Da Redação   |   19/11/2024 08:17

Planejando uma viagem de volta ao mundo

Apesar de até hoje pouco conhecidas dos brasileiros, as tarifas RTW são objeto de desejo de muita gente

Por Mari Campos

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Apesar de até hoje pouco conhecidas dos brasileiros, as tarifas RTW são objeto de desejo de muita gente mundo afora. Eis aí uma forma tranquila, conveniente e financeiramente interessante de conhecer diversos países
Apesar de até hoje pouco conhecidas dos brasileiros, as tarifas RTW são objeto de desejo de muita gente mundo afora. Eis aí uma forma tranquila, conveniente e financeiramente interessante de conhecer diversos países

Como toda criança que leu a obra prima de Júlio Verne, cresci achando fascinante a ideia de dar a volta ao mundo. Quem nunca sonhou com uma, não é mesmo? Mas foi somente pouco depois de deixar a universidade que descobri a existência das RTW (Round the World tickets), as passagens aéreas criadas especialmente para viajantes munidos do mesmo desejo.

Apesar de até hoje pouco conhecidas dos brasileiros, as tarifas RTW são objeto de desejo de muita gente mundo afora. Eis aí uma forma tranquila, conveniente e financeiramente interessante de conhecer diversos países com a segurança, os benefícios e a mesma franquia de bagagem em todos os voos.

Se antes a maioria das pessoas achava que era preciso tirar um ano sabático para emitir sua RTW, hoje em dia as viagens de volta ao mundo vendidas por redes hoteleiras e operadoras de luxo dificilmente ultrapassam os 28 dias de duração.

Com essas tarifas especiais, dar a volta ao mundo deixou de ser privilégio de celebridades e herdeiros circulando por aí em seus jatinhos – principalmente por terem valores incrivelmente atraentes, cabendo muito mais facilmente também nas férias de quem trabalha com dias contados de descanso anual.

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Ainda assim, financeiramente, as RTWs compensam mais do que nunca na atualidade
Ainda assim, financeiramente, as RTWs compensam mais do que nunca na atualidade

Passei quase 20 anos desejando emitir um bilhete RTW; e finalmente embarquei em um roteiro cuidadosamente planejado - uma "volta ao mundo em 50 dias" que, espero, será a primeira de várias.

Foram diversos rascunhos de roteiros (21 no total!) até chegar ao itinerário mais redondinho, que alinhasse meus interesses de viagem com o meu tempo disponível e as disponibilidades de assento das rotas aéreas pretendidas.

Para rodar o mundo durante qua se dois meses, foi preciso planejar tudo com bastante cuidado para que houvesse também tempo suficiente para aliar as sonhadas férias com um pouco de "anywhere office" (o trabalho de qualquer lugar) aqui e ali. Sem aquele papo chato de "nômades digitais", com a RTW é possível, sim, aliar "turistagem", descanso e trabalho em um mesmo roteiro.

Voando sempre na mesma direção

  • Uma passagem RTW é um tíquete aéreo especial que permite que viajantes visitem vários destinos ao redor do globo munidos de uma única passagem, geralmente a um custo bem menor que a compra individual das passagens trecho a trecho.
  • As passagens RTW podem ser emitidas através de diversas companhias aéreas, sobretudo aquelas filiadas à Star Alliance e OneWorld (a SkyTeam também oferecia passagens RTW, mas suspendeu as emissões deste tipo de tíquete por enquanto).
  • É preciso também voar sempre na mesma direção (tudo a leste ou tudo a oeste, sem exceções), cruzando os oceanos Atlântico e Pacífico. Não é permitido ir e voltar para lugar nenhum, mas open jaws (chegar em um destino e continuar a viagem por outro) são possíveis na maioria das passagens RTW.
  • Especialistas do setor dizem que um período de quatro a oito semanas seria o ideal para fazer uma viagem com RTW com calma. Pela Oneworld, para emitir uma RTW é preciso visitar pelo menos três continentes em um máximo de 16 voos, com custos desde US$ 3.500 em econômica e US$ 11.000 em classe executiva.
  • Com a Star Alliance, a maior aliança de companhias aéreas do mundo (são 26 delas no total), a malha aérea reforçada permite 1.300 possibilidades de destinos em 190 países. A RTW precisa ter pelo menos 2 escalas, com preços a partir de US$ 4.000, e tem franquia de bagagem mais limitada (no máximo 20kg por passageiro em classe econômica e um total de 30kg para quem voa em classe executiva).
  • Comprando uma RTW, o viajante, fazendo o seu itinerário dos sonhos, acumula também milhas voadas e pode ter créditos importantes para aceder a status melhores no programa de fidelidade de sua companhia aérea favorita.
  • Mas hoje em dia é possível também emitir uma RTW com milhas/pontos de programas de fidelidade, com custos desde 250.000 milhas em classe econômica e apenas 350.000 em classe executiva - uma das maiores "pechinchas" da aviação atualmente.

Emiti a minha RTW assim, usando milhas acumuladas em um programa de fidelidade, e posso garantir: sendo esse um processo complexo, trabalhoso e por vezes bastante demorado, valer-se do know-how e de todas as habilidades de um bom agente de viagens também pode fazer toda a diferença nesse caso, garantindo principalmente que o itinerário final da passagem seja realmente eficiente e satisfatório para o viajante.

Ao agente de viagens a dica: atender o passageiro que vai emitir com milhas vai render, além do seu fee de serviços, adicionais de produtos a serem consumidos nos dois meses da viagem.

Planejamento e flexibilidade são essenciais

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Hoje em dia é possível também emitir uma RTW com milhas/pontos de programas de fidelidade
Hoje em dia é possível também emitir uma RTW com milhas/pontos de programas de fidelidade

Na hora de emitir uma passagem RTW para dar a volta ao mundo, duas palavrinhas ajudam o viajante a chegar a seu itinerário ideal: planejamento e flexibilidade.

A minha RTW foi emitida pela Star Alliance, através da Tap, no modelo mais simples disponível, com um total de até 26.000 milhas voadas e um máximo de 10 voos no percurso completo. Mas o roteiro inicial que eu tinha imaginado acabou se revelando inviável na hora H da emissão do bilhete.

Por questões de disponibilidade de assentos nos voos e limitações de rotas, tive que mudar não apenas o sentido todo da minha viagem (queria voar a leste, acabei voando a oeste), como também mexer ligeiramente nas datas e na quantidade de dias em cada escala, além de abrir mão de alguns destinos que estavam na minha lista de desejos.

Ainda assim, financeiramente, as RTWs compensam mais do que nunca na atualidade, principalmente se forem emitidas em classe executiva: hoje, esse tipo de bilhete aéreo já é mais barato que muita passagem ida e volta neste tipo de classe.

Segundo algumas agências de viagens mericanas, há cada vez mais viajantes dos EUA emitindo passagem RTW em executiva para visitar apenas dois ou três destinos na viagem simplesmente porque o preço final seria inferior ao de emitir uma simples ida e volta em business para um único lugar.

Para viajar, por exemplo, entre Los Angeles e Londres em classe executiva, tem gente optando por RTWs em percursos mais enxutos, como Los Angeles - Nova York - Londres - Bali – Los Angeles. Assim, seguem sem problemas as regras básicas da passagem de volta ao mundo – atravessar Atlântico e Pacífico, fazer pelo menos duas escalas, voar sempre no mesmo sentido etc –, e conhecem ao menos um lugar a mais, desembolsando valores finais mais camaradas. É o clássico "unir o útil ao agradável", em uma sacada do consultor de viagem que realmente conhece o mercado.

Seja em econômica ou executiva, a RTW vem se revelando um sonho cada vez mais acessível ao viajante contemporâneo; e que deve pouco a pouco entrar de vez no radar do viajante brasileiro. Eu, por aqui, ainda nem terminei a primeira volta ao mundo e já estou pensando na próxima!

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Esta matéria é parte integrante daRevista Especial de 50 anos da PANROTAS, onde você encontra várias histórias do Turismo nestas últimas cinco décadas, e também dicas e ferramentas para turbinar seu negócio.


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