Temporada de cruzeiros 22/23 injetou R$ 5,1 bi na economia brasileira
Entre outubro e abril, nove navios receberam cerca de 802 mil passageiros na costa brasileira
BRASÍLIA (DF) – Cada R$ 1 investido no setor de cruzeiros movimentou R$ 4,05 na economia nacional. É o que mostra o Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil – Temporada 2022/2023, produzido em parceria entre a Clia Brasil e a FGV (Fundação Getúlio Vargas), e lançado hoje (30) durante o 5º Fórum Clia Brasil 2023, em Brasília. A pesquisa traz dados inéditos do setor no Brasil e no mundo, além de traçar a interferência do cenário da economia nacional e internacional no comportamento do turista.
Consolidada como a maior dos últimos dez anos, a temporada 2022/2023, segundo avaliam os pesquisadores, mostra a força do segmento, apresentando recordes que vão desde o número de cruzeiristas (desde 2011/2012), passando pelos avanços na eficiência dos navios, pelos múltiplos roteiros que possibilitaram que mais pessoas embarcassem e conhecessem mais destinos, e chegando à ampliação do impacto econômico e elevação do número de empregos gerados.
De outubro do ano passado até abril deste ano, nove navios percorreram 17 destinos dentro do Brasil. Nesta temporada, houve expressivo aumento do número de viajantes quando comparada à anterior (2021/2022), superando 802,7 mil cruzeiristas, resultado muito superior, inclusive, a 2019/2020, antes da pandemia.
A temporada 2022/2023 de cruzeiros marítimos também registrou aumento significativo na movimentação econômica, injetando R$ 5,1 bilhões na economia brasileira. Esse número engloba tanto os gastos diretos, indiretos e induzidos das companhias marítimas, quanto os gastos de passageiros e tripulantes. Além disso, o setor gerou R$ 546,2 milhões em tributos, nas esferas federal, estadual e municipal (esse índice ficou em R$ 213 milhões na temporada anterior).
Vale ressaltar que o impacto econômico apontado pelo estudo engloba o que é gerado pelas armadoras, de aproximadamente R$ 3 bilhões. Aqui, os gastos com combustíveis são os mais significativos entre as despesas realizadas. Já o impacto gerado pelos gastos dos viajantes e tripulantes nas cidades e portos de embarque/desembarque e trânsito foi de R$ 2,1 bilhões, seis vezes maior que o gerado na temporada anterior. Além do maior número de navios, o aumento da eficiência (quantidade média de cruzeiristas por navio) também foi significativamente superior.
Os setores mais beneficiados com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes (sem contar as armadoras) foram:
- alimentos e bebidas (R$ 631,4 milhões);
- comércio varejista – despesa com compras e presentes – (R$ 618,4 milhões);
- transporte durante a viagem (R$ 508,9 milhões);
- transporte antes e/ou após a viagem (R$ 325,3 milhões);
- passeios turísticos (R$ 260 milhões);
- hospedagem antes ou após a viagem de cruzeiro (R$ 93,8 milhões).
Dados específicos
O levantamento ainda mostra que o gasto médio por pessoa com a compra da viagem de cruzeiro foi de R$ 5.073,51 e o tempo médio da viagem foi de 4,9 dias. Além disso, o estudo indica que a média de impacto econômico gerada por cada cruzeirista nas cidades de escala foi de R$ 639,37 e de R$ 813,56, nas cidades de embarque e desembarque.
"Mais leitos ofertados, mais cruzeiristas, mais roteiros e maior eficiência dos navios levaram a indústria de cruzeiros no Brasil a alcançar números recordes nesta temporada e mostrar sua força e alta capacidade de retomada", disse o presidente da Clia Brasil, Marco Ferraz.
Próxima temporada
Entretanto, a temporada passada e a próxima são as de maiores custos operacionais de todos os tempos. "O Brasil teve uma rápida recuperação no pós-pandemia, mas uma retomada mais forte de outros países mais competitivos traz um grande risco de perdermos navios futuramente. Por isso, precisamos buscar melhorias em temas como infraestrutura, segurança pública, regulação e desenvolvimento de novos destinos, além de estarmos preparados para receber os novos navios, que são maiores, mais tecnológicos e sustentáveis", explica Ferraz.