Esportes Unidos da América: um país que incentiva a cultura e as competições
Em cada uma das últimas oito edições dos Jogos Olímpicos, desde 1996, o país liderou em medalhas
Os Estados Unidos da América são o maior poderio esportivo do mundo. Em cada uma das últimas oito edições dos Jogos Olímpicos, desde 1996, o país liderou em medalhas conquistadas. No acumulado de todas as edições, incluindo a de Paris, neste ano, os Estados Unidos também sobram na liderança, com mais de 2,5 mil medalhas. E essa hegemonia deve ser ampliada em 2028, quando a sede da Olimpíada será Los Angeles, cidade que também abrigou a última edição do IPW, em maio de 2024.
Neste evento, que é o principal para promover o Turismo dos Estados Unidos para o Exterior, o órgão de promoção turística do país - Brand USA - colocou o esporte e os eventos esportivos como um dos principais chamarizes para atrair 90 milhões de turistas internacionais em 2027. Ano que ficará entre duas grandes competições esportivas que serão sediadas nos Estados Unidos: a Copa do Mundo FIFA de 2026 e a Olimpíada de Los Angeles em 2028.
Inclusive, o principal torneio de futebol foi assunto no IPW. Sabendo o alcance global do esporte, todas as cidades e Estados que sediarão jogos da competição daqui a dois anos colocaram o evento entre suas novidades e oportunidades para visitantes. Competição esportiva mais assistida do mundo, atingindo até 5 bilhões de pessoas em 2022 segundo a FIFA, esta Copa do Mundo também será o maior torneio da história com 48 seleções nacionais.
Estes 48 países estabelecerão um novo recorde de jogo para uma única Copa do Mundo FIFA ao competir em 16 cidades da América do Norte, sendo 11 nos Estados Unidos, três no México e duas no Canadá. Confira ao lado as cidades-sede dos EUA, seus estádios e sua capacidade.
Com grandes estádios espalhados pela América do Norte, a Copa do Mundo FIFA 2026 também marcará o recorde de distância entre cidades em uma única edição e, possivelmente, o maior número de ingressos vendidos, já que terá o maior número de jogos realizados em grandes arenas, a maioria utilizada para jogos de futebol americano - no caso dos Estados Unidos.
O grande número de cidades sede e as grandes distâncias até criaram oportunidades de promoção conjunta para alguns destinos estadunidenses, como é o caso de Boston, Filadélfia e Nova York. “Estamos nos juntando com parceiros de Nova York e Filadélfia para criar um corredor de visitantes no leste dos Estados Unidos. Somos as três cidades mais próximas que sediarão jogos da Copa do Mundo, e queremos aproveitar isso para atrair turistas”, explicou Martha Sheridan, do Meet Boston.
Nova York, inclusive, sediará oito jogos da Copa do Mundo FIFA 2026, entre eles a final do torneio. A região, que inclui Nova Jersey - onde está localizado o Met Life Stadium, espera um impacto econômico de mais de US$ 2 bilhões com a competição, apoiando mais de 14 mil empregos para atender mais de 1 milhão de turistas que estarão nas cidades para assistir às partidas de futebol.
Mas, apesar do grande evento ser tema no IPW 2024 e grande oportunidade de atração de turistas, os Estados Unidos contam com eventos esportivos que merecem a atenção dos turistas durante o ano todo, todos os anos. No caso de grandes metrópoles, como Chicago e Nova York, uma única cidade pode abrigar mais de 10 equipes profissionais, com jogos sendo realizados em diferentes épocas, de acordo com o calendário do esporte.
"Chicago é uma cidade que ama esportes e tem um legado vencedor. Nós temos 12 equipes profissionais, incluindo futebol americano, basquete masculino e feminino, futebol masculino e feminino, hóquei e dois times de beisebol. Além disso, também temos empresas promovendo campeonatos basicamente todos os finais de semana, incluindo muitos de vôlei de praia, e o único circuito de rua da Nascar"
Rich Gamble, CEO do Choose Chicago
Ampla oferta esportiva
Pela quarta vez, o IPW contou com uma área dedicada ao Turismo de esportes e times americanos chamada IPW Sports. Em 2019, primeira edição, a área apoiada pela Global Tourism Sports & Events (GTSE) contava com quatro times. Na última edição, realizada em Los Angeles, foram 20 times americanos de diversos esportes representados no espaço.
"É fenomenal poder crescer a presença dos esportes no Turismo para que o mundo os conheça. 37% dos turistas que visitam os Estados Unidos querem ver um evento esportivo. É uma ótima forma de ter uma experiência autêntica no destino com hot dog, cerveja e a adrenalina e amizade que fazem parte do esporte. Cada jogo é diferente, obviamente, então os turistas sempre terão experiências únicas",
Luisa Mendoza, CEO e fundadora da GTSE
A GTSE oferece ingressos de eventos esportivos no Brasil via operadoras, e de acordo com Luisa, os esportes preferidos dos brasileiros quando visitam os Estados Unidos são Fórmula 1, basquete (NBA), futebol americano (NFL) e tênis (US Open e Miami Open), nos destinos que já são os mais visitados por turistas do Brasil, como Miami, Nova York, Las Vegas, Los Angeles e Texas.
O ginásio do Orlando Magic, time de basquete baseado na capital dos parques temáticos, está sempre lotado de brasileiros, por exemplo, apontou Luisa. A NBA conta com grande apelo no Brasil, com grandes eventos como a NBA House, websérie no Youtube com influenciadores brasileiros chamada NBA na Estrada apresentando os times e os destinos em que estão localizados, e até transmissão dos jogos das finais em rede aberta.
Mas o jogo propriamente dito não é a única atração ao entrar no Kia Center e outros ginásios. Até mesmo turistas que não têm familiaridade com o basquete se divertem, e muito. Além da cerveja e o cachorro quente citados por Luisa, cada intervalo do jogo já é uma atração por si só, com apresentações de dançarinas, acrobatas fazendo enterradas espetaculares, e muita interação com o público através dos telões e das camisetas distribuídas para os fãs.
E, se essas opções inclusas no valor dos ingressos - com exceção da comida e bebida -, não forem o suficiente, cada ginásio promove um tipo de experiência vip e personalizada aos fãs e aos turistas. O Barclays Center no Brooklyn, por exemplo, conta com espaço exclusivo da Qatar Airways e restaurante de luxo em experiência que pode chegar ao valor de US$ 5 mil para aqueles dispostos a investir mais.
Esportes propriamente americanos
Além do basquete, que é um esporte global mas com uma grande liga americana, os Estados Unidos também são muito populares pelas ligas nacionais de esportes criados em território estadunidense, como são os casos do beisebol e do futebol americano.
Um dos times mais tradicionais da NFL (Liga de Futebol Americano dos Estados Unidos) está localizado em uma pequena cidade no Estado de Wisconsin, chamada Green Bay. Localizada a três horas de carro de Chicago, a cidade promete uma imersão na história do futebol americano com o Green Bay Packers, além de boas opções de recreação ao ar livre, gastronomia e cultura nativa americana.
"Em Green Bay, você será imerso na história do futebol americano. Se você está vindo para os Estados Unidos para uma experiência NFL, não há melhor lugar do que Green Bay. É futebol profissional situado entre os fãs mais fanáticos em uma cidade pequena que é tomada pelo esporte"
Nick Meisner, VP de Marketing Digital do Discover Green Bay
O Green Bay Packers enfrentou o Philadelphia Eagles em São Paulo em setembro no primeiro jogo da NFL no Brasil, com vitória do Eagles. Mas o evento mais visado da NFL, até por brasileiros, é o Super Bowl, finalíssima da NFL que está entre os eventos esportivos com maior audiência, espetáculo também famoso por seu show do intervalo com grandes estrelas da música. O próximo Super Bowl está marcado para 9 de fevereiro, em Nova Orleans, com show de intervalo com Kendrick Lamar.
Por sua vez, o beisebol, esporte menos popular no Brasil, também tem muito a oferecer ao turista brasileiro. De acordo com Tara Napoli e Taylor Kelly, representantes do New York Mets no IPW 2024, “o estádio de beisebol é um ambiente familiar com um jogo mais longo e devagar, em que você não está em sua cadeira 100% do tempo. Não é só sobre ver o jogo, mas a experiência toda. E parte dessa experiência é comida e bebida. No Citi Field, incluímos negócios locais que são populares em Nova York".
Mas, assim como em ginásios da NBA, também é possível ter experiências à parte, como museus e tours guiados, que permitem até estar no campo. Blythe, guia dos tours no Los Angeles Dodgers Stadium, explica que "mesmo que não assistam a um jogo, todos devem fazer um stadium tour. Temos muita história no beisebol, é um esporte mais antigo. Se quer ir a um jogo (de basquete) do Lakers, pelo menos venha fazer um tour no Dodgers Stadium também. É um passeio rápido, fácil, barato e a maioria das pessoas não se arrepende”.
No caso do Los Angeles Dodgers, a equipe foi pioneira em incluir jogadores de diferentes etnias no beisebol em um esporte que era muito dominado por brancos. "Nós tivemos Jackie Robinson, primeiro jogador preto em 1947; Jan Heon Park, primeiro jogador coreano em 1944; Hideo Hinomo, segundo jogador japonês em 1995; e Fernando Valenzuela em 1981, que trouxe para perto nossa comunidade mexicana de Los Angeles. Então, temos muita história. Isso vale a pena ser visto”, completou Blythe.
Estrelas femininas em ascendência
Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o futebol (ou soccer) é mais tradicional entre as mulheres. O país conta com a seleção mais bem sucedida do futebol feminino mundial, tendo vencido quatro Copas do Mundo de Futebol Feminino e quatro medalhas de ouro olímpicas. No entanto, a luta por igualdade salarial e de tratamento também acontece. No País, a maior disparidade esportiva entre gêneros é observada no basquete, já que o beisebol e futebol americano nem possuem ligas femininas profissionais devidamente estabelecidas.
O principal método de entrada dos atletas para a NBA e a WNBA é o Draft, onde as franquias selecionam os principais jovens talentos universitários dos Estados Unidos e de equipes internacionais para integrar suas equipes em uma ordem de seleção determinada a partir da classificação no último campeonato, onde os times mais fracos têm prioridade nas escolhas para tentar trazer mais equilíbrio às ligas.
Dito isso, um caso recente para retratar a diferença entre salários no basquete masculino e femininos dos Estados Unidos são as mais novas estrelas Victor Wembanyama e Cailin Clark. Enquanto o jovem francês de 2,24 metros garantiu um contrato de quatro anos de US$ 55 milhões, sob o qual embolsou US$ 12,1 milhões em sua primeira temporada na NBA; a estadunidense que trouxe as maiores audiências do basquete nos Estados Unidos, incluindo a NBA, nos últimos cinco anos ganhará US$ 338 mil em quatro anos, de acordo com o acordo coletivo de trabalho da WNBA.
E o impacto de Clark será sentido na WNBA já este ano. Os ingressos para os jogos do Indiana Fever, franquia da WNBA que a draftou, experienciaram aumento dos preços e valores chegando até a casa dos US$ 600 para ver Clark jogar. Além de times, como Washington Mystics e Las Vegas Aces, que mudaram os jogos contra o Indiana Fever para arenas maiores, para comportar a maior demanda de ingressos para assistir à novata jogar e, claro, ganhar mais dinheiro.
Estes talentos femininos também são responsáveis por trazer luz à novos destinos dos Estados Unidos. Clark teve sua trajetória inteira no basquete universitário feminino na Universidade de Iowa. Para Jessica O'Riley, representante do destino, "Clark joga com muita intensidade e paixão, e trouxe uma nova atenção ao basquete feminino e ao Estado de Iowa, esgotando jogos em diversas ocasiões. Esperamos, que mesmo sem ela, conseguimos continuar a trazer fãs para torcer pelas Hawkeyes".
Mas, para os brasileiros, há uma estrela ainda maior no basquete feminino: Kamilla Cardoso. A gigante brasileira de 2,01 metros e natural de Montes Claros, Minas Gerais, foi escolhida pelo Chicago Sky na 3ª posição no mesmo draft que Clark. Mas a brasileira não fica de forma alguma atrás da estrela estadunidense. Cardoso e sua equipe universitária de South Carolina State inclusive derrotaram Clark e Iowa na final do basquete universitário feminino que antecedeu o draft.
Rich Gamble, do Choose Chicago, espera que "Kamilla e o Chicago Sky ajudem com Turismo do Brasil. Aliás, todos querem ver pessoas do seu país e cultura de origem, e apoiá-las. Chicago Sky ganhou o campeonato anos atrás, e agora com ela e Angel Reese - outra novata draftada em 2024 - temos um grande time e grandes expectativas para a temporada".
Praticando esportes nos EUA
Aliás, Colorado tem estações de esqui operadas por uma empresa com representação da Vertebratta no Brasil: a Alterra Mountain Company. Entre as montanhas operadas pela empresa, estão Mammoth Mountain, na Califórnia, Deer Valley Resort, em Utah, e Steamboat e Winterpark, no Colorado. E Patton Murray, gerente de Vendas Internacionais da empresa, explica que o Brasil é um mercado importante, tanto que conta com representação no País, com Sheila Nassar e a Vertebratta.
"Brasil é um mercado muito importante, com o qual estamos muito comprometidos. É um dos principais mercados internacionais e estamos investindo nos operadores para que conheçam os destinos e novidades, e assim aumentar o número de brasileiros. Atualmente, já trabalhamos com empresas brasileiras, como Ski Brasil, Snow Time, Snow Operadora, Interpoint e Landscape", explicou Murray.
Perguntado pela reportagem da PANROTAS sobre os destinos preferidos de brasileiros para esquiar nos EUA durante o IPW 2024, Murray explicou que varia muito dependendo da estação do ano e do nível do esquiador. Mas citou montanhas como Deer Valley Resort, em Utah, Mont Tremblant, no Canadá, e Mammoth, que opera durante a maior parte do ano na Califórnia e quebrou recorde de brasileiros recentemente.
Para brasileiros que esquiam bem, e viajam todos anos para isso, temos estações como Mammoth para os experientes; temos Deer Valley para turistas que buscam luxo e nível mais alto de serviço; e Big Bear Mountain Resort, também na Califórnia, é muito indicada para iniciantes, com dificuldade e custo mais baixo", explicou o gerente de Vendas Internacionais.
Revista PANROTAS Especial 50 anos
Esta matéria é parte integrante da Revista Especial de 50 anos da PANROTAS, onde você encontra várias histórias do Turismo nestas últimas cinco décadas, e também dicas e ferramentas para turbinar seu negócio.