Latam diz que saída da Amadeus não é para estimular venda direta
Companhia aérea solicitou o cancelamento de acordos firmados com o GDS a partir de 1º de março
Na semana passada, a Latam Airlines informou, por meio de um comunicado enviado ao Portal PANROTAS, que em 14 de janeiro notificou o Tribunal de Nova York sobre a sua intenção de cancelar os acordos firmados com a Amadeus (especialmente seu produto de distribuição global - GDS) a partir de 1º de março.
Ainda sujeito à homologação do tribunal, o pedido faz parte da nova estratégia de distribuição da companhia aérea, que busca reduzir custos a fim de oferecer tarifas mais atrativas para o cliente final. A transportadora está também seguindo com seu compromisso com o NDC da Iata, que permitirá um relacionamento direto com as agências e uma distribuição com mais controle.
Mas como esta decisão impacta o trade e as agências de viagens? O que a saída da Amadeus significa para o mercado brasileiro? Segundo o diretor de Vendas e Marketing da Latam, Diogo Elias, nada mudará e todos os clientes continuarão recebendo o inventário da empresa chilena (e suas subsidiárias, como a Latam Brasil) normalmente. O conteúdo na Amadeus seguirá apenas até 28 de fevereiro.
“Estamos em um processo de transformação interno desde o começo da pandemia, com o Chapter 11, fechamento da filial na Argentina, reestruturação das equipes e, também, os contratos de distribuição. A Amadeus é parceira em várias outras frentes, mas chegamos em um ponto que não conseguimos mais evoluir na negociação comercial e, por conta até mesmo do Chapter 11, optamos por sair do contrato. Estamos aguardando a aprovação da corte norte-americana”, explica.
Para que o setor não seja impactado, a aérea está em contato com os agentes de viagens, informando as outras opções – canais diretos e outros GDS, como Sabre e Travelport, que continuam com o conteúdo Latam –, explicando como fazer a migração e tirando dúvidas para que o processo seja feito de forma "suave". Vale mencionar que o fim do acordo valerá globalmente.
NDC E AGÊNCIAS
Quanto ao NDC, Elias conta que o plano é que seja lançado ainda neste ano. O sistema próprio eLatam, que já está conectado à maioria dos clientes no Brasil e disponível em todos os países, já possui uma configuração mais avançada neste quesito e é uma evolução do NDC, segundo a empresa, mas a companhia continua trabalhando, construindo e revisando todas as frentes e opções.
O diretor de Vendas e Marketing da Latam esclarece ainda que no NDC são oferecidas as opções de opt-in e opt-out, com a distribuição de conteúdo completo ou reduzido, e que quem faz essa ponte é o GDS com as próprias agências. Não haverá restrições e tudo seguirá sendo distribuído normalmente. A única coisa que mudará é na hora da agência tomar a decisão, junto com o sistema de distribuição global, de qual conteúdo – tarifas, classes, horários etc. – será ofertado.
“Para nós, é muito importante o canal indireto, o relacionamento com as agências de viagens, corporativas, consolidadoras, OTAS e tours operators. Temos o nosso site e a função dele como canal de venda, mas, ao mesmo tempo, esperamos muito dos indiretos. A saída da Amadeus não é uma tentativa de estimular a venda direita, é uma relação comercial. Há muito antes para ser feito para estimular nosso site, balcão ou call center, como propagandas e fluxo de conversão, por exemplo. Não é essa a estratégia”, afirma Elias.
Apenas sob aprovação do Tribunal de Nova York, a decisão foi tomada e a companhia aérea segue distribuindo pelos outros GDS. A empresa também está deixando claro para os clientes que eles têm outras opções e que serão auxiliados para que a transição seja a mais seamless (sem tropeços) possível. Para bilhetes comprados até 28 de fevereiro para voar após 1º de março, nada muda. Caso seja preciso fazer uma alteração ou remarcação nestas passagens, a transportadora está preparando as agências – com protocolos e manuais de suporte – para que elas usem outra ferramenta, já que a da Amadeus não estará mais disponível a partir do primeiro dia do mês de março.
PROTESTO
Procurada pelo Portal PANROTAS, a Amadeus disse não concordar com o posicionamento da Latam e que as negociações com a companhia continuam. Na Argentina, o Foro Latinoamericano de Turismo (Folatur) protesta contra a decisão, criticando a criação do NDC e alertando que este movimento afetará a viabilidade das agências de viagens latino-americanas.
Confira o comunicado oficial da Amadeus a seguir.
"A Latam Airlines comunicou recentemente às agências de que notificou, nos Estados Unidos, o tribunal responsável pelo seu processo no Chapter 11 de que rejeitará o acordo de distribuição que possui com a Amadeus. Não concordamos com a ação proposta pela Latam e permanecemos em negociações com a companhia aérea para chegarmos a um acordo. Estamos trabalhando com a Latam para ajudá-la a lidar com o impacto dos atuais desafios no mercado e otimizar suas operações futuras durante este momento difícil, e continuaremos fazendo isso.
Na Amadeus, sempre buscamos, com nossos parceiros das companhias aéreas, chegar a acordos que beneficiem a todos: empresas aéreas, agências de viagens, a Amadeus e os viajantes, e que sejam sustentáveis no longo prazo. Neste momento, todo o conteúdo da Latam segue disponível para os agentes de viagens Amadeus."
Vale lembrar que até 2017 a Amadeus era a parceira preferencial da Latam no Brasil, incluindo sendo a responsável por toda a plataforma tecnológica da Latam. Com a fusão de Tam e Lan, prevaleceu a decisão da empresa chilena em migrar toda a plataforma para a tecnologia Sabre e a migração no Brasil ocorreu no começo de 2018. A Amadeus briga com o Sabre no Brasil pela liderança no País e é grande a quantidade de agências impactadas pela decisão. No caso das consolidadoras, geralmente elas trabalham com todos os GDSs e os agentes não sentirão tanto a saída da Latam do GDS Amadeus.
Ainda sujeito à homologação do tribunal, o pedido faz parte da nova estratégia de distribuição da companhia aérea, que busca reduzir custos a fim de oferecer tarifas mais atrativas para o cliente final. A transportadora está também seguindo com seu compromisso com o NDC da Iata, que permitirá um relacionamento direto com as agências e uma distribuição com mais controle.
Mas como esta decisão impacta o trade e as agências de viagens? O que a saída da Amadeus significa para o mercado brasileiro? Segundo o diretor de Vendas e Marketing da Latam, Diogo Elias, nada mudará e todos os clientes continuarão recebendo o inventário da empresa chilena (e suas subsidiárias, como a Latam Brasil) normalmente. O conteúdo na Amadeus seguirá apenas até 28 de fevereiro.
“Estamos em um processo de transformação interno desde o começo da pandemia, com o Chapter 11, fechamento da filial na Argentina, reestruturação das equipes e, também, os contratos de distribuição. A Amadeus é parceira em várias outras frentes, mas chegamos em um ponto que não conseguimos mais evoluir na negociação comercial e, por conta até mesmo do Chapter 11, optamos por sair do contrato. Estamos aguardando a aprovação da corte norte-americana”, explica.
Para que o setor não seja impactado, a aérea está em contato com os agentes de viagens, informando as outras opções – canais diretos e outros GDS, como Sabre e Travelport, que continuam com o conteúdo Latam –, explicando como fazer a migração e tirando dúvidas para que o processo seja feito de forma "suave". Vale mencionar que o fim do acordo valerá globalmente.
NDC E AGÊNCIAS
Quanto ao NDC, Elias conta que o plano é que seja lançado ainda neste ano. O sistema próprio eLatam, que já está conectado à maioria dos clientes no Brasil e disponível em todos os países, já possui uma configuração mais avançada neste quesito e é uma evolução do NDC, segundo a empresa, mas a companhia continua trabalhando, construindo e revisando todas as frentes e opções.
O diretor de Vendas e Marketing da Latam esclarece ainda que no NDC são oferecidas as opções de opt-in e opt-out, com a distribuição de conteúdo completo ou reduzido, e que quem faz essa ponte é o GDS com as próprias agências. Não haverá restrições e tudo seguirá sendo distribuído normalmente. A única coisa que mudará é na hora da agência tomar a decisão, junto com o sistema de distribuição global, de qual conteúdo – tarifas, classes, horários etc. – será ofertado.
“Para nós, é muito importante o canal indireto, o relacionamento com as agências de viagens, corporativas, consolidadoras, OTAS e tours operators. Temos o nosso site e a função dele como canal de venda, mas, ao mesmo tempo, esperamos muito dos indiretos. A saída da Amadeus não é uma tentativa de estimular a venda direita, é uma relação comercial. Há muito antes para ser feito para estimular nosso site, balcão ou call center, como propagandas e fluxo de conversão, por exemplo. Não é essa a estratégia”, afirma Elias.
Apenas sob aprovação do Tribunal de Nova York, a decisão foi tomada e a companhia aérea segue distribuindo pelos outros GDS. A empresa também está deixando claro para os clientes que eles têm outras opções e que serão auxiliados para que a transição seja a mais seamless (sem tropeços) possível. Para bilhetes comprados até 28 de fevereiro para voar após 1º de março, nada muda. Caso seja preciso fazer uma alteração ou remarcação nestas passagens, a transportadora está preparando as agências – com protocolos e manuais de suporte – para que elas usem outra ferramenta, já que a da Amadeus não estará mais disponível a partir do primeiro dia do mês de março.
PROTESTO
Procurada pelo Portal PANROTAS, a Amadeus disse não concordar com o posicionamento da Latam e que as negociações com a companhia continuam. Na Argentina, o Foro Latinoamericano de Turismo (Folatur) protesta contra a decisão, criticando a criação do NDC e alertando que este movimento afetará a viabilidade das agências de viagens latino-americanas.
Confira o comunicado oficial da Amadeus a seguir.
"A Latam Airlines comunicou recentemente às agências de que notificou, nos Estados Unidos, o tribunal responsável pelo seu processo no Chapter 11 de que rejeitará o acordo de distribuição que possui com a Amadeus. Não concordamos com a ação proposta pela Latam e permanecemos em negociações com a companhia aérea para chegarmos a um acordo. Estamos trabalhando com a Latam para ajudá-la a lidar com o impacto dos atuais desafios no mercado e otimizar suas operações futuras durante este momento difícil, e continuaremos fazendo isso.
Na Amadeus, sempre buscamos, com nossos parceiros das companhias aéreas, chegar a acordos que beneficiem a todos: empresas aéreas, agências de viagens, a Amadeus e os viajantes, e que sejam sustentáveis no longo prazo. Neste momento, todo o conteúdo da Latam segue disponível para os agentes de viagens Amadeus."
Vale lembrar que até 2017 a Amadeus era a parceira preferencial da Latam no Brasil, incluindo sendo a responsável por toda a plataforma tecnológica da Latam. Com a fusão de Tam e Lan, prevaleceu a decisão da empresa chilena em migrar toda a plataforma para a tecnologia Sabre e a migração no Brasil ocorreu no começo de 2018. A Amadeus briga com o Sabre no Brasil pela liderança no País e é grande a quantidade de agências impactadas pela decisão. No caso das consolidadoras, geralmente elas trabalham com todos os GDSs e os agentes não sentirão tanto a saída da Latam do GDS Amadeus.