Carnaval de 2022 deve movimentar 33,7% menos em serviços
Retorno do feriado e de pontos facultativos pode gerar aumento de 21,5% nas receitas, em relação a 2021
O carnaval em 2022 deve ter uma movimentação financeira de R$ 6,45 bilhões, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar do volume de receitas ser 21,5% maior do que o registrado em 2021, quando as celebrações também foram suspensas, ainda está 33,7% inferior ao observado no carnaval de 2020, realizado antes da pandemia ser decretada.
Enquanto, no ano passado, 20 governos estaduais optaram pelo cancelamento do feriado e dos pontos facultativos, este ano, 11 das 26 capitais já confirmaram que manterão o calendário. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que, apesar de o carnaval não ser feriado nacional, é o principal evento da agenda do Turismo brasileiro. "Independentemente das festas que, em sua maioria, foram adiadas ou canceladas neste ano, a decretação de feriado ou ponto facultativo, em níveis regionais, acaba movimentando o setor de forma significativa", disse.
De acordo com a Confederação, a expectativa para o período é que, mesmo sujeito a restrições, o segmento de alimentação fora do domicílio, representado por bares e restaurantes, movimente R$ 2,78 bilhões, seguido pelas empresas de transporte de passageiros rodoviário (R$ 1,55 bilhões) e pelos serviços de hospedagem em hotéis e pousadas (R$ 0,66 bilhões), cuja receita é parcialmente gerada de forma antecipada. Juntos, os três segmentos responderão por mais de 84% de todo o volume financeiro produzido na data.
Recuperação gradual
O economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, avalia que a desaceleração da pandemia e a queda do isolamento social ao longo de 2021 viabilizaram a retomada gradual da atividade econômica no Turismo e que, após a segunda onda da doença, o volume de receitas do setor chegou a acumular alta de 57,5%, segundo o Índice de Atividades Turísticas, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Entretanto, os impactos adversos decorrentes da deterioração das condições econômicas e, principalmente, da chegada da variante Ômicron passaram a limitar o ritmo de recuperação do segmento no fim do ano passado", observa.
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, os preços dos bens e serviços mais demandados durante o carnaval registraram oscilação média de +8,6%, situando-se, portanto, abaixo da inflação média no período (+11,1%). A CNC projeta variação de 9,8% nos preços médios desses bens ou serviços. Devem se destacar as altas nos preços das passagens aéreas, cerca de 23,4%, carnes (+12,95) e bebidas para consumo no domicílio (+12,8%).
Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, apesar de ser um período de maior procura, a tendência é que os preços tenham uma variação inferior à prévia da inflação oficial, por conta do panorama incomum. “No carnaval de 2021, o preço médio da hospedagem recuou 8,9% em relação ao carnaval anterior. Já em 2022, apesar da recuperação parcial do Turismo, o preço médio deve subir 5,9%. Ou seja, os meios de hospedagem seguem mais baratos que no carnaval de 2020. Isso mostra que o setor tem se esforçado para manter os preços mais baixos, apesar da inflação, para atrair o turista”, afirma Sampaio.