Hotelaria brasileira começa a demonstrar sinais de recuperação
Em live mediada pela PANROTAS, a STR e a OMNIBEEs apresentaram insights para a retomada do setor.
Nesta quinta-feira (30), a PANROTAS, a STR e a OMNIBEES analisaram o impacto da pandemia do coronavírus na hotelaria no Brasil e no mundo e apresentaram alguns insights de retomada para o setor. Mediada pelo editor-chefe e CCO da PANROTAS, Artur Luiz Andrade, o webinar contou com a participação de Emanoel Lima, inteligência de Negócios da OMNIBEES, e Patricia Boo, diretora da STR para América Central e do Sul.
A hotelaria no Brasil começou a sentir os impactos no mês de março, logo após a OMS decretar a pandemia. O índice de reservas passou de 100% em janeiro para 60% no início de março. Com o estado de quarentena, esse indicador atingiu menos de 10% na segunda quinzena de março. Já o book window (período entre a data da reserva e do check-in), que até então tinha uma média de 40 dias, passou para 90 dias após o início do contágio da covid-19 no País.
Em relação ao estágio atual do setor, os dados exclusivos do Hotel Market Demand, da OMNIBEES, mostram que a hotelaria do Sul e do Centro-Oeste está com números acima da média nacional, com crescimento de mais de 50% nas buscas na última semana. Apesar de apresentar uma redução de 11% nas pesquisas, o Sudeste ainda concentra 42% das reservas, seguido pelo Nordeste (25%), Sul (23%), Centro-Oeste (7%) e Norte (2%).
TENDÊNCIAS DE RECUPERAÇÃO DA HOTELARIA
Após dois meses fechados, 90% dos hotéis da China foram reabertos em abril, apresentando um crescimento significativo na demanda de lazer aos finais de semana. De acordo com a diretora da STR, os hotéis de categoria econômica tendem a se recuperar mais rapidamente, enquanto o luxo deve levar mais tempo devido à demanda atual de viagem e às restrições de empresas e aos voos internacionais. "As pessoas estão tentando se afastar dos centros urbanos por ter uma maior chance de contágio. Isso reflete diretamente nos hotéis de luxo, já que a maioria está localizada nas grandes cidades".Outro índice que terá maior tempo de recuperação é a diária média. "Agora a questão não é diminuir o preço da diária média para conseguir ocupação. As pessoas não estão deixando de viajar devido aos preços, mas por outros motivos", ressaltou Emanoel Lima.
A semana de 19 a 25 de abril foi a primeira a apresentar sinais de recuperação para a hotelaria brasileira desde o início da pandemia. Embora as capitais apresentem uma queda de 7% nas buscas e reservas, os destinos mais afastados apresentam um crescimento de 42%. A cidade de Petrópolis (RJ), por exemplo, tem mostrado uma alta nas pesquisas por reservas para o mês de maio (além de reservas de última hora para finais de semana), enquanto Campos do Jordão (SP) apresenta elevadas buscas para viagens a partir de junho. Cidades da região Sul do País, como Gramado (RS), Foz do Iguaçu (PR) e Balneário Camboriú (SC), também têm apresentado uma tendência de crescimento para os próximos meses.
Na última semana, as cidades que mais cresceram em pesquisas foram Balneário Camboriú, Petrópolis, Goiânia, Curitiba, Gramado, Campinas, Florianópolis, Vitória, Brasília e Porto Alegre. Em contrapartida, São Paulo e Rio de Janeiro ainda lideram o ranking de reservas, apesar de registrarem queda nas buscas de 21,75% e 28,02%, respectivamente. O sistema criado pela OMNIBEES será aberto para todos os clientes da empresa, como forma de ajudar os hotéis neste momento em que as análises de dados passam a ser fundamentais.
Para Patrícia Boo, o processo de recuperação será lento e diferente de como ocorreu com crises anteriores. "Essa é uma crise sem precedentes. Mas o que as outras crises que enfrentamos nos demonstrou é que a demanda demora um certo tempo para voltar a crescer. No 11 de setembro, por exemplo, foram 18 meses. A diária média, normalmente, demora o dobro do tempo para se recuperar. Mas é importante lembrar que a demanda que estamos vendo agora é uma demanda doméstica, que é um grande impulsor tanto para o lazer quanto para o corporativo", explicou.
Emanoel Lima também acredita que a recuperação será lenta e gradual, já que a demanda nacional está estabilizada em cerca de 9% do pico de 2020. No entanto, ele afirma que a crise também pode trazer alguns benefícios ao setor com a adoção da tecnologia. "Assim como o modelo de trabalho remoto, a análise de dados para ajudar nas decisões de negócios não era considerada algo essencial. Daqui para frente, essas estratégias serão vistas com outros olhos", enfatizou.