CEO da Latam sobre Azul: é o acordo que mais fazia sentido
CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier dá a sua versão sobre o codeshare assinado com a concorrente
O codeshare assinado entre Latam Brasil e Azul amplia a malha de ambas as companhias com 50 rotas domésticas. E é justamente essa complementariedade que foi decisiva para o aperto de mãos entre as partes. Segundo o CEO da Latam, Jerome Cadier, tendo em vista o alcance das três grandes aéreas brasileiras, o compartilhamento que mais fazia sentido era exatamente o que foi anunciado nesta terça-feira.
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"Analisando as regiões brasileiras e as diferente redes de Latam, Azul e Gol, um codeshare entre Azul e Latam era o que mais fazia sentido, pois são as malhas com menos sobreposição", explica Cadier. "O trunfo do acordo é a complementariedade, pois a Azul tem aviões menores, que alcançam mais aeroportos, enquanto nós somos uma companhia de grandes hubs, de aeronaves maiores e rotas mais longas", completa o CEO da Latam.
Sua prioridade é proporcionar uma experiência melhor ao cliente Latam e, com 50 novas rotas disponíveis em todos os seus canais de vendas, em um só produto, em uma só compra, um só bilhete, com apenas um despacho de bagagem e um check-in, a Latam acredita ir ao encontro desta otimização. Melhorando a experiência do cliente, a curva de vendas ascende.
"O produto ficará melhor e a experiência do cliente também. Isso nos ajuda a vender mais, o que é o objetivo desse e dos outros vários codeshares com os quais já contamos", afirma Cadier.
FUTURO DA PARCERIA
O CEO segue a mesma linha abordada pela Azul quando o assunto é o futuro da parceria, isto é, sem querer dar um passo mais alto do que a perna, embora sem descartar uma evolução e uma relação ganha-ganha no futuro.
"Primeiramente a parceria é sub-regional. Pode evoluir em mais rotas, pode se tornar internacional no futuro, mas é preciso evoluir passo a passo. Precisamos firmar este primeiro passo, colocar o codeshare em prática, ver a produtividade do acordo e só então pensar uma expansão que é possível, mas não é prioritária agora."
Mais um aspecto que aponta que o resultado esperado desta parceria só aparecerá em médio/longo prazo é, claro, a demanda atual. "As vendas ainda estão muito baixas, embora a oferta já esteja no início de reaquecimento. Hoje vendemos mais do que vendíamos em abril, mas não pode ser chamado de retomada. Não tem retomada. Estamos conseguindo gradualmente. Não vai ser de uma hora para outra que o movimento voltará, pois cada cidade opera um cronograma diferente de liberação e movimentação de pessoas", lamenta Jerome Cadier.
"É difícil falar quantos passageiros a mais faturaremos por conta deste acordo. Muitas destas respostas só virão quando a parceria já estiver sendo executada, em uma sinalização de médio prazo. O cenário ideal é que a resposta já aparecesse em agosto, setembro, outubro..."
QUEM PROCUROU QUEM?
Latam procurou Azul ou vice-versa? "Em um codeshare todos os lados têm de querer", responde Cadier. "Em janeiro, a possibilidade codeshare entre as aéreas não estava sobre nossas mesas, não era uma alternativa. No entanto, esta crise é muito impactante, tal como seus desafios. Esta parceria é mais uma maneira que buscamos para escapar deste momento mais fortes. É difícil mencionar quem procurou quem. O acordo é mutuo."
SUPORTE DO GOVERNO FEDERAL
Jerome Cadier voltou a pedir velocidade do governo federal para com as companhias aéreas em relação ao suporte financeiro. "Sei da diferença entre os países e não quero comparar a magnitude, mas o governo norte-americano injetou R$ 250 bilhões nas companhias locais, enquanto por aqui estamos falando de algo em torno de R$ 2,3 bilhões. Claro que qualquer ajuda é bem-vinda, mas precisamos de agilidade nas decisões. Os países latinos têm menos recursos, mas é preciso entender que sem aviação o Turismo fica comprometido, a economia fica comprometida", clama o CEO da Latam.
"Já estamos na segunda quinzena de junho, e pelo que entendo não é só a Latam que precisa desse apoio urgente. Por menor que seja esse dinheiro, ele precisa vir logo, senão a demanda pode voltar e nós não termos capacidade de tirarmos os aviões do chão", conclui.