Uma voz tamanha: conheça a história de Renato Kido
Guia de Férias PANROTAS 2024-2025 traz a trajetória do empresário líder da ViagensPromo
REC no gravador e uma pausa logo na sequência. "Preciso aproximar o microfone. Você fala muito baixo".
A fala pausada e em tom baixo de voz estão refletidos também no jeito de se vestir (geralmente com camisetas sem estampas, calça jeans e tênis) e na maneira cordial (oriental) de receber visitas. Essa imagem contrasta, no entanto, com o comportamento demonstrado por ele um mês antes, quando, em uma convenção da empresa que fundou, falou em alto e bom tom para um auditório de 400 parceiros comerciais sobre como pretendia lhes entregar autonomia e melhores ferramentas.
Kido, como é conhecido no ramo de Turismo, construiu sua carreira nos bastidores, na operação, mas foi alçado aos holofotes com velocidade incrível após o lançamento de sua empresa e foi ganhando espaço de destaque entre os empreendedores do Turismo nacional. Por baixo da fala mansa, há ousadia, o DNA da inovação, uma visão de mercado privilegiada e pensamentos que já se encontram bem mais à frente, nos amanhãs da indústria.
Reservado, Renato Kido sempre preferiu atuar elaborando estratégias e organizando o cenário para que outros pudessem aparecer na linha de frente. O que, com a relevância que a ViagensPromo ganhou no mercado, vira quase uma missão impossível. O empresário é requisitado para parceiras, conselhos, orientações, negócios, projetos... e uma palavra de apoio ao agente de viagens, o que ele sempre tem na ponta da língua.
Fundador
Os rumos que sua carreira tomou “quase sem aviso” colocam Kido cada vez mais em foco no Turismo nacional. Ele começou no setor como organizador de malha aérea, e sua trajetória o trouxe ao posto de um dos líderes da indústria, fundador e diretor (ao lado de seu xará e sócio Renato Alves) de uma das maiores operadoras de Turismo no País, a ViagensPromo. Mesmo falando em tom baixo, com uma timidez que cresce em ênfase e assertividade nos palcos, Kido é dono de uma voz ouvida e respeitada.
"Quando eu era jovem, ainda na escola, não sabia exatamente qual carreira seguir. Quando chegou a hora do vestibular, a carreira em alta na época era o Turismo, então decidi entrar nessa área, mas sem muita certeza do que realmente queria fazer"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Matriculado para Turismo na Anhembi Morumbi, ele buscou se familiarizar com diferentes segmentos. "Passei por hotelaria (fiquei quatro meses e não me identifiquei com a rotina), agências de viagens e, finalmente, por uma companhia aérea, onde realmente me encontrei. Fiz estágio na Vasp, comecei na área de reservas e logo fui promovido a controlador de voo", explica. Contudo, após concluir a faculdade, percebeu que o salário de controlador de voo não atendia a suas expectativas, levando-o a buscar novas oportunidades.
Foi então que, ao trabalhar em uma loja da Panexpress, vendendo bilhetes da BRA, Kido começou a encontrar seu caminho. "Sempre me destacava nas vendas. Foi nesse ambiente que comecei a perceber que tinha potencial para mais", acrescentou.
Olho no olho
Ainda nessa experiência, o hoje dono de operadora começou a compreender o poder do relacionamento na atividade do Turismo. À época, foi informado por seu chefe – e hoje um dos gerentes da VP – Valter Onishi sobre uma oportunidade na própria BRA, que trabalhava naquela altura exclusivamente com voos fretados. Foi então apresentado a Humberto Folegatti, um dos donos da BRA, e passou a fazer parte do time da aérea.
Kido cita Folegatti como um dos seus professores e referências na carreira. A convivência entre os dois durou pouco mais de cinco anos e durante esse tempo, relata ele, adquiriu conhecimentos essenciais sobre operação de voos, precificação e planejamento.
"Aprendi muita coisa com ele. O Humberto foi um verdadeiro professor para mim"
Renato Kido reforça, lembrando que depois desse tempo resolveu trilhar novos caminhos.
Era a hora de chegar às operadoras e abrir uma nova e decisiva relação, também do ponto de vista pessoal.
A era Visual
Pouco tempo depois, uma nova porta se abriu. Renato Kido foi apresentado a Afonso Louro, fundador da Visual Turismo, e, na primeira conversa, houve uma identificação imediata, que virou amizade, inspiração, gratidão e muito mais.
"Passamos horas conversando na minha primeira visita. Mandei meu currículo e, no dia seguinte, o seu Afonso já me chamou para conversar novamente. Foi o início de uma nova etapa na minha carreira"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Na Visual Turismo, ele permaneceu por 17 anos e foi ali que passou a lidar mais diretamente com clientes (agentes de viagens) e fornecedores, algo que é parte fundamental de seu trabalho até hoje. Segundo Kido, a oportunidade foi essencial para o crescimento profissional e para a construção de laços duradouros. "Na verdade, foi a época em que eu mais criei relacionamento no Turismo. Eu conhecia a imagem do seu Afonso, um cara extremamente respeitado no setor, e isso foi algo que eu sabia que precisaria construir também", explicou, já ressaltando outra inspiração que ajudou a moldar o Renato empreendedor.
A relação que classifica como mais importante para aquele momento foi com o próprio Afonso Louro, com quem Kido desenvolveu um forte vínculo. "Eu disse a ele um dia: 'Enquanto o senhor estiver aqui e quiser minha permanência, estarei ao seu lado'. E cumpri isso. Foi uma dívida de honra que eu fiz questão de honrar até a venda da operadora para o grupo CVC", afirma. "Eu comecei realmente a minha carreira como operador lá. Foi na Visual que aprendi", afirmou. Foi na operadora que ele desenvolveu características essenciais para sua atuação atual. "Foi graças ao respaldo que tive na Visual que hoje tenho um nome no setor", destaca.
"Muitas vezes as pessoas pensam só no aqui e agora, no próprio negócio. Mas quanto mais você gera valor para aqueles que estão ao seu redor, mais confiança você constrói, e isso permite uma relação de longo prazo"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
O negociador
Ao longo de seus anos na Visual, ele também se envolveu diretamente na negociação de produtos, uma área que sempre o interessou. "O que eu mais gostava era a questão de voos e fretes", disse. À certa altura de sua passagem, já desfrutando da confiança do diretor da empresa, Kido pediu autorização para a primeira operação de fretamento da Visual, quando a empresa montou uma base em Belo Horizonte. "Eu pedi para montar nossa primeira operação de frete, e foi muito gratificante fazer parte dessa evolução", acrescentou.
Transplantado
Foi nessa fase também que enfrentou um dos maiores desafios pessoais, algo que mudou sua percepção sobre a vida. Em 2007, durante um exame de rotina, ele descobriu que seus rins apresentavam problemas graves. "Eu estava com a creatinina alterada [o que pode ser um sinal de disfunção renal, e o médico disse que eu precisaria estar muito preparado, porque a situação era séria", relembra. A origem do problema era genética, herdada de sua ascendência oriental, e o transplante de rim se tornou uma necessidade iminente.
O processo foi longo e doloroso. Antes de considerar o transplante, Kido passou por um tratamento agressivo, que envolvia doses elevadas de corticoides, na tentativa de estabilizar a função renal. O tratamento o ajudou momentaneamente, conta, mas trouxe consigo efeitos colaterais além do esperado. "Além de quase perder a visão por causa da catarata, desenvolvi diabetes e outros problemas de saúde. Foi um período extenuante física e emocionalmente", relembra. Mesmo com todos os esforços, o transplante tornou-se inevitável.
"Estar na fila de transplante é uma experiência angustiante, ainda mais com o meu tipo sanguíneo, AB negativo, um dos mais raros. Eu sabia que teria que contar com muita sorte"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Kido optou por realizar o procedimento pelo SUS, mesmo tendo condições de usar seu plano de saúde privado. Essa decisão de seguir com seu tratamento e o processo de hemodiálise pela rede pública, trouxe ensinamentos valiosos também, principalmente do ponto de vista da empatia com quem está ao redor, aprendendo com a observação de outros pacientes que enfrentavam dificuldades muito maiores.
"Eu olhava para o lado e via pessoas que não tinham sequer uma refeição digna ou uma cama para dormir. Enquanto muitos escolhem reclamar, aquelas pessoas enfrentavam a vida com dignidade, mesmo com todas as adversidades"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Kido revela que essa convivência transformou profundamente sua forma de encarar a vida: "Minha esposa e eu começamos a valorizar muito mais as coisas simples. Ver de perto a realidade dessas pessoas me ensinou sobre resiliência e gratidão".
Entre as experiências dessa época, um episódio o marcou profundamente: "Era véspera de Natal e eu sempre conversava com um senhorzinho que fazia diálise comigo. Ele era muito simples, não tinha celular, mal tinha com quem falar. Um dia perguntei para ele: 'Onde você vai passar o Natal?'. E ele me respondeu que não sabia, sem nada de especial. Aquilo me tocou profundamente", conta Kido, emocionado. Ele e sua esposa decidiram agir e, naquele ano, compraram uma ceia de Natal para o senhor, sua família e para mais algumas pessoas que dividiam o tratamento. "Não era nada grandioso, mas para ele fez toda a diferença. Ver o sorriso daquele homem foi um dos momentos mais especiais da minha vida".
Em meio a essa jornada, Kido também recebeu apoio de pessoas especiais. "Eu tive muita ajuda, principalmente do seu Afonso, que me apoiou financeiramente durante os três anos de tratamento de hemodiálise. Sou eternamente grato a ele", destaca. Entre sessões exaustivas de diálise, ele ainda precisava manter sua rotina de trabalho, muitas vezes enfrentando um esgotamento físico, que era compensado com a sensação boa de manter a mente ocupada. "Acordava às 4h da manhã para a diálise, ficava horas na cadeira e depois ia trabalhar. Era um esforço imenso, mas a minha mente precisava continuar ativa".
Mesmo após o transplante (já voltaremos a falar dele), Kido continuou visitando o hospital, mantendo contato com antigos colegas de tratamento e até com as enfermeiras.
"Sempre que posso, volto ao hospital para rever as pessoas. Fiz amizades que carrego até hoje, e sempre que posso, mantenho contato. Foi um período que, apesar de tudo, me trouxe muitos ensinamentos"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Para ele, a experiência trouxe uma nova dimensão de gratidão. "Hoje vejo as pessoas reclamando de coisas pequenas, e isso me indigna. Aprendi a valorizar o que realmente importa na vida".
Laços de família
Há alguns anos compartilhando a vida com sua esposa Mari Kido, que também é parte do time ViagensPromo, além de seus pets, o cachorro Nico e a gata Mia, Renato Kido foi criado em uma família com dois filhos. A vida que ele conhecia até a adolescência tinha os pais, Rute Kido e Toshimitsu Kido, e o irmão, Márcio Kido, sempre ao redor.
Por volta dos seus 17 anos, contudo, a vida mudou. "Meu pai foi para o Japão para trabalhar e pagar dívidas. Ficamos eu, minha mãe e meu irmão no Brasil", rememora. Na época, a família enfrentava dificuldades financeiras, e a ida do pai ao Exterior foi uma tentativa de aliviar a situação. "Ele deixou muitas dívidas para trás, e eu passei quatro anos trabalhando para ajudar a pagar tudo", conta.
Na ausência do pai, Kido precisou amadurecer rapidamente. "Eu era só um adolescente, não sabia o verdadeiro valor do esforço. Trabalhei para ajudar a sustentar a casa", explica. O contato com o pai era limitado, já que a tecnologia da época não permitia a proximidade que temos hoje com chamadas de vídeo ou aplicativos de mensagens. "Falávamos por telefone de vez em quando, mas era difícil."
"Eu nunca tinha trabalhado diretamente com atendimento às agências de viagens. Minha experiência era com produtos. Por isso, eu dizia para a equipe: 'Vocês não vão vender a marca ViagensPromo, vocês vão vender a confiança que as pessoas têm em vocês'"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Embora Renato tivesse o desejo de ir com o pai para o Japão, sua mãe decidiu que seria melhor para os filhos permanecerem no Brasil. "Minha mãe pensou que, se fossemos para lá, seria difícil manter os estudos e não teríamos uma vida confortável. Meu pai estaria trabalhando duro e mandando dinheiro de volta. Ela decidiu que era melhor ficarmos", lembra.
"Foi quando realmente aprendi a ser independente. Tive que amadurecer muito rápido". No Brasil, antes de se mudar temporariamente para o Japão, o pai da família Kido trabalhava com o chamado caminhão-cegonha ou porta-automóveis, um caminhão que transportava carros. "Tinha orgulho de vê-lo trabalhando duro para nos sustentar. Mas essa fase também me mostrou o quanto a vida pode ser imprevisível", reflete.
Rute Kido, que optou por ficar com os filhos na fase em que o marido foi buscar recursos no Japão, seguiu decisiva na vida dos filhos até muito depois da adolescência.
Pedaço de mim
Após anos de espera e tratamento intenso, o momento do transplante de Renato Kido finalmente chegou. O doador? Sua própria mãe. Mesmo enfrentando problemas de saúde, ela tomou para si a missão de salvar o filho, surpreendendo até mesmo o próprio Kido com o esforço que fez para estar apta a doar um rim.
"Minha mãe tinha doenças e não podia doar no início. Mas ela começou um tratamento por conta própria, sem que eu soubesse, correndo atrás de se curar e se preparando para ser minha doadora", conta, emocionado.
A decisão da mãe não foi simples. Ela precisou fazer tratamentos rigorosos para estar em condições de ser submetida à cirurgia e, inclusive, teve que ganhar peso. "Minha mãe chegou a fazer uma dieta à base de McDonald's para engordar e ficar no peso ideal para o transplante", revela, destacando a determinação dela em ajudar.
"Ela fez tudo isso em segredo, para não me preocupar. Quando os médicos me ligaram numa terça-feira, dizendo que havia aparecido um doador, não imaginei que seria ela. Foi um choque"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Apesar do preparo, o procedimento envolvia riscos, tanto para a mãe quanto para Kido. "O transplante em si já é uma operação de alto risco. Eles me explicaram que 80% dos casos têm complicações graves. A pessoa pode até vir a óbito", relata. Ainda assim, o amor e a dedicação da mãe prevaleceram, e o transplante foi realizado com sucesso.
ViagensPromo
Já com anos de experiência no mercado, Renato Kido decidiu que era o momento de dar um novo passo em sua carreira e fundar a ViagensPromo. A decisão veio em um momento crucial, logo depois que a Visual Turismo foi vendida para a CVC. "Eu tinha um compromisso com o seu Afonso, mas quando ele vendeu a Visual, percebi que esse ciclo tinha se encerrado para mim. Eu queria empreender, queria estar do outro lado da mesa". E estava pronto para isso, depois de tantas experiências profissionais e pessoais.
O processo de transição não foi imediato. Ele permaneceu na empresa por mais três meses, ajudando na integração das operações entre a Visual e a CVC, antes de finalmente sair em maio de 2018.
Nos meses seguintes, seu telefone tocou algumas vezes, com ideias, convites e propostas de tipos variados, mas foi a ligação com a ideia de fundar a ViagensPromo que fez seus olhos brilharem novamente. Era Renato Alves do outro lado da linha.
Com o desejo de inovar e implementar suas próprias ideias, Kido sabia que precisaria de um time forte ao seu lado. "Eu nunca tinha trabalhado diretamente com atendimento às agências de viagens. Minha experiência era com produtos. Por isso, eu dizia para a equipe: 'Vocês não vão vender a marca ViagensPromo, vocês vão vender a confiança que as pessoas têm em vocês'", afirma. A ideia era clara: construir uma empresa sólida com base na confiança e no relacionamento com os clientes.
No entanto, o caminho foi cheio de desafios. Em 2020, meses após o início da operação, a pandemia de covid-19 mudou completamente o cenário do Turismo.
"Eu estava estruturando tudo quando a pandemia começou. Foi um momento em que precisei recuar e planejar ainda mais. Mas ao mesmo tempo, começamos a fazer acordos com companhias aéreas e hotéis, preparando o terreno para quando o mercado se recuperasse"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
A estratégia se mostrou visionária. Ele negociou condições especiais com as companhias aéreas, garantindo tarifas imbatíveis para quando as viagens fossem retomadas. "Durante a pandemia, eu fiz acordos com as companhias, dizendo que os ajudaria naquele momento, e eles me ajudariam depois, por até dois anos", explica. Quando o mercado voltou, a ViagensPromo oferecia preços tão baixos que muitas agências, mesmo desconfiadas no início, acabaram aderindo.
"A equipe, Renato Alves e eu estávamos lá, no aeroporto, nos hotéis, garantindo que tudo estava funcionando. Era um período de muita desconfiança, mas nós conseguimos entregar o que prometemos", pontua.
A ViagensPromo não só sobreviveu ao período mais difícil do Turismo global, como cresceu exponencialmente após a pandemia, consolidando-se no mercado com uma equipe forte e uma operação sólida. A confiança que o time passou ao mercado foi fundamental para tudo isso.
O desafio seguinte? Manter o crescimento em um mercado altamente competitivo, sem as condições excepcionais de preços que a pandemia proporcionou. "Nós conseguimos fazer a empresa virar, mas já estávamos pensando no futuro, em como continuar inovando e oferecendo o melhor para nossos clientes".
Fretamento como caminho para o crescimento
Com a consolidação da operadora no mercado, era hora de alavancar a ViagensPromo e para isso a companhia precisava criar algo inovador. Foi exatamente isso que levou Kido e os demais diretores da VP a negociar com a Sideral, uma companhia aérea de fretamentos. "Comecei a me mexer, fui atrás da Sideral e de outras companhias. Precisava entender como montar um produto novo", relembra. Foi quando ele recebeu uma ligação inesperada do presidente da Sideral. "Ele ouviu falar de mim e perguntou por que não nos reuníamos. Peguei o avião e fui até Curitiba. Quando cheguei, fui recebido pelo próprio dono da companhia", comenta.
A visita à Sideral foi um marco. Durante o tour pela empresa, o diretor da VP foi apresentado ao que seria já à primeira vista imaginou ser o VP Premium, um avião que estava configurado para um produto de luxo.
"Eu olhei para aquela aeronave e disse: 'Eu quero'. Ele nem tinha me passado o preço, mas eu sabia que era isso que precisava para mostrar ao mercado que dá para fazer algo diferente"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
A confiança mútua foi essencial para o sucesso da parceria. O dono da Sideral, desconfiado no início, se surpreendeu com a abordagem ousada de Kido, que buscava criar um novo modelo de negócios.
A parceria entre ViagensPromo e Sideral é simbolizada, sobretudo, pelo VPAir, que é um produto aéreo de voos fretados vendido pela operadora. O VPAir vai para os principais destinos comercializados pela VP e virou um dos produtos mais rentáveis da companhia. O outro resultado da união entre as duas empresas é o VP Premium, que é um avião com experiência e serviços de bordo luxo para destinos de alto padrão.
Para colocar os novos produtos de fretamento da operadora rodando, Kido sabia que a precificação seria um desafio, mas estava confiante de que poderia oferecer algo único. "O segredo é saber precificar e montar a malha aérea de forma que o voo aconteça. Eu chamei o Rafa (Rafael Ortiz), um dos meus principais executivos na ViagensPromo, e disse: 'É isso que vamos fazer'", explica. A estratégia deu tão certo que logo os fretamentos começaram a atrair a atenção das agências de viagens.
O conceito do VPAir, um produto diferenciado com aeronaves fretadas pela ViagensPromo, nasceu dessas negociações (e daquela luzinha que acendeu em sua cabeça lá atrás, ao ingressar na BRA). "Eu sabia que o mercado de aviação estava muito concentrado em guerra de preços. Mas eu não queria entrar nisso. Queria criar produtos que o mercado não tinha, e o VPAir foi a solução".
Essa iniciativa não apenas trouxe mais visibilidade para a empresa, como também marcou uma nova fase de crescimento, com a ViagensPromo se destacando no setor.
Novos caminhos
Kido é enfático ao falar sobre a visão que norteia as inovações da empresa. Para ele, o segredo do sucesso não está apenas no foco exclusivo sobre o próprio negócio, mas na criação de valor para todos os envolvidos na cadeia de Turismo.
"Muitas vezes as pessoas pensam só no aqui e agora, no próprio negócio. Mas quanto mais você gera valor para aqueles que estão ao seu redor, mais confiança você constrói, e isso permite uma relação de longo prazo"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Essa filosofia orienta as novas iniciativas da empresa, que têm como objetivo não apenas aumentar a eficiência, mas também fortalecer a confiança e a colaboração no mercado.
Além do VPAir e do VP Premium, a ViagensPromo tem no seu leque de produtos exclusivos atualmente as ferramentas de soluções financeiras, como o VP Card, um cartão de crédito que otimiza os processos de pagamento, e o VPpay, uma maquininha de pagamento que possibilita o parcelamento em diversas opções. Essas inovações refletem a percepção de que o Turismo não deve se limitar a pacotes tradicionais, mas sim, buscar eficiência em todas as etapas do processo, para operadores e consumidores.
Kido reforça que suas ideias muitas vezes vêm de fora do setor de Turismo. "Hoje, minhas conversas são com pessoas de outros mercados, mentores que olham de fora. Porque muitas vezes é nas coisas que não estão diretamente ligadas ao Turismo que você encontra uma oportunidade de inovar", explica.
Ele também destaca que muitas dessas inovações surgem a partir de uma visão periférica, que vai além das operações diárias da empresa. "Às vezes, eu vejo movimentações que as pessoas dentro da empresa não percebem. Então, eu preciso conversar com a equipe e explicar o que está acontecendo no mercado".
Esse olhar para o futuro levou Kido a desenvolver não apenas produtos voltados ao cliente final, mas também soluções para melhorar os processos internos da ViagensPromo e de seus parceiros. Um exemplo é o sistema Book2B, que automatiza tarefas como a confirmação de reservas e alterações de voos. "Hoje, muitas empresas precisam de um time para fazer isso. Nós usamos tecnologia. O Book2B foi criado para facilitar os processos e ajudar tanto a operadora quanto os agentes de viagens", explica.
Mãos dadas com os parceiros
Além da tecnologia, o empresário ressalta a importância de apoiar os hotéis, que são parte fundamental da cadeia de valor. "Muitos hoteleiros querem reformar ou ampliar suas instalações, mas nem sempre têm os recursos necessários. Estamos montando um fundo para auxiliar a hotelaria, porque se eles estiverem bem, nós também estaremos. Não se trata de baixar preços, mas de garantir qualidade", afirma.
Essa abordagem colaborativa, que envolve não só clientes, mas também parceiros, na opinião do executivo, reforça o papel da ViagensPromo como uma empresa que vai além de vender pacotes de viagem.
"Estamos aqui para fazer a roda girar. Nosso papel é interagir com todos – hotéis, companhias aéreas, agentes de viagens e, principalmente, com os meios de pagamento. A verdadeira inovação está em olhar para o todo e entender que o sucesso de um depende do sucesso de todos"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Ainda estou aqui
O fundador da ViagensPromo também divide parte de sua vida profissional com a esposa, Mari Kido, que, embora tenha se afastado das operações diárias, ainda desempenha um papel importante na empresa, especialmente na área jurídica. "Minha esposa é uma pessoa que me cobra muito. Ela não trabalha mais tanto aqui, mas assume uma parte mais jurídica que temos", explica Kido. Esse distanciamento, segundo ele, foi decidido mutuamente. "Ela me dizia: 'Você é muito visionário, já pensou lá na frente, voltou, e eu ainda estou aqui'. Aí, decidimos que ela cuidaria de outras áreas".
Nos momentos de lazer, Kido admite que seu "hobby" é continuar trabalhando. Apesar de gostar de viajar e de brincar sobre a facilidade de tirar férias, a mente dele raramente desliga dos negócios. "O meu hobby, e é isso que minha esposa cobra, é descansar, viajar. Mas eu acabo trabalhando até nas férias", comenta, rindo. Ele destaca que mesmo quando está de folga, como em uma viagem recente a Manaus, a cabeça não para. "Fiz um cruzeiro lá e adorei, mas já comecei a pensar em trabalho. É difícil desligar completamente", confessa.
Porém, Kido não esconde o desejo de um dia desacelerar o ritmo frenético que mantém. Entre seus planos futuros, imagina-se vivendo na Bahia.
"Já cumpri muito da minha jornada profissional, e hoje penso que, quando eu ficar mais velho, quero morar em algum lugar tranquilo, como a Bahia. Mas, no momento, não consigo ficar três dias parado lá, minha cabeça não deixa"
Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo
Esse desejo de equilíbrio entre vida pessoal e profissional é algo que ele ainda está tentando alcançar, enquanto segue comandando a ViagensPromo com a mesma intensidade que demonstrou em outras épocas da vida: adolescente assustado, paciente na fila de doação, controlador aéreo, operador de viagens, dono de um negócio visionário... filho, marido, amigo, chefe, sempre grato e aprendendo com tudo o que passou e conquistou.
O conteúdo acima é parte integrante da Guia de Férias 2024/2025. Confira na íntegra abaixo: