"O agente tem de entender que Abav é a sua voz, é mais que uma feira"
Presidente da Abav Nacional, Magda Nassar, fala das expectativas e novidades da Abav Expo e da sua importância na conquista dos pleitos dos agentes de viagens
A Abav Expo é a maior feira de Viagens e Turismo da América Latina, de acordo com um levantamento, feito pela entidade organizadora, de números publicados pelos demais eventos da região. “Somos sim a mais importante feira de Turismo, mas a Abav é muito mais que um evento”, alerta a presidente da associação, Magda Nassar.
“A Abav é a voz do agente de viagens, a entidade que luta pelo agenciamento, e que tem na Abav Expo um motivo de encontro e celebração do setor, mas também a forma de manter essa luta o ano todo. Os demais eventos do Turismo são organizados por empresas, que visam ao lucro, que também fomentam uma parte do Turismo, mas seus organizadores não estão toda semana em Brasília lutando pelo Turismo brasileiro”, continua ela, levantando a bandeira de que os agentes precisam retornar às Abavs regionais para ajudar na luta em seus Estados, fortalecer a associação e colaborar com esse trabalho diário da Abav em defesa dos agentes.“Sem a Abav quem vai lutar pelos agentes de viagens? Pelo agenciamento?"
Confira a seguir entrevista exclusiva da presente da Abav, Magda Nassar, que sucedeu Geraldo Rocha e que até dezembro promete encaminhar a entidade para uma gestão focada no associado, com uma feira ainda mais completa e participativa, e com uma agenda em defesa do agente de viagens o ano todo.
PORTAL PANROTAS — Na semana passada, você presidiu a primeira reunião com o Conselho de Presidentes. Como está a relação com eles, já que você assumiu a entidade depois de dois mandatos muito curtos (Carlos Palmeira e Geraldo Rocha)?
MAGDA NASSAR — Estou sendo e fui muito bem recebida por todos os presidentes. Eles têm me apoiado 100% e mostram que entenderam que o momento é de mudar e de estar comprometido com a Abav e seus associados. As próximas eleições regionais, em outubro, e a eleição para a Abav Nacional, a seguir, serão fundamentais para a continuidade da mudança. É preciso ter presidentes cada vez mais comprometidos com a associação, com foco no associado e com transparência na gestão. Hoje os presidentes regionais sabem de tudo o que ocorre na Abav Nacional e participam.
PP — Geralmente quando se fala hoje na Abav lembra-se mais da feira...
MAGDA — O que é um erro de percepção e provavelmente um erro de comunicação nosso. O que a Abav faz por mim? Isso é o que muitos perguntam. Faz muito. Sem a Abav, e a parceria com entidades como a Clia, Abracorp e Braztoa, que estamos toda semana em Brasília, o agente de viagens deixa de ter voz e os problemas macro não são resolvidos.
PP — Poderia dar alguns exemplos práticos?
MAGDA — Na terça-feira passada estivemos em Brasília, nós, a Clia, a Abracorp... A primeira reunião do dia foi na Câmara para tratar do projeto que regulamenta a questão do ISS. Será que todo agente de viagens, associado ou não à Abav, sabe que em São Paulo e em outros municípios, pagamos ISS não sobre nossos ganhos (grosso modo não sobre a comissão) e sim sobre o valor total do pacote? Não é injusto isso? Em São Paulo conseguimos baixar o tributo de 5% para 2% mas isso não nos atende. O agente de viagens não pode pagar sobre toda a venda, pois a maior parte do dinheiro vai pros fornecedores. Pois estamos fazendo lobby pela aprovação do projeto federal que regulamenta isso em todo o País, o que evitaria disputas municipais. Na sequência dessa reunião, tivemos outra sobre compras no governo, para que a isonomia em relação às agências de viagens seja mantida. Depois, na terceira reunião, fomo ao Ministério do Turismo, onde falamos sobre como envolver cada vez mais o agente de viagens nas políticas públicas da pasta, falamos da Medida Provisória que incluirá diversos pleitos do agenciamento e da Abav Expo, onde o MTur estará presente e que é o evento que mantém a Abav o ano inteiro para fazer trabalhos como esse, além de outros, como o Iccabav, por exemplo. Também tivemos reunião sobre a questão das remessas ao Exterior e a taxação do imposto de renda. O acordo fechado com o governo por essas entidades acaba esse ano e se o IRRF for de 25% ou mais sobre essas remessas de pagamento a fornecedores do Exterior, nada menos que 615 mil empregos no Turismo irão acabar. Não faz nosso estilo tirar foto de cada reunião dessa, mas admito que temos de divulgar melhor essas lutas, pois o papel do agente de viagens em seu Estado, falando com os deputados de sua região, pressionando as autoridades a partir de lá, é muito importante. Quando a gente chegar em Brasília e falar da responsabilidade solidária, por exemplo, o deputado ou o ministro já terá ouvido isso lá na sua cidade, no seu Estado. Se não nos unirmos no dia a dia e também na Abav Expo, não seremos fortes.
PP — Então na sua opinião os não associados ou os que deixaram a entidade não quantificam essas lutas?
MAGDA — Talvez por nossa culpa. Como são temas políticos, que envolvem negociações, muitas vezes não divulgamos, mas isso está mudando. Além disso, o cartão Abav, os benefícios regionais, a participação na Abav Expo e nos treinamentos do Iccabav já justificariam a mensalidade paga para ser associado Abav. Não chega a R$ 100. Mas volto a dizer, mais importante que tudo isso é ter alguém lutando por seu interesse em todas as esferas. A Abav é a voz dos agentes de viagens. Uma voz forte e reconhecida em todo o País. A Abav é uma marca muito forte e quando muitos atacam a feira da Abav, tenha certeza que é por interesse próprio, pois são organizadores de eventos privados, que não têm esse compromisso diário de luta pelo agente de viagens. Apesar disso, garanto que teremos um evento lindo, completo, inovador, cheio de momentos especiais, com todo o Brasil e o mundo representados. Com produtos, capacitação, relacionamento... Todo mundo que importa estará lá.
PP — A feira já está 100% vendida?
MAGDA — Está 95% vendida. Não reservada, vendida mesmo. Quando assumi a Abav, em junho, a feira estava 85% reservada, mas apenas 32% vendida. Trouxemos São Paulo como destino anfitrião e o Estado estará em diversos locais do evento, aumentamos a participação do Rio e do Ceará, todos os Estados estarão presentes no espaço do MTur, muitos destinos e companhias aéreas voltaram... Está 95% vendido. Mesmo os Estados Unidos, que não têm um pavilhão ou estande, terá representantes pelo evento, como a Delta junto com a Gol e a Abracorp, a Disney no estande da Clia, o Visit Orlando, a Universal e o Sea World em um treinamento da Trade Tours, entre outros. E com duas semanas de inscrição, já temos mais de cinco mil inscritos.
PP – Então a feira é o meio da Abav ter recursos para essas lutas pelos agentes o ano todo?
MAGDA — Também. É um local de encontros, de fazer negócios, se capacitar, ver as novidades. Para os agentes, é o seu evento. A sua feira. Para a entidade, que não tem fins lucrativos, como outros organizadores de feiras, além de realizar um evento onde o agente de viagens está no centro, é sim uma fonte de recursos para que temas como a responsabilidade solidária, os tributos e as leis que prejudicam o agenciamento continuem sendo acompanhados de perto. O agente de viagens é um elo importante da indústria de Viagens e Turismo e precisa ser ouvido, respeitado, estar presente nas decisões. Sem a Abav, todos os agentes perdem, associados ou não. Quem mais vai defender os agentes em Brasília? Ou mesmo com fornecedores, quando há problemas? Ou se alia a outras entidades em defesa de um bem comum? A Abav faz isso. Mas estamos otimistas com o evento, com as novas eleições, com o engajamento dos presidentes regionais, com as ideias que estão sendo gestadas dentro da Abav pro próximo ano, com a parceria com o MTur e a Embratur, com a imagem que temos em Brasília... Precisamos agora trazer o agente de viagens de volta para sua Abav regional, pois a luta começa com ele. Ou só assistiremos as decisões sendo tomadas e a gente correndo para apagar incêndio. Espero todos vocês na Abav Expo e nas Abavs regionais, a Abav de vocês.