Bahia e Ceará lideram investimentos no Nordeste; custo alto freia Turismo
Foram anunciados aportes de R$ 67,1 bilhões para o Nordeste em dezembro do ano passado
Recentemente, a Baker Tilly - uma das maiores empresas globais de consultoria e auditoria - realizou um webinar, em parceria com a plataforma de conteúdo sobre mercados emergentes EMIS, para discutir ferramentas para captação de recursos para a expansão de negócios no Nordeste. Com exclusividade ao 100x Brasil, a consultoria analisou investimentos na região e sua repercussão na atividade turística de destinos nordestinos.
Em dezembro do ano passado, foram anunciados investimentos de R$ 67,1 bilhões para o Nordeste, com destaque para o Estado da Bahia, que recebeu R$ 27 bilhões em recursos e para o Estado do Ceará, que contou com aportes de R$ 16 bilhões. Os valores estão abaixo dos investimentos da iniciativa privada, que injetou quase R$ 120 bilhões na região em 2021.
Para a consultoria, embora a região apresente crescimento exponencial de investimentos, há uma deficiência grande na infraestrutura, como rodovias e malha viária, que inviabilizam novos empreendimentos e recursos, sobretudo estrangeiros, na região. Os investimentos federais (que representam apenas 1,7% do PIB) e mesmo os aportes privados, não são suficientes para cobrir a depreciação e expandir a infraestrutura de Estados nordestinos no curto ou médio prazo.
Repercussão na atividade turística
Segundo a consultoria, estão previstas obras de infraestrutura rodoviária que podem expandir o Turismo no Nordeste, como a duplicação das rodovias BR-101, principal acesso para Bahia e Sergipe, e BR-116, que liga Fortaleza ao extremo Sul do País. Outro destaque que deve afetar positivamente a atividade turística é a construção da ponte Salvador-Ilha de Itaparica, que será a maior ponte da América Latina, com 12,4 quilômetros de extensão, conectando Salvador com um dos destinos mais buscados pelos turistas, sem necessidade de balsas.
Na análise de Cristiano Di Girolamo, sócio-líder da Baker Tilly Salvador, o Nordeste deve atingir apenas 80% ou 90% do nível de ocupação hoteleira quando comparado com o período pré-pandemia.
Segundo comentou o executivo ao 100x Brasil, a abertura de mercados internacionais compete com destinos brasileiros, sobretudo por conta dos elevados custos de passagens aéreas e hospedagem, que tornam outros países mais atrativos em termos de custo do que o Brasil.
Cristiano Di Girolamo
“A perspectiva de novos empreendimentos hoteleiros na região Nordeste para os próximos anos é baixa, devido aos elevados custos da construção civil. Enquanto o ambiente político continuar instável, com guerra no Exterior, novos empreendimentos hoteleiros devem surgir apenas para suprir a demanda de hotéis que fecharam durante a pandemia, tentando igualar os níveis de ocupação de 2018/19”, explica o executivo.
Girolamo também revelou ao 100x Brasil que a concorrência com os chamados short-term rentals, como Airbnb, obrigará a rede hoteleira a reajustar suas tarifas para competir em pé de igualdade com opções mais baratas de hospedagem. Outra aposta será no aumento de viagens corporativas, que devem voltar a acontecer com mais frequência com a normalização das atividades empresariais.
Investimentos
Apesar do baixo impacto no setor turístico, a consultoria vê com bons olhos os recentes investimentos, sobretudo nas áreas de saneamento básico, bioenergia, petróleo e gás. Outras políticas públicas, como concessões e privatizações, também afetam positivamente a infraestrutura da região como um todo.
“O Nordeste tem sido privilegiado por operações de infraestrutura, principalmente operações incentivadas pelo governo, como concessões, privatizações e melhorias da malha viária. Nos últimos anos, a região também tem sido celeiro para empresas de tecnologia – muitas startups iniciando e consequentemente muitas transações acontecendo. Em 2022, 52% das operações foram feitas nas áreas de informática e de internet. Outro setor que está se destacando é o da energia”
Henrique Premoli, sócio da Baker Tilly no Brasil.