Beatriz Contelli   |   28/06/2023 13:09

Drag queen comanda departamento na Setur-BA; conheça Petra Perón

Ela é coordenadora de Regionalização e Promoção do Turismo LGBTQIAP+ na Secretaria


Arquivo pessoal
Petra Perón na Conferência da Diversidade
Petra Perón na Conferência da Diversidade

Aos que pensam que arte e política não se misturam, a nomeação da drag queen Petra Perón como coordenadora de Regionalização e Promoção do Turismo LGBTQIAP+ na Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur-BA) vem para provar o contrário. Desenvolvido politicamente no centro de movimentos sociais, o ativista Rafael Pedral não imaginava que seu trabalho artístico como drag queen o levaria ao comando de um departamento na Setur-BA.

Recém-chegada ao setor, Petra foi convidada para a missão de mapear, qualificar e promover o Turismo LGBTQIAP+ no Estado. No País que mais mata transexuais e travestis pelo 14° ano seguido, o desafio é levar conscientização para toda a cadeia produtiva e compreender as principais demandas do segmento. Sob a marca “Bahia, destino da diversidade” - a ser divulgada nas principais feiras do País - a Lei do Arco Íris surge como um programa voltado aos meios de hospedagem, transportes e demais estabelecimentos comerciais para capacitá-los na receptividade adequada ao turista LGBTQIAP+.

Em parceria com a Organização Mundial do Trabalho e o Ministério Público da Bahia, o projeto ainda promove profissionalização da população transexual e atua ao lado do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTQIAP+ com advogados, assistentes sociais e psicólogos. Ainda que Salvador seja a principal referência baiana quando o assunto é Turismo LGBTQIAP+, Petra não hesita ao afirmar que destinos como Porto Seguro, Maraú, Chapada Diamantina, Vitória da Conquista, Itacaré, Mata de São João e Cairu têm caído no gosto do viajante por dispor de serviços, restaurantes, bares e festas LGBT-friendly.

E a Bahia não é LGBTQIAP+ apenas em junho. Com eventos e festas o ano todo, em todo o Estado, o destino vem se aperfeiçoando nos quesitos segurança e atrações para públicos diversos. “Sabemos que o Turismo é sinônimo de empregabilidade e monetização. O setor representa quase dois dígitos do PIB da Bahia e estamos trabalhando para aperfeiçoar esse segmento por meio de parcerias e fortalecimento dos direitos da comunidade. A LGBTfobia é um aspecto da misoginia e da masculinidade tóxica. Salvador é a cidade com a maior população preta fora do continente africano e é preciso trabalhar todas essas pautas em sincronia para que nossos cidadãos tenham acesso à saúde, educação e trabalho, e possam ser quem são”, explica Petra.

Petra ainda crê que o forte potencial do Turismo LGBTQIAP+ será responsável por alavancar o Brasil entre os países que mais recebem turistas estrangeiros. O segmento é marcado por viajantes que gastam mais do que a média, planejam roteiros com mais antecedência, são majoritariamente politizados e tendem a buscar por destinos já consagrados pela comunidade.

“A Bahia tem muito a ensinar, mas também a aprender. Somos destaque para os viajantes LGBTQIAP+ e queremos trocar experiências com outros destinos. O Turismo deve capacitar seus profissionais para receber bem do visitante local ao turista internacional”, completa.

Essa matéria integra a Edição Especial LGBTravel da Revista PANROTAS:


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