Bruno Hazov   |   18/09/2023 13:35

Mercado externo já enxerga recuperação econômica do Brasil, diz Sardenberg

Carlos Alberto Sardenberg analisa as ações macroeconômicas do País e índice de confiança do mercado


PANROTAS / Emerson Souza
"Inflação e taxa de juros do Brasil estão em evidente queda", comenta Carlos Alberto Sardenberg durante a 1ª palestra do 5º Fórum Nacional de Hotelaria
Durante a abertura do 5º Fórum Nacional de Hotelaria, realizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), o jornalista Carlos Alberto Sardenberg realizou a primeira apresentação do dia, com dados sobre a recuperação da economia brasileira. Segundo o jornalista, o bom desempenho da economia está atraindo o interesse de investidores, que estão confiando na recuperação do Brasil.

De acordo com ele, a intervenção estatal durante a pandemia, colocando dinheiro na economia - e na mão da população – com ações como o auxílio Brasil –, foram efetivas para o controle da inflação e para a positiva retomada econômica que estamos vivendo.

"Estamos em processo claro de queda de inflação e redução da taxa básica de juros, inclusive para o ano que vem. E é essa a perspectiva do mercado para o Brasil. O cenário de estabilidade também se aplica ao dólar, que deve ficar em torno dos R$ 5 também para o ano que vem, sem altas significativas"

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista da CBN e Globo

O comércio externo do Brasil gera constantes superávits, o que faz com que a moeda norte-americana circule bastante na economia brasileira, conferindo ao Brasil uma razoável reserva de dólares, fator importante para o bom desempenho de qualquer país. Em contraponto, a Argentina, que não possui praticamente reserva de dólar, tem hoje sua economia fortemente afetada.

O governo também acertou no que não fez, como reestatizações e quebra da independência do Banco Central. Essas ações, antes em pauta, foram melhor pensadas e abandonadas pelo atual governo. Entre os acertos, destaque para a aprovação, no congresso, do arcabouço fiscal e da reforma tributária, que projetam o Brasil a um novo grau de investimento.

Sardenberg também mostrou dados sobre emprego, que apresentou ganho expressivo no último ano, com 20 milhões de contratações a mais no período pós-pandemia. Todos esses dados mostram a recuperação e volta aos níveis normais de atividade econômica.

Crescimento limitado

Apesar do tom otimista, o economista alerta para a falta de infraestrutura da economia brasileira, que não permite que o setor econômico cresça acima de 3%. "Por mais que a economia vá bem, o crescimento sempre será limitado devido à baixa capacidade estrutural da indústria brasileira e do baixo grau de investimento no País", explica.

"A expectativa do governo é a de arrecadar mais de R$ 100 bilhões neste ano e R$ 168 bilhões no ano que vem. Porém, essa expectativa não deve se cumprir", concretiza o economista.

Alta no Turismo e setor de Serviços

No setor de serviços, o crescimento foi bem maior que o esperado pelo mercado e pelos economistas, com alta de quase 13% em relação ao registrado em janeiro de 2020 (mês pré-pandemia), mas ainda abaixo de dezembro de 2020 0,9% – ano do melhor registro histórico do setor. O crescimento do setor de Turismo no último ano é de quase 8%, sendo que restaurantes, hotéis e bares estão um pouco abaixo (1,7%) do período pré-pandemia, mas em constante crescimento.

Na comparação anual entre julho de 2022 e julho de 2023, as passagens aéreas tiveram alta de quase 10%, porém, devido ao elevado preço das passagens, o volume ainda é bem menor que o registrado antes da pandemia, quando as passagens estavam mais acessíveis economicamente. Esse crescimento, aparentemente expressivo, se deve ao fato de praticamente não haver voos durante o período mais crítico da pandemia.

Por fim, Sardenberg elencou algumas ações para retomar ainda mais rapidamente o crescimento, superando, inclusive, índices do período pré-pandemia. Além das ações já realizadas, como a reforma tributária, ajuste fiscal e o combate à inflação, o economista prevê investimentos em escolas públicas, mais privatizações e a abertura econômica.

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