CEO da Latam lamenta consequências da judicialização para o setor aéreo
Alto número de processos contra as companhias aéreas brasileiras encarece passagens
Se tem um fator que atrapalha o desenvolvimento do transporte aéreo comercial brasileiro e ainda encarece o preço das passagens aéreas, esse fator é a judicialização. O assunto voltou à tona recentemente para o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, que lamentou o alto número de processos contra as companhias aéreas brasileiras.
"O fato é que a quantidade de processos na justiça contra companhias aéreas aqui no Brasil é um fenômeno puramente local: nenhum país no mundo tem empresas aéreas pagando indenizações por atrasos e cancelamento de voos ou extravios de bagagem tão altas quanto as que existem aqui"
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
Segundo o executivo, não se trata de indenizações "um pouco mais altas", mas sim de valores 100 vezes ou até maiores em relação a outros países. "Estes custos altíssimos são obviamente repassados aos preços, fazendo com que viajar aqui seja mais caro do que poderia ser", revelou Jerome.
Por qual motivo o Brasil é diferente do resto do mundo?
Jerome Cadier respondeu ao próprio questionamento com certo sarcasmo. "Vejo duas hipoteses possíveis: as cias aéreas aqui são piores do que o resto do mundo e merecem então serem penalizadas (esperando assim que 'melhorem o serviço') ou o Brasil é mais inovador e descobriu um caminho para desenvolver a aviação que nenhum outro país no mundo encontrou", disse.
Sobre a primeira hipótese, Cadier disse que não sobrevive aos fatos. Segundo ele, as companhias brasileiras estão entre as mais pontuais do mundo, as que menos cancelam voos e os seus índices de perda ou dano em bagagem são a metade dos índices dos países mais desenvolvidos.
Sobre a segunda hipótese, o CEO da Latam Brasil se diz cético. "Isto tem um custo alto para todos (inclusive para o sistema judiciário brasileiro) e faz com que a aviação seja menos democrática, cresça menos e gere menos empregos. Seguir exemplos internacionais pode ser bom…principalmente quando somos os únicos 'diferentes'".