Filip Calixto   |   30/08/2023 13:53

Armadoras debatem dores e delícias de trabalhar (ou não) no Brasil

Este foi o tema do primeiro painel do 5º Fórum Clia, realizado nesta quarta-feira (30), em Brasília

PANROTAS / Filip Calixto
O debate com Costa Cruzeiros, MSC, NCL e Royal Caribbean foi o primeiro do dia no Fórum Clia Brasil 2023
O debate com Costa Cruzeiros, MSC, NCL e Royal Caribbean foi o primeiro do dia no Fórum Clia Brasil 2023

BRASÍLIA (DF) - Apostar no Brasil como destino para os seus navios ou não e quais a razões para a resposta, seja lá qual for? Foi essa a pergunta que motivou o primeiro painel de debate do dia no Fórum Clia Brasil 2023. E, para responder, os convidados chamados ao palco foram os principais executivos das seguintes companhias: Costa Cruzeiros, MSC Cruzeiros, Norwegian Cruise Line e Royal Caribbean.

As quatro marcas representadas no debate terão navios passando pelo País na próxima temporada. Somente duas delas, contudo, estão envolvidas na temporada de maneira geral, com navios de cabotagem ficando todo o período por aqui.

Os diretores da dupla de armadoras que estará por aqui foram os primeiros a explicar as razões de permanecer no Brasil e quais os desafios enfrentados. A Costa Cruzeiros, que terá três embarcações na região (Costa Favolosa, Costa Fascinosa e Costa Diadema), foi representada pelo presidente executivo da companhia na região, Dario Rustico. Ele salientou que a região segue sendo importante para a empresa de maneira geral, mas destacou alguns fatores que complicam a operação por aqui.

"O custo de estar no Brasil ainda é um fator 'dificultador' muito importante. Nas contas de hoje, a operação de um navio por aqui é de 40% a 50% mais cara que a operação deste mesmo navio em outras regiões como Caribe e Mediterrâneo", aponta Rustico. Essa diferença de custo está atrelada, segundo ele, aos muitos impostos. "O custo é muito alto, então precisamos trabalhar de maneira estratégica", acrescenta.

Com outros seis navios dedicados à América do Sul a partir do final do ano, cinco deles com embarques do Brasil, a MSC também esteve representada no fórum. O diretor geral da companhia no Brasil, Adrian Ursilli, falou sobre como é trabalhar por aqui e ressaltou a necessidade de se adaptar à realidade econômica do País para atender melhor.

PANROTAS / Filip Calixto
Os representantes de companhias marítimas responderam às perguntas do jornalista André Coutinho, que mediou o painel
Os representantes de companhias marítimas responderam às perguntas do jornalista André Coutinho, que mediou o painel

"Adaptar o produto ao mercado local também gera um custo a mais. Para fazer isso a gente investe em treinamento e capacitação de pessoal, compra de insumos diferentes, excursões de acordo com o público que recebemos e muito mais. É um esforço para revestir o produto de acordo com a região onde estaremos e no Brasil não é diferente", explica Ursilli.

Com essas necessidades específicas atendidas, o executivo da MSC mostra otimismo para o próximo período de navegação e revela que a projeção da empresa é, em 23/24, superar os 500 mil passageiros atendidos na temporada mais recente.

Incertezas prejudicam

Para NCL e Royal Caribbean, que não terão navios de cabotagem na temporada, mas direcionam embarcações em viagens de volta ao mundo, a incerteza das regras e o alto custo são os fatores que as afastam de uma temporada completa por aqui.

A diretora geral da Norwegian Cruise Line para o Brasil, Estela Farina, admite que o custo é o que mais pesa, mas ressalta que esse não é o único entrave para ter aqui um navio por toda a temporada. "O que dificulta é também a estrutura, a burocracia e a insegurança jurídica", elenca a executiva. "É importante lembrar que estamos falando de empresas de administração norte-americana, que não lidam bem com incertezas. Nesse cenário, as constantes mudanças de regra no Brasil afastam", completa.

"Mesmo nos navios de passagem há uma sobretaxa de 25% cobrada dos passageiros em qualquer consumo que for feito durante a passagem pela costa brasileira. Isso não acontece nem mesmo na nossa vizinha Argentina", cita.

Estela porém lembra do aspecto positivo e do que pode motivar uma companhia como a NCL de vir ao Brasil. "Do lado positivo a verdade é que há lugares no Brasil que são objeto de desejo para passageiros de cruzeiros. O Brasil é sim um tremendo destino e está sempre no radar e sob avaliação", afirma.

O regional vice-president, Government Relations Latin America da Royal Caribbean, André Pousada, endossou os argumentos de Estela e sublinhou a insegurança jurídica. "É um obstáculo muito grande", disse.

Segundo Pousada, o risco de surpresas desagradáveis, como novas regras e impostos, precisam ser revistos para atrair companhias como a Royal Caribbean.

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