Danilo Teixeira Alves   |   27/01/2020 18:37
Atualizada em 27/01/2020 18:38

Cade aprova compra da Embraer pela Boeing

. A autarquia concluiu que as empresas não concorrem nos mesmos mercados e que não há risco de problemas concorrenciais decorrentes da aquisição

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, nesta segunda-feira (27), a operação envolvendo Boeing e Embraer. A autarquia concluiu que as empresas não concorrem nos mesmos mercados e que não há risco de problemas concorrenciais decorrentes da aquisição. O despacho de aprovação do ato de concentração foi assinado hoje.


Divulgação
A operação analisada pelo Cade prevê duas transações. Uma delas consiste na aquisição pela Boeing de 80% do capital do negócio de aviação comercial da Embraer, que engloba a produção de aeronaves regionais e comerciais de grande porte (Operação Comercial). A segunda trata da criação de uma joint venture entre Boeing e Embraer voltada para a produção da aeronave de transporte militar KC-390, com participações de 49% e 51%, respectivamente (Operação de Defesa).

Para a análise da Operação Comercial, o Cade se baseou no segmento de aeronaves comerciais com capacidade entre 100 e 150 assentos, mercado considerado na operação. A avaliação feita pela autarquia concluiu que a operação não deve impactar negativamente os níveis de rivalidade existentes neste mercado, apesar de as condições de entrada no setor não serem favoráveis. Na verdade, a ampliação do portfólio da Boeing deve aumentar sua capacidade de exercer pressão competitiva contra a líder Airbus, empresa que domina esse mercado.

Já no âmbito da Operação de Defesa, o Cade analisou o mercado mundial de aeronaves tripuladas de transporte militar no qual se insere o KC-390, da Embraer, e as aeronaves C-40 Clipper e KC-46 A Pegasus, da Boeing. A autarquia concluiu que não existe possibilidade de exercício de poder de mercado, uma vez que a operação não representa a união dos portfólios de aeronaves de transporte militar das empresas, mas apenas a participação em um projeto comum.

O Cade concluiu que a operação resultará em benefícios para a Embraer, que passará a ser um parceiro estratégico da Boeing. Dessa maneira, a divisão que permanece na Embraer – aviação executiva e de defesa – contará com maior cooperação tecnológica e comercial da Boeing. Além disso, os investimentos mais pesados da divisão comercial, que possui forte concorrência com a Airbus, ficarão a cargo da Boeing.

Por essas razões, o Cade decidiu pela aprovação da operação sem quaisquer restrições. A análise do ato de concentração pela autarquia se deu sob aspectos estritamente concorrenciais.

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