Expectation Bias: entenda por quê solucioná-la pode zerar os acidentes aéreos
Especialista explica por que falhas humanas na aviação ainda acontecem - e adianta um meio de solucioná-las
O ano de 2017 foi o mais seguro da história da aviação comercial. Nenhum avião transportando passageiros, no mundo inteiro, sofreu qualquer tipo de acidente fatal. Isso não quer dizer, porém, que acidentes tenham deixado de existir, e com as falhas técnicas se tornando cada vez mais raras, os "erros humanas" seriam uma das poucas causas que ainda levam a quedas de aeronaves.
O evento Safe 2 Go, promovido nesta quinta (5) pela Gol, em São Paulo, para debater a segurança na aviação comercial, foi aberto com uma palestra que buscou explicar uma das razões que ainda leva a falha de humanos na aviação - e que, se corrigida pode, um dia, zerar completamente o número de eventualidades do tipo no setor aéreo: a chamada Expectation Bios (algo como "viés de expectativa").
"Observamos nos últimos anos um decréscimo no número de acidentes, fatalidades e qualquer outro tipo de evento negativo na aviação... Nosso desafio, porém, é acabar com eles por completo, passar de um, dois por ano para literalmente zero", explicou o presidente do Departamento de Ciências da Aviação Aplicada da Embry-Riddle Aeronautical University (ERAU, Flórida), Antonio Cortés, e que comandou a palestra "Expectation Bias, uma ameaça interna".
"Um meio de chegar nisso é erradicar os 'erros humanas', mas usar essa justificativa para qualquer acidente que não tenha falha técnica é um tanto pobre, você não soluciona o motivo do humano ter errado", explicou o especialista conhecido apenas como Tony.
O QUE É?
Segundo ele, um dos meios de erradicar tais falhas dos pilotos é acabar com a tal Expectation Bias: o termo representa as ações do dia a dia que tomamos baseadas no que presumimos que vai acontecer, mas que ainda não aconteceram. Ou seja, nos preparamos e já agimos de forma antecipada a algo que, inconscientemente, julgamos que deve acontecer em sequência.
Cortés exemplifica: "Em um jogo de baseball, por exemplo, a bola vai do arremessador ao rebatedor em um milésimo de segundo, é muito rápido para dar tempo do jogador pensar em rebatê-la; assim, para ele conseguir rebater, ele presume que a bola estará em um lugar específico em certo momento, e inicia o movimento da rebatida antes mesmo do arremessador soltar a bola. Isso é um exemplo de ação presumida de algo que inconscientemente 'sabemos' que vai acontecer.
O LADO NEGATIVO
O problema, porém, é quando isso acarreta erros por suposições: se um piloto está pronto para decolar na pista dois, por exemplo, pede autorização para a torre, mas ela autoriza a decolagem apenas da pista quatro, caso o capitão do avião já presuma antes que será autorizado para decolar da pista em que se encontra, pode não perceber que aquela não é a pista certa, gerando eventuais acidentes, como um choque com outro avião decolando ou pousando na mesma pista.
"Quando você já está na pista de decolagem, só esperando a autorização, está concentrado, e pode muito facilmente deixar passar que a torre solicitou a alteração da pista. Mas é só um exemplo, tem muitos outros modos que o efeito Expectation Bias podem interferir na atividade do piloto", explicou Tony Cortés.
Uma solução para tal adversidade, porém, não é impossível de se alcançar. Para ele, algumas mudanças simples na forma de controle do tráfego aéreo e comunicação com os pilotos (e entre eles) pode auxiliar nisso. Uma dica dele é que os pilotos compartilhem entre si alguma vez que já chegaram perto de sofrer algum acidente por presumir que algo ia acontecer, deixando os outros mais ligados nisso; outra dica é a forma como as ordens são dadas pela torre - mandar mensagens mais enfáticas quando alguma alteração do plano de voo ou da pista de aterrissagem ou aterrissagem aconteça.
"Falar que um acidente aconteceu por 'falha humana' é um jeito pobre de justificá-lo, pois você não tenta achar uma solução para tal erro - mas há soluções. Precisamos entender por que esses erros acontecem, para corrigi-los e assim evitar que eles se repitam", finalizou o professor de aviação da universidade de Embry-Riddle.
O evento Safe 2 Go, promovido nesta quinta (5) pela Gol, em São Paulo, para debater a segurança na aviação comercial, foi aberto com uma palestra que buscou explicar uma das razões que ainda leva a falha de humanos na aviação - e que, se corrigida pode, um dia, zerar completamente o número de eventualidades do tipo no setor aéreo: a chamada Expectation Bios (algo como "viés de expectativa").
"Observamos nos últimos anos um decréscimo no número de acidentes, fatalidades e qualquer outro tipo de evento negativo na aviação... Nosso desafio, porém, é acabar com eles por completo, passar de um, dois por ano para literalmente zero", explicou o presidente do Departamento de Ciências da Aviação Aplicada da Embry-Riddle Aeronautical University (ERAU, Flórida), Antonio Cortés, e que comandou a palestra "Expectation Bias, uma ameaça interna".
"Um meio de chegar nisso é erradicar os 'erros humanas', mas usar essa justificativa para qualquer acidente que não tenha falha técnica é um tanto pobre, você não soluciona o motivo do humano ter errado", explicou o especialista conhecido apenas como Tony.
O QUE É?
Segundo ele, um dos meios de erradicar tais falhas dos pilotos é acabar com a tal Expectation Bias: o termo representa as ações do dia a dia que tomamos baseadas no que presumimos que vai acontecer, mas que ainda não aconteceram. Ou seja, nos preparamos e já agimos de forma antecipada a algo que, inconscientemente, julgamos que deve acontecer em sequência.
Cortés exemplifica: "Em um jogo de baseball, por exemplo, a bola vai do arremessador ao rebatedor em um milésimo de segundo, é muito rápido para dar tempo do jogador pensar em rebatê-la; assim, para ele conseguir rebater, ele presume que a bola estará em um lugar específico em certo momento, e inicia o movimento da rebatida antes mesmo do arremessador soltar a bola. Isso é um exemplo de ação presumida de algo que inconscientemente 'sabemos' que vai acontecer.
O LADO NEGATIVO
O problema, porém, é quando isso acarreta erros por suposições: se um piloto está pronto para decolar na pista dois, por exemplo, pede autorização para a torre, mas ela autoriza a decolagem apenas da pista quatro, caso o capitão do avião já presuma antes que será autorizado para decolar da pista em que se encontra, pode não perceber que aquela não é a pista certa, gerando eventuais acidentes, como um choque com outro avião decolando ou pousando na mesma pista.
"Quando você já está na pista de decolagem, só esperando a autorização, está concentrado, e pode muito facilmente deixar passar que a torre solicitou a alteração da pista. Mas é só um exemplo, tem muitos outros modos que o efeito Expectation Bias podem interferir na atividade do piloto", explicou Tony Cortés.
Uma solução para tal adversidade, porém, não é impossível de se alcançar. Para ele, algumas mudanças simples na forma de controle do tráfego aéreo e comunicação com os pilotos (e entre eles) pode auxiliar nisso. Uma dica dele é que os pilotos compartilhem entre si alguma vez que já chegaram perto de sofrer algum acidente por presumir que algo ia acontecer, deixando os outros mais ligados nisso; outra dica é a forma como as ordens são dadas pela torre - mandar mensagens mais enfáticas quando alguma alteração do plano de voo ou da pista de aterrissagem ou aterrissagem aconteça.
"Falar que um acidente aconteceu por 'falha humana' é um jeito pobre de justificá-lo, pois você não tenta achar uma solução para tal erro - mas há soluções. Precisamos entender por que esses erros acontecem, para corrigi-los e assim evitar que eles se repitam", finalizou o professor de aviação da universidade de Embry-Riddle.