodomésticos e eletrônicos conseguiram expandir as vendas em quase 6% em 2020, taxa superior à média anual de crescimento registrada nos anos entre 2016 e 2019, que foi de apenas 2,8%. Contudo, apesar de ter crescido, só no primeiro ano da pandemia, o dobro das taxas anuais dos último quatro – após um período de recomposição do patrimônio doméstico –, o normal é que se registre um arrefecimento do movimento.
O setor de supermercados alavancou suas vendas em 2020, muito em decorrência das circunstâncias da crise sanitária. Portanto, a sua desaceleração é um movimento natural de retorno aos padrões históricos. Isto é, no ano passado, o consumo se distribuiu de maneira homogênea, com recomposição da aquisição de bens com demanda fortemente reprimida. O que também contribuiu para esse desempenho mais discreto, no entanto, foi o aumento da inflação, que atingiu de forma mais intensa os produtos alimentícios.
No ano passado, houve criação de cerca de 1 milhão de novos postos de trabalho formais, enquanto as concessões de crédito foram alavancadas graças à melhoria da empregabilidade – o que foi constatado pelos indicadores de endividamento em São Paulo, que atingiram níveis recordes. Além disso, ocorreu a flexibilização quase plena do horário para funcionamento das lojas e o pagamento, ainda que em menor escala, do auxílio emergencial, representando um importante reforço na renda destinada ao consumo.
Estas diferenças conjunturais explicam o melhor desempenho em relação a 2019. A melhora do emprego formal, o pagamento do auxílio e o crescimento do crédito (mais de 5% em comparação a 2019, e 11% ante 2020) fizeram com que a renda fosse superior ao do ano pré-pandemia. Somados a este cenário, estão os estímulos para recuperação da demanda reprimida, e a injeção de recursos governamentais, ainda que moderados. Para a FecomercioSP, contudo, a característica mais relevante do resultado do ano passado foi a reação dos setores mais impactados pelas contingências impostas ao controle da pandemia.
O segmento de vestuário apresentou queda de 78% em abril de 2020, chegando ao fim do ano com retração de mais de 20% de participação no varejo. Entretanto, quando as condições sanitárias permitiram, esta demanda reprimida ao longo de um ano de consumo (destinado apenas a bens essenciais) acarretou uma rápida recomposição da aquisição de roupas e calçados. Este movimento explica o desempenho do setor, que cresceu 18,1%, ficando atrás apenas de autopeças e acessórios (18,2%) e materiais de construção (22,4%) – este último beneficiado pelo home office e pelas reformas adiadas no passado, que puderam ser realizadas em razão de menos gastos com turismo, lazer e refeições fora do lar.
O segmento de materiais de construção apresentou as maiores taxas positivas de vendas em 2020 – com 20% de expansão – e voltou a registrar novo crescimento substancial em 2021, também por causa do aquecimento no mercado imobiliário, criando a necessidade de reformas e adaptações típicas de mudança de domicílio pelas famílias. O grande mérito do setor foi conseguir manter um nível de estoque adequado para atender à demanda aquecida, ao mesmo tempo que aprimorou os canais alternativos de vendas e de entregas.
SETORES QUE DESACELERARAM
No sentido inverso seguiram os setores de eletrodomésticos e eletrônicos (-4,5%) e os supermercados (1,4%), cujos desempenhos arrefeceram após forte crescimento em 2020. No primeiro caso, a desaceleração está relacionada à característica cíclica do setor (como é típico de setores que comercializam bens duráveis).
Eletrodomésticos e eletrônicos conseguiram expandir as vendas em quase 6% em 2020, taxa superior à média anual de crescimento registrada nos anos entre 2016 e 2019, que foi de apenas 2,8%. Contudo, apesar de ter crescido, só no primeiro ano da pandemia, o dobro das taxas anuais dos último quatro – após um período de recomposição do patrimônio doméstico –, o normal é que se registre um arrefecimento do movimento.
O setor de supermercados alavancou suas vendas em 2020, muito em decorrência das circunstâncias da crise sanitária. Portanto, a sua desaceleração é um movimento natural de retorno aos padrões históricos. Isto é, no ano passado, o consumo se distribuiu de maneira homogênea, com recomposição da aquisição de bens com demanda fortemente reprimida. O que também contribuiu para esse desempenho mais discreto, no entanto, foi o aumento da inflação, que atingiu de forma mais intensa os produtos alimentícios.