123 Milhas pede Recuperação Judicial
Agência de viagens alega estar vivendo a maior crise desde sua fundação, com dívidas de R$ 2,3 bilhões
A 123 Milhas entrou hoje na justiça com pedido de Recuperação Judicial. A agência de viagens on-line e outras empresas que compõem seu quadro societário alegam estar passando pela maior crise financeira desde suas fundações. O pedido, no qual constam dívidas superiores a R$ 2,3 bilhões, foi feito à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, que ainda não se manifestou.
A Recuperação Judicial pedida pela 123 Milhas tem objetivo de evitar que as empresas fechem as portas. Se autorizada, elas passam a contar com prazo pra operar enquanto negociam suas dívidas. Somente em Minas Gerais, seu Estado de origem, a empresa responde por quase 1 mil ações na Justiça.
Lembrando que o Ministério Público pediu bloqueio de R$ 20 milhões da 123 Milhas e de dois de seus sócios, a fim de arcar com futuras indenizações aos consumidores lesados.
"A despeito de suas histórias vencedoras, as Requerentes estão enfrentando a pior crise financeira desde suas respectivas fundações - a 123 Milhas em 2016, a Art Viagens em 2009, e a Novum em 2017 -, decorrente da cumulação de fatores internos e externos, que impuseram um aumento considerável de seus passivos nos últimos anos", aponta um trecho do documento.
"A delicada situação econômica das Requerentes foi, inclusive, noticiada recentemente em vários sites da internet, após a 123 Milhas comunicar ao público a necessidade de suspender a emissão dos produtos adquiridos por meio do Programa Promo123 previsto para os meses de setembro a dezembro de 2023, criado pelas Requerentes em 2021."
No pedido de Recuperação Judicial, a 123 Milhas aponta ainda que o cenário esperado por ela em relação ao modelo de pacotes flexíveis não se concretizou, o que ocorreu devido a fatores alheios à sua vontade, que acabaram impossibilitando a emissão dos bilhetes adquiridos pelos clientes do Programa Promo123.
"Com efeito, a Requerente 123 Milhas reconhece que os resultados previstos mediante estudos preparatórios do Programa Promo123 acabaram não sendo atingidos, porque, por exemplo, se acreditava que para cada voo vendido, o cliente também adquiriria outros produtos atrelados à viagem (reservas de hospedagem, passeios etc.), mas isso acabou não ocorrendo na prática. Ainda, pode-se notar que o cliente do produto Promo123 é diferente dos demais clientes da companhia, uma vez que apenas 5% (cinco por cento) dos clientes frequentes da 123 Milhas efetivamente compraram os produtos do Programa Promo123, percentual muito inferior ao previsto e que impediu a efetivação do cross sell esperado", alega a requerente da recuperação judicial.
Comunicado da 123 Milhas sobre Recuperação Judicial
Procurada pelo Portal PANROTAS, a 123 Milhas enviou comunicado a respeito do pedido de Recuperação Judicial. Confira a seguir:
Belo Horizonte, 29 de agosto de 2023 - A 123 Milhas informa que protocolou hoje (29/08) no Tribunal de Justiça de Minas Gerais um pedido de Recuperação Judicial. A medida tem como objetivo assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores. A Recuperação Judicial permitirá concentrar em um só juízo todos os valores devidos. A empresa avalia que, desta forma, chegará mais rápido a soluções com todos os credores para, progressivamente, reequilibrar sua situação financeira.
A 123 Milhas ressalta que permanece fornecendo dados, informações e esclarecimentos às autoridades competentes sempre que solicitados. A empresa e seus gestores se disponibilizam, em linha com seus compromissos com a transparência e a ética, a construir conjuntamente medidas que possibilitem pagar seus débitos, recompor sua receita e, assim, continuar a contribuir com o setor turístico brasileiro.
Leia o pedido de Recuperação Judicial da 123 Milhas na íntegra:
O caso 123 Milhas
- Em 18 de agosto, a 123 Milhas suspendeu as vendas flexíveis e anunciou reembolso a clientes com vouchers
- No dia seguinte, a 123 Milhas entrou na mira dos ministérios do Turismo e da Justiça
- Em 21 de agosto, a Senacon entrou na jogada contra a 123 Milhas
- No mesmo dia, o Ministério do Turismo suspendeu o Cadastur da 123 Milhas
- 123 Milhas tem conta bloqueada pela justiça para reembolsar cliente
- O CEO da Latam atacou a maneira de atuação da 123 Milhas e de outras OTAs milheiras e de pacotes flexíveis
- Associações de Turismo comentam o caso 123 Milhas
- Empresas do grupo 123 Milhas, Hot Milhas e MaxMilhas também sofrem com a crise e tomam medidas para estancá-la
- Sócios da 123 Milhas são obrigados a ir à CPI das Pirâmides Financeiras