Legislação e altos custos travam evolução da JetSmart no Brasil, diz CEO
CEO da ultra low cost comenta como está a evolução da empresa no País
O alto preço do combustível, das taxas de embarque e, sobretudo, a regulamentação do setor aéreo são os fatores que afastam a ultra low cost chilena JetSmart de aumentar sua aposta e os investimentos no Brasil.
Em entrevista concedida ontem (25), Estuardo Ortiz, CEO da JetSmart, afirmou que o mercado brasileiro é altamente atraente e com potencial imenso, mas algumas questões dificultam a expansão por aqui.
"Para expandir nossa atuação, é fundamental que haja uma mudança na regulamentação. Isso permitiria um crescimento significativo da nossa presença no Brasil"
Estuardo Ortiz, CEO da JetSmart
As mudanças as quais ele se refere estão ligadas, primordialmente, ao custo operacional dos voos, que, em uma ultra low cost, é um fator crucial. De acordo com o dirigente, em todo o continente as taxas de embarque são altas e encarecem a operação da empresa, mas no Brasil o valor é ainda mais elevado. Soma-se a isso o alto preço do combustível, que no Brasil também está acima de outros países da região.
"O combustível no Brasil é um dos mais caros por galão em todo o mundo, e as taxas que os consumidores pagam também são um entrave. Esses problemas trazem insegurança para as operações"
Estuardo Ortiz, CEO da JetSmart
Ortiz cita também a questão das bagagens a peculiaridade do cliente da JetSmart, que, via de regra, não leva muitas malas. "Qualquer tarifa que inclui bagagem se torna mais cara. Na JetSmart, dependendo do país e do mercado, 40% dos passageiros não levam bagagem. Se somos obrigados a incluir na tarifa o custo que temos para cuidar do despacho dessas malas, estaremos cobrando por algo que esses passageiros não precisam", argumenta
O CEO defendeu ainda a flexibilização das regulamentações para favorecer o modelo ultra low cost no Brasil.
"Hoje em dia, estamos contentes de contribuir para que os clientes decidam se querem pagar pelo despacho de bagagem ou não. Falta no Brasil uma companhia aérea ultra low cost, mas se a regulamentação não mudar, isso dificultará nossa atuação. Deixe que o consumidor decida"
Estuardo Ortiz, CEO da JetSmart
Mesmo assim, mercado brasileiro é crucial para a JetSmart
Ortiz ainda ressaltou a importância do Brasil para a companhia aérea no atual momento. "O Brasil é um mercado fundamental. Iniciamos com nove rotas diretas, conectando Santiago e Buenos Aires a várias cidades brasileiras. Nosso foco agora é no crescimento da marca", afirmou.
O CEO destacou o potencial do mercado brasileiro, tanto no turismo quanto nos negócios.
"Que país incrível é o Brasil e que potencial enorme. Estamos focados em voos internacionais, aproveitando o fluxo consistente de passageiros nesses setores. As perspectivas de crescimento são boas tanto recebendo clientes em viagens de negócios como também no lazer"
Operação da JetSmart no Brasil e no continente
No Brasil, a JetSmart oferece nove voos diretos, incluindo as rotas recém-anunciadas Curitiba-Santiago (sazonal) e Curitiba-Buenos Aires. Outras rotas conectam Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo e Foz do Iguaçu a diversos destinos na América do Sul.
Além disso, a JetSmart oferece 16 opções de voos de conexão do Brasil para outros destinos, como São Paulo a Lima e Buenos Aires via Santiago do Chile, e Rio de Janeiro a Iquique, Antofagasta e Mendoza com conexão em Buenos Aires.
Em sua atuação geral nos oito países em que está presente, a companhia chegou 30 milhões de passageiros transportados, sendo 1 milhão deles embarcados apenas no atual mês de julho, melhor período de sua história. A empresa chega ao dia simbólico com 40 aeronaves em sua frota e planos para chegar a 100 aviões até 2028.
*Fonte: Leis e alto preço travam evolução da JetSmart no Brasil, diz CEO