"Situação da Voepass é de responsabilidade da própria empresa", diz CEO da Latam
Jerome Cadier descartou que a Latam tenha eventual responsabilidade na situação financeira da Voepass

O fim do acordo comercial com a Voepass, publicado em primeira mão pelo Portal PANROTAS, foi tema de pergunta da própria reportagem durante coletiva de resultados do primeiro trimestre de 2025 da Latam. O CEO Jerome Cadier aproveitou para descartar a responsabilidade da companhia em relação a atual situação financeira da companhia de Ribeirão Preto.
"Acho que tem que ficar claro que o término da parceria se deu principalmente pelo acidente ocorrido em agosto do ano passado e suas consequências. Também é importante ressaltar que hoje a Voepass não tem certificado para operar e transportar passageiros, o que, na minha visão, é mais uma justificativa para a decisão de encerrarmos o contrato de parceria", disse Jerome.
"Foi mencionado no pedido de recuperação judicial da Voepass uma eventual responsabilidade da Latam em relação à situação financeira da empresa. Acho importante esclarecer: não tem nenhum fundamento essa afirmação. A situação financeira da Voepass é de responsabilidade da própria Voepass. Como vimos nos últimos anos, era uma situação que já exigiu, na década passada, a entrada em recuperação judicial e posterior saída. Portanto, não há relação entre o contrato comercial que tínhamos e a situação de gravidade que eles enfrentam hoje"
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
Jerome também destacou que em rotas em que é possível operar aeronaves maiores do que os ATRs, a Latam já voltou com as operações, como, por exemplo, em Ribeirão Preto. "Também cuidamos dos mais de 100 mil passageiros que tinham passagem marcada entre janeiro e agosto deste ano. 95% deles já tiveram a viagem reembolsada integralmente ou executada em parceria com companhias como Gol ou Azul", destacou.
Em alguns casos, quando as cidades eram próximas, Jerome afirmou que foi utilizado até transporte terrestre (ônibus) para atender os passageiros.
"Cumprimos nossa responsabilidade da melhor forma possível. Agora, o processo seguirá conforme o que a recuperação judicial da Voepass determinar, além de um processo de arbitragem que já estava instaurado entre a Voepass e a Latam, antes mesmo do pedido de recuperação judicial"
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
A decisão da Latam aconteceu logo depois da Voepass entrar com um pedido na Vara Regional Empresarial de Ribeirão Preto (SP) de uma série de medidas que servem como preparação para o pedido de recuperação judicial. A companhia acumula mais de R$ 215 milhões em dívidas e ainda cobrava cerca de R$ 35 milhões da Latam.
Antes da suspensão das operações, a Latam comercializava voos da Voepass partindo de Congonhas, Guarulhos e Florianópolis para Presidente Prudente (SP), Juiz de Fora (MG), Ipatinga (MG), Joinville (SC), Galeão (RJ), Ribeirão Preto (SP), Santa Maria (RS) e Pelotas (RS). Havia ainda os voos entre Fernando de Noronha e Recife (PE).
Em março, a Latam já tinha informado que acompanharia os desdobramentos do anúncio realizado pela Voepass (reestruturação financeira) e seus efeitos futuros. Em janeiro, um erro no sistema fez com que os voos da Voepass sumissem do painel de vendas da Latam, mas na época nada tinha passado de um mal entendido, que acabou sendo devidamente esclarecido pelo Portal PANROTAS.
Mercado regional vai ficar para depois

A possibilidade de buscar alguma outra forma para explorar o mercado doméstico regional no Brasil ainda existe, mas é um plano que ficará para depois, como disse o executivo.
"Acho que, no momento atual, a decisão foi voltar a focar no nosso mercado mais tradicional, atendido pelas nossas aeronaves da família A320. No mercado regional, ainda enxergamos algum potencial de crescimento — como eu comentei, há algumas cidades que podem ser operadas com a família A320 —, mas a ideia inicial da parceria com a Voepass era conseguir chegar a cidades bastante menores do que aquelas em que já operamos hoje. Infelizmente, esse plano vai ficar para depois, vai ficar para mais tarde"
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
Segundo ele, ainda é preciso avaliar se existe uma oportunidade para usar uma frota diferente da família A320. Essa análise ainda está em andamento, mas, por enquanto, nenhuma decisão será tomada no curto prazo em relação a isso.
"Portanto, neste momento, acreditamos que o potencial de crescimento reafirmado no nosso guidance virá do nosso mercado tradicional mesmo — das cidades maiores, onde já operamos com a família A320. E, futuramente, vamos analisar outras alternativas para voltar a crescer em cidades menores", finalizou o CEO.