Turismo em excesso – parte 3: além dos grandes destinos
O terceiro capítulo da série especial traz exemplos de medidas adotadas por destinos brasileiros, como Jijoca de Jericoacoara (CE) e Fernando de Noronha (PE)
A primeira e a segunda partes do especial de overtourism apresentaram informações referentes ao mercado internacional, com enfoque em destinos clássicos como Veneza (Itália) e Barcelona (Espanha). Mas o Turismo excessivo não é problema apenas dos grandes destinos mundiais. Apenas 20 turistas adicionais em uma pequena comunidade rural pode ser um caso de overtourism.
Prova disso é a Ilha de Skye, na Escócia, que de tanto receber turistas vê suas estradas e pontes começarem a sofrer erosão, sem contar a quantidade de carros de turistas que se aglomeram no local, gerando temores de que os engarrafamentos impeçam as equipes de resgate de atingirem a tempo pontos importantes no destino.
O aumento na visitação local foi fortemente influenciado por filmes como Rei Arthur: A Lenda da Espada e Transformers: O Último Cavaleiro, que usaram a ilha como cenário.
Já foi sugerido que o destino comece a cobrar taxa de visitação, mas o governo escocês é contra e a questão está em discussão.
Taxas de visitação que já foram adotadas por diversos destinos no Brasil, como Bonito (MS), Fernando de Noronha (PE) e Jericoacoara (CE), que se deram conta de que o overtourism prejudica suas características naturais.
“Implantamos, em 21 de setembro do ano passado, a Taxa de Turismo Sustentável (TTS) no valor de R$ 5 por dia por turista. O valor arrecadado é investido 100% no município. Além disso, criamos a Comissão Gestora da Taxa do Turismo Sustentável (Cogetur), responsável por receber, analisar e aprovar ou reprovar os projetos que serão realizados no município com a taxa. São 14 instituições envolvidas, sendo sete da sociedade civil e sete da administração pública”, conta o secretário municipal de Turismo de Jijoca de Jericoacoara, Ricardo Gusso.
LEIA AS DEMAIS EDIÇÕES ABAIXO
TURISMO EM EXCESSO - PARTE 1: DEUS ME LIVRE OU QUEM ME DERA?
TURISMO EM EXCESSO - PARTE 2: CIDADES PODEM PERDER 'PATRIMÔNIO'
TURISMO EM EXCESSO - PARTE 4: O PAPEL DAS AGÊNCIAS E OPERADORAS
Na opinião dele, a abertura para o Turismo de massa foi a ruína de muitas cidades. E Jeri ganhou, desde o ano passado, voos diretos de São Paulo com a Gol e a Azul e, o mais temido de todos, pelo volume, da operadora CVC.
“Destinos de charme acabaram se afundando ao abrir as portas para grandes quantidades de turistas, e o que parecia ser a melhor opção naquele momento se transformou em uma verdadeira tragédia, fazendo com que o visitante fuja do local e procure novos destinos. Jericoacoara não combina – e nunca combinará – com o Turismo de massa”, comenta. Alguém lembrou de Porto Seguro?
Gusso ressalta que é preciso identificar urgentemente a capacidade de suporte do aquífero e de carga do destino, ou seja, o limite máximo de utilização sem que sejam causados efeitos adversos sobre os recursos naturais e culturais nem a redução da satisfação dos turistas ou impactos negativos sobre a economia, sociedade e território. Para ele, cada destino possui suas principais características, e elas nunca devem ser abandonadas.
“É necessário adotar medidas que valorizem e protejam o meio ambiente e a cultura local, sem perder a essência e o charme do destino”, conclui o secretário municipal de Turismo de Jeri, um dos locais brasileiros que apresentaram maior procura de turistas nos últimos meses, entrando no radar de grande quantidade de viajantes após o início dos novos voos.
O EXEMPLO DE NORONHA
Fernando de Noronha é outro destino que está conseguindo preservar seus principais atributos por meio de um conjunto de medidas adotadas pelo governo de Pernambuco. “O controle é feito pelo monitoramento do ingresso de pessoas por meio do controle migratório, que atua no aeroporto e no porto, sendo este último no caso de ancoragem de navios de cruzeiros”, conta a superintendente de Turismo, Cultura e Esportes de Fernando de Noronha, Manuela Fay.
Além dessa medida, o Plano de Manejo do Arquipélago de Fernando de Noronha - aprovado em junho do ano passado - estipula que o limite diário médio de turistas com acesso ao destino, por via aérea, é de 246 visitantes.
“Para tal, a autorização é limitada ao máximo de três voos comerciais regulares para a ilha por dia, respeitando o limite diário máximo de 340 passageiros. Além dos voos diários regulares, é permitido autorizar até três voos por semana, com um máximo 120 passageiros cada, podendo ser regular, extra e/ou charter”, conta Manuela.
Ela explica que Fernando de Noronha não oferece serviços receptivos e, tampouco, capacidade de carga em seus atrativos para o Turismo de massa.
“Acreditamos que temos um bom modelo de atuação para conter o overtourism e que ele sempre pode ser aprimorado. Quanto mais destinos optarem por medidas similares, melhores soluções serão adotadas. Deste modo, juntos, iremos contribuir para a sustentabilidade de bens tão preciosos como Fernando de Noronha para as gerações futuras e toda a humanidade”, finaliza Manuela.
Vale lembrar que Noronha já chegou a receber navios de cruzeiros com a CVC, mas a medida foi vetada posteriormente pelas autoridades, por conta do número excessivo de visitantes chegando na ilha ao mesmo tempo.
Prova disso é a Ilha de Skye, na Escócia, que de tanto receber turistas vê suas estradas e pontes começarem a sofrer erosão, sem contar a quantidade de carros de turistas que se aglomeram no local, gerando temores de que os engarrafamentos impeçam as equipes de resgate de atingirem a tempo pontos importantes no destino.
O aumento na visitação local foi fortemente influenciado por filmes como Rei Arthur: A Lenda da Espada e Transformers: O Último Cavaleiro, que usaram a ilha como cenário.
Já foi sugerido que o destino comece a cobrar taxa de visitação, mas o governo escocês é contra e a questão está em discussão.
Taxas de visitação que já foram adotadas por diversos destinos no Brasil, como Bonito (MS), Fernando de Noronha (PE) e Jericoacoara (CE), que se deram conta de que o overtourism prejudica suas características naturais.
“Implantamos, em 21 de setembro do ano passado, a Taxa de Turismo Sustentável (TTS) no valor de R$ 5 por dia por turista. O valor arrecadado é investido 100% no município. Além disso, criamos a Comissão Gestora da Taxa do Turismo Sustentável (Cogetur), responsável por receber, analisar e aprovar ou reprovar os projetos que serão realizados no município com a taxa. São 14 instituições envolvidas, sendo sete da sociedade civil e sete da administração pública”, conta o secretário municipal de Turismo de Jijoca de Jericoacoara, Ricardo Gusso.
LEIA AS DEMAIS EDIÇÕES ABAIXO
TURISMO EM EXCESSO - PARTE 1: DEUS ME LIVRE OU QUEM ME DERA?
TURISMO EM EXCESSO - PARTE 2: CIDADES PODEM PERDER 'PATRIMÔNIO'
TURISMO EM EXCESSO - PARTE 4: O PAPEL DAS AGÊNCIAS E OPERADORAS
Na opinião dele, a abertura para o Turismo de massa foi a ruína de muitas cidades. E Jeri ganhou, desde o ano passado, voos diretos de São Paulo com a Gol e a Azul e, o mais temido de todos, pelo volume, da operadora CVC.
“Destinos de charme acabaram se afundando ao abrir as portas para grandes quantidades de turistas, e o que parecia ser a melhor opção naquele momento se transformou em uma verdadeira tragédia, fazendo com que o visitante fuja do local e procure novos destinos. Jericoacoara não combina – e nunca combinará – com o Turismo de massa”, comenta. Alguém lembrou de Porto Seguro?
Gusso ressalta que é preciso identificar urgentemente a capacidade de suporte do aquífero e de carga do destino, ou seja, o limite máximo de utilização sem que sejam causados efeitos adversos sobre os recursos naturais e culturais nem a redução da satisfação dos turistas ou impactos negativos sobre a economia, sociedade e território. Para ele, cada destino possui suas principais características, e elas nunca devem ser abandonadas.
“É necessário adotar medidas que valorizem e protejam o meio ambiente e a cultura local, sem perder a essência e o charme do destino”, conclui o secretário municipal de Turismo de Jeri, um dos locais brasileiros que apresentaram maior procura de turistas nos últimos meses, entrando no radar de grande quantidade de viajantes após o início dos novos voos.
O EXEMPLO DE NORONHA
Fernando de Noronha é outro destino que está conseguindo preservar seus principais atributos por meio de um conjunto de medidas adotadas pelo governo de Pernambuco. “O controle é feito pelo monitoramento do ingresso de pessoas por meio do controle migratório, que atua no aeroporto e no porto, sendo este último no caso de ancoragem de navios de cruzeiros”, conta a superintendente de Turismo, Cultura e Esportes de Fernando de Noronha, Manuela Fay.
Além dessa medida, o Plano de Manejo do Arquipélago de Fernando de Noronha - aprovado em junho do ano passado - estipula que o limite diário médio de turistas com acesso ao destino, por via aérea, é de 246 visitantes.
“Para tal, a autorização é limitada ao máximo de três voos comerciais regulares para a ilha por dia, respeitando o limite diário máximo de 340 passageiros. Além dos voos diários regulares, é permitido autorizar até três voos por semana, com um máximo 120 passageiros cada, podendo ser regular, extra e/ou charter”, conta Manuela.
Ela explica que Fernando de Noronha não oferece serviços receptivos e, tampouco, capacidade de carga em seus atrativos para o Turismo de massa.
“Acreditamos que temos um bom modelo de atuação para conter o overtourism e que ele sempre pode ser aprimorado. Quanto mais destinos optarem por medidas similares, melhores soluções serão adotadas. Deste modo, juntos, iremos contribuir para a sustentabilidade de bens tão preciosos como Fernando de Noronha para as gerações futuras e toda a humanidade”, finaliza Manuela.
Vale lembrar que Noronha já chegou a receber navios de cruzeiros com a CVC, mas a medida foi vetada posteriormente pelas autoridades, por conta do número excessivo de visitantes chegando na ilha ao mesmo tempo.