Com reunião, WTTC pretende marcar abertura da Arábia Saudita ao mundo
Um dos países mais fechados do mundo será palco do 22º Global Summit da entidade de Turismo
De 28 de novembro a 1º de dezembro, a próxima e 22ª edição do WTTC Global Summit, principal evento anual do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) será histórica. A começar pelo local onde o encontro será realizado: na Arábia Saudita, que está em um momento de abertura para o Turismo iniciado em 2019 e com planos ousados para 2030. Depois porque a previsão é de que este summit seja o maior da história do WTTC, com números superiores a três mil participantes, 60 governos, 50 CEOs de grandes organizações de palestrantes, entre outros fatores.
Quem assim avalia é a vice-presidente sênior comercial e de Eventos do órgão, Maribel Rodriguez. Em entrevista ao Portal PANROTAS, a executiva demonstrou toda sua satisfação e altas perspectivas com o evento em Riade, capital da Arábia Saudita. "O momento é perfeito. Temos um país ansioso em se exibir para a indústria de Turismo global, um país que tomou uma decisão muito importante em 2019, de abrir as portas ao mundo, como uma maneira de depender do petróleo. O WTTC pretende ser parte dessa mudança, assessorar, explicar a indústria, colocar a Arábia Saudita no mapa", afirma a especialista.
Se tiver o impacto sentido pelas Filipinas, a Arábia Saudita pode considerar grandes ganhos. Na última edição do evento, o país asiático marcou a reabertura de suas fronteiras após fechamento devido à pandemia. Para que pudessem levar turistas para lá, teve de traçar diferentes estratégias com investidores, hotéis, grandes empresas, mídia e turistas. Líderes globais vão aos eventos do WTTC e ficam no destino, têm reuniões privadas com os governos e operadoras locais e permanecem também para fazer seus próprios negócios. Daí a oportunidade para um país que, em termos de Turismo, está "começando do zero".
"Para a Arábia Saudita é uma oportunidade incrível, pois há um interesse global no Turismo do país. Quantos hotéis abrirão, companhias aéreas buscarão novas rotas, cruzeiros, receptivos, operadoras... quantos stakeholders podem prosperar em um país que até então era tão fechado para visitantes internacionais?", pondera Maribel Rodriguez. "Nosso papel é colocar no mapa países que querem ser turístico, e vamos ajudar."
PARTICIPAÇÃO FEMININA NO TURISMO DA ARÁBIA SAUDITA
Confrontada sobre a segurança, os direitos e o bem-estar da mulher em um dos países mais restritos do mundo com o gênero, Maribel garante que esta página está sendo virada. "Cada vez que vou à Arábia Saudita para planejar o summit, vejo uma mudança incrível no país. Além de eu ser tratada com máximo respeito, a consultora sênior de Turismo saudita é mulher (a mexicana Gloria Guevara, ex-presidente do WTTC), tal como a vice-ministra da pasta, a Princesa Haifa", assegura. "É um país jovem. Quase 70% da população tem menos de 35 anos, e essas pessoas estão com muita vontade de ser vistas. São digitais, modernos, e queremos trabalhar para assessorar tanto talento."
TEMAS CENTRAIS DO 22º WTTC GLOBAL SUMMIT
Em termos de conteúdo, falar sobre novas tendências será o que permeará o 22º WTTC Global Summit. "Abordamos a agenda do setor privado e público e isso envolve principalmente sustentabilidade, tecnologia e reflexões. É importante destacar que como organização líder no Turismo, queremos fazer e não apenas falar. Queremos ter papel decisivo em assegurar o crescimento sustentável de um indústria que é responsável por um em cada dez dólares movimentados no planeta", afirma Maribel.
Questionada sobre se o tema da covid-19 será secundário nesta próxima edição, vice-presidente diz que "as crises são parte do Turismo, como a crise energética, climática, entre outras, mas a indústria é muito resiliente".
"A pandemia está aí, não dá para fugir, mas fizemos nossa parte, evoluímos, criamos protocolos, ajudamos setores público e privado. O importante é termos planos estratégicos, os planos adequados, para sermos capazes de solucionar", acrescenta Maribel.
PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NO WTTC GLOBAL SUMMIT NA ARÁBIA SAUDITA
Quem espera uma participação um pouco mais ativa do Brasil neste summit, após fracasso na última edição, vai ficar na saudade. Ex-Sabre e Ancoradouro, Luiz Ambar é o embaixador do WTTC no País há um ano e não tem grandes notícias para dar.
"Nossa participação é frustrante. Eu percebo que a América Latina e especialmente o Brasil não se despertaram pela importância que o WTTC tem na construção de políticas para o Turismo de forma global. Esse é o nosso grande desafio. Engajar a indústria como um todo. Infelizmente os players e o próprio governo não perceberam a importância de ter maior atividade com a entidade", afirma ele.
Ambar vê participantes importantes na indústria de Turismo brasileiro e na esfera governamental que poderiam doar e receber do WTTC. Ele destaca, nessa lista, as principais companhias aéreas que atuam no País, além de destinos de lazer. "O mundo se encontra no WTTC, mas os nossos líderes ainda não entenderam, não vislumbraram os benefícios que eles poderiam tirar disso", lamenta.
O executivo brasileiro revela conversas com grandes empresas como BeFly e CVC Corp para tentar atrai-las ao último summit, mas diz que as negativas vieram por conflitos de agenda e distância. "Foi uma edição mais complicada em termos de logística, pois o evento foi nas Filipinas, em uma distância geográfica bem relevante, e o Turismo daqui vivia um momento de retomada muito importante", afirma Ambar, também sem grandes perspectivas para a próxima edição. "Temos de planejar alguma presença importante do Brasil no próximo evento que estiver mais perto da região e tentar influir um grande número de profissionais, mesmo que participem como convidados."
A PANROTAS é media partner do WTTC.