Fecomercio-SP lança proposta para mudar sistema tributário
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo propõe medidas com o objetivo de simplificar o sistema tributário brasileiro
A Fecomercio-SP, por meio do Conselho Superior de Direito e do Conselho de Assuntos Tributários (CAT), lançou uma proposta com 12 anteprojetos de lei com o objetivo de simplificar o sistema tributário brasileiro. Os textos foram elaborados pelo jurista Ives Gandra Martins e pelo ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel como alternativas à Reforma Tributária.
Como a maioria das propostas prevê alterar o sistema tributário por meio de lei complementar e lei ordinária, dispensa alteração constitucional que exige quórum qualificado, o que dificulta a tramitação e aprovação.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo reforça que as simplificações de obrigações acessórias, de emissão de documentos fiscais e do relacionamento com os fiscos “são mais urgentes que a própria Reforma Tributária, para que se consiga ampliar investimentos, atrair empresas e aquecer a economia brasileira”.
Para o presidente do CAT, Márcio Olívio, o sistema tributário brasileiro atual prejudica o desenvolvimento empresarial e a criação de novos empregos. “Por isso, a simplificação de obrigações acessórias, de emissão de documentos fiscais e do relacionamento com os fiscos é mais urgente que a própria Reforma Tributária, para que se consiga ampliar investimentos, atrair empresas e aquecer a economia brasileira”, afirma.
Já o presidente do Conselho Superior de Direito, o jurista Ives Gandra Martins, explica que todas as propostas de Reforma Tributária são ótimas do ponto de vista acadêmico, mas de difícil aprovação junto aos estados brasileiros, que não querem abrir mão de receita.
Conheça os 12 anteprojetos da Fecomercio-SP:
1 - Compensação universal de tributos
No âmbito de cada ente federativo (União, Estados e municípios), será possível a compensação tributária, inclusive a contribuição patronal previdenciária. A medida é objetiva e de justiça social, pois se o contribuinte deve ao Estado, tem a obrigação de pagar e vice-versa, mas tal pagamento merece ser de forma ágil, breve e eficaz.
2 - Equivalência entre os encargos aplicáveis às restituições e aos ressarcimentos
A proposta altera o CTN e busca estabelecer a igualdade tributária, prevendo a obrigatoriedade recíproca para a cobrança de tributos e o seu ressarcimento. O anteprojeto não define o cálculo que deve ser utilizado, mas destaca que deve ser o mesmo usado para o Fisco e pelo contribuinte no momento do pagamento.
3 - Imputação de responsabilidade tributária
A proposta pretende criar regras sobre a imputação de responsabilidade, sem alterar as hipóteses de responsabilidade existentes no CTN. A medida quer assegurar os direitos do contribuinte ao contraditório, à ampla defesa e à lealdade processual.
4 - Critérios para retenção em malha
Pretende a obrigação de o Fisco informar previamente à declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) os critérios para a retenção em malha. É proposto que seja acrescido ao art. 45-A do CTN a obrigatoriedade de a autoridade tributária disponibilizar as regras e instruções para a declaração de ajuste do IRPF, com os critérios que serão utilizados para o exame das declarações que poderão resultar na retenção em malha.
5 - Prazo máximo para solução de consultas
A legislação tributária confere ao contribuinte a possibilidade de formular consulta a fim de tirar dúvidas ou buscar esclarecimento sobre o pagamento dos impostos. A resposta a essa consulta deve ser em prazo razoável, pois a demora na solução da consulta do contribuinte pode ensejar o pagamento do tributo indevido ou incorreto.
6 - Justificação para a ineficácia de consultas e regulamentação do procedimento de consulta no caso de perda de prazo
Pretende inserir no PAF (Decreto n.º 70.235/72) dispositivos que estabeleçam como proceder no caso de perda de prazo do Fisco quando da solução de consulta tributária.
7 - Justa causa e mandado específico nos procedimentos de fiscalização
Propõe o acréscimo do artigo 123-A do CTN para que o mandado de fiscalização (documento que instaura a fiscalização) tenha as seguintes informações: o objeto preciso da fiscalização, o período a que ela se refere, a indicação da autoridade tributária que determinou a fiscalização e o modo pelo qual a legitimidade do mandado poderá ser verificada. É proposto que a fiscalização tenha início após 48 horas da apresentação do mandado fiscal ao contribuinte.
8 - Limita a instituição de obrigações acessórias
Pretende assegurar a estabilidade normativa e a previsibilidade da ação estatal. Sendo assim, propõe que seja incluído no CTN que as obrigações acessórias somente sejam instituídas até 30 de junho do ano anterior.
9 - Vedação da utilização de certidão negativa como sanção política
A proposta é acrescentar ao art. 208-A do CTN que a certidão negativa de débitos fiscais não impeça que o contribuinte participe de processo licitatório aberto pelo credor.
10 - Unificação cadastral
A unificação cadastral da União, de Estados, do Distrito Federal e de municípios é antiga e justa reivindicação dos contribuintes. A medida significaria mais agilidade no desempenho das funções fiscalizatórias e, ao mesmo tempo, menos burocracia ao contribuinte. A proposta é inserir essa obrigatoriedade no CTN.
11 - Fixar sanções ao ente federado que não consolidar anualmente sua legislação tributária
Com alteração do CTN, a federação afirma que é importante que seja fixada sanção aos Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios caso não editem decreto até o dia 31 de janeiro de cada ano com a consolidação da legislação tributária de sua competência. Esse anteprojeto estabelece que o descumprimento de tal obrigação seja tipificado como crime de improbidade administrativa, por omissão.
12 - Vedação do uso de medidas provisórias em matéria tributária e a instituição do princípio da anterioridade plena
Única proposta que requer alteração constitucional para garantir que nenhuma matéria tributária possa ser tratada via medida provisória e que seja instituída a anterioridade plena, para que apenas seja possível instituir ou majorar tributo se aprovado até 30 de junho do exercício anterior (junto com o orçamento).