Rodrigo Vieira   |   11/12/2019 02:53
Atualizada em 11/12/2019 10:47

Mercado está ansioso, mas Delta e Latam "ainda não conversam"

Presidente da Delta, Fábio Camargo diz que ainda não se reuniu em nenhum momento com representantes da Latam para tratar do negócio; veja no Portal PANROTAS

Houve pouca variação no discurso dos consolidadores ouvidos pelo Portal PANROTAS na noite em que a Delta Air Lines agradeceu os parceiros por um 2019 que se encerra otimista. Pelo menos quando o assunto foi dólar e Latam, as opiniões dos concorrentes seguem praticamente a mesma linha de raciocínio.

Sobre a parceria entre a companhia norte-americana e a latina, eles estão animados e ansiosos com seus desdobramentos, mas sabem que os primeiros resultados tardarão a aparecer. "O resultado não será imediato e deve aparecer em dois, três anos. Em 2020 ainda há muito a resolver em termos de dissolução com a Gol, mudança de codeshare, entre outras pendências. O joint-venture pegaremos a partir de 2021", acredita o VP da Ancoradouro, Cassio Oliveira. "A pergunta é quem vai 'se casar' com a Gol."

Filip Calixto
Cássio Oliveira, da Ancoradouro
Cássio Oliveira, da Ancoradouro
Para o diretor-geral da RexturAdvance, Luciano Guimarães, Delta e Latam têm tudo para abrir excelentes oportunidades de negócios aos consolidadores. "São duas companhias que prezam pelo relacionamento com o trade, como são com a RexturAdvance, mas esse tipo de mudança demora a acontecer", afirma Luti, ansioso como Cassio Oliveira para ver as próximas peças se movendo. "Ano que vem será agitado em relação a quem a American escolherá para se juntar no Brasil."

Filip Calixto
Luciano Guimarães e Flávio Marques, da RexturAdvance
Luciano Guimarães e Flávio Marques, da RexturAdvance
Márvio Mansur, da Flytour Gapnet, enxerga parecido. "São companhias [Delta e Latam] parecidas na maneira de atuar com os canais de distribuição B2B, e ambas estão focadas em produtos visando o viajante corporativo. Essa similaridade vai facilitar as coisas", afirma o diretor, falando um pouco da estratégia da consolidadora para 2020. "Estamos focado na gestão interna, trabalhando produtos, antenados em ancillaries, alinhando equipe com as opções no terrestre, como o Seleto Seguro Viagem. Prontos para o que vem por aí."


O VP da BRT, Marco Di Ruzze, elogia a forma como a parceria Delta e Gol É conduzida, mas também não tem do que reclamar da nova parceria. "Uma parte considerável dos profissionais da nossa matriz são ex-funcionários da Latam e estão familiarizados com a maneira de trabalhar. Não sei quando começarão aparecer as mudanças, mas estamos lidando com duas aéreas de excelente produto e capilaridade. A integração será muito boa", afirma Di Ruzze. "Vale parabenizar Gol e Delta. No Projeto Paraná, em que a equipe da brasileira passou a se dedicar assuntos Delta para atender ao Estado, não perdemos nada na qualidade do atendimento. Tanto que por enquanto nada mudou, e os assuntos Delta são resolvidos com a equipe Gol."

Filip Calixto
Marco Di Ruzze, da BRT
Marco Di Ruzze, da BRT

FÁBIO CAMARGO: AINDA NÃO CONVERSAMOS

"É histórica", resume o diretor da Delta Air Lines no Brasil, Fábio Camargo, sobre a parceria com a Latam. "Mas ainda não dá para cravar nada. É um anúncio muito grande e acreditamos que ao longo dos próximos anos os benefícios serão extremamente positivos, mas por enquanto é uma carta de intenção. Tanto que aqui no Brasil ainda não conversamos", freia o executivo.

Filip Calixto
Fábio Camargo, da Delta Air Lines
Fábio Camargo, da Delta Air Lines
Camargo diz que ainda não se reuniu em nenhum momento com representantes da Latam para tratar do negócio. "Além do mais, ainda temos compromissos a arcar com a Gol, a quem agradecemos muito pelos vários de uma parceria brilhante", afirma. "Meu papel no momento não é lidar com a Latam. Eles estão conversando no Peru, Equador e na Colômbia e uma hora as coisas acontecerão aqui", conclui o diretor, "feliz pelo otimismo dos parceiros com a nova aliança que está por vir".

*Enquanto o evento acontecia, a Gol anunciava ao mercado que a Delta Air Lines vendeu os mais de 5% em ações que possuía na empresa brasileira.

DÓLAR ALTO E PREVISÕES

A alta do dólar não é pior do que a oscilação da moeda para os consolidadores ouvidos pela reportagem. "É melhor que fique estável, nem que esteja um pouco mais alto. O sobe e desce é o que a trabalha, pois demonstra instabilidade", afirma Luciano Guimarães.

André Sanajoti, da High Light, concorda. "A moeda oscila consideravelmente dentro de um único dia e essa instabilidade atrapalha, mas estamos lutando contra isso diariamente", afirma Sanajoti. "O dólar e o fator de ocupação estão aumentando o tíquete médio, o que acaba compensando. O importante é que nem corporativo e nem lazer estão deixando de voar", completa o executivo, prevendo, para 2020, a manutenção de alta no faturamento do grupo entre 10% e 15%.

Filip Calixto
André Sanajoti, da High Light
André Sanajoti, da High Light
Todos os consolidadores, cada um com seus desafios internos, acreditam em um 2020 refletindo as reformas e apresentando melhora na economia em relação a 2019, embora com crescimento tímido. É o que indicou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, no evento da Delta, e é o que a própria companhia aérea afirmou que seguirá, sem ampliar oferta sem as certezas de que o mercado reagirá.

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