Cenipa: pilotos da Voepass relataram gelo severo; avião estava apto a voar
Pilotos comentaram sobre a presença de bastante gelo, mas em nenhum momento declararam emergência em voo
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou o relatório preliminar sobre o acidente da Voepass, que ocorreu no último dia 9 de agosto, matando 58 passageiros e 4 tripulantes. O ATR 72-500 da Voepass fazia o voo 2283 quando caiu em Vinhedo, interior de São Paulo.
O Cenipa deu detalhes preliminares sobre a aeronave, sobre os pilotos, a rota operada naquele dia e as condições meteorológicas de momento. Como o órgão informou, a previsão naquele dia era de gelo severo e de possível formação de gelo. No entanto, a aeronave era certificada para voar nestas condições, assim como os pilotos.
O Cenipa deixou claro que o piloto do avião da Voepass pediu à torre de aproximação de São Paulo para reduzir a altitude, sem qualquer emergência reportada, mas a torre negou este pedido por conta de uma outra aeronave que passava em rota convergente, mesmo numa altitude inferior.
O Cenipa informou ainda que o sistema de degelo foi ligado e desligado uma série de vezes pelos pilotos. Além disso, o órgão informou que os pilotos comentaram sobre um problema no sistema antigelo antes do voo e que aeronave voou por seis minutos com aviso de gelo sem que o sistema de degelo fosse ligado.
Principais considerações
- A aeronave estava aeronavegável e certificada para voo em condição de gelo
- Pilotos tinham treinamento específico para voos em condições de gelo
- Informações meteorológicas disponíveis antes do horário da decolagem
- Voo estava em condição de formação de gelo severo
- Tripulação não declarou emergência em nenhum momento
- Perda de controle da aeronave ocorreu em condições de formação de gelo
Informações gerais
- A aeronave estava aeronavegável e certificada para voo em condição de gelo
- Pilotos tinham treinamento específico para voos em condições de gelo
- A última manutenção da aeronave aconteceu no dia 24 de junho de 2023
- O último Daily Check da aeronave ocorreu no dia do acidente (9 de agosto)
- A previsão era de gelo severo e possibilidade de formação de gelo na rota entre 12 e 21 mil pés
- O ATR tem seu voo de cruzeiro padrão estabelecido entre 15 mil e 20 mil pés
- Às 13h21, o controle da aeronave foi perdido e ela ingressou em altitude anormal de voo
- Em nenhum momento, houve declaração de emergência do voo 2283 da Voepass
- Cenipa recebeu a notificação sobre o acidente às 13h37 e às 14h11 acionou a sala de crise
- Item Pack (fluxo de ar e climatização) do motor esquerdo estava inoperante, mas não impossibilitava o voo
- Sob estas condições, a aeronave tem que voar no teto máximo de 17 mil pés
- Sob estas condições, é preciso ter um aviso visual a tripulação
Sistema de proteção contra o gelo
- Aeronave tem dois sistemas de detecção de gelo nas asas
- Aeronave tem três níveis de sistema de proteção contra o gelo
- Sistema Antigelo (primeiro nível de proteção contra o gelo) é sempre ativado em qualquer voo
- Último nível de proteção é de degelo (não evitando mais, mas quebrando o gelo formado)
- Este último nível do sistema deve ser sempre ativado em caso de gelo severo
- Sistema antigelo não tem nada a ver com o Item Pack
- Alarmes são acionados na cabine quando a aeronave entra em condições propícias de gelo
- O sistema de degelo foi ligado e desligado uma série de vezes durante o voo
- Pilotos comentaram sobre a presença de bastante gelo
- Pilotos comentaram sobre problema no sistema de degelo antes do voo
- Aeronave voou por seis minutos com aviso de gelo sem que o sistema de degelo tenha sido ligado.