Turismo deve movimentar R$ 9,8 bilhões em São Paulo no 2º semestre
Levantamento é da SPTuris, que prevê movimentação de 6,5 milhões de pessoas em eventos na capital até 2025
Para entender melhor os impactos do novo ativo e de todos os eventos que ocorrem na capital neste segundo semestre, o 100x Brasil conversou com Gustavo Pires, presidente da SPTuris, que revelou as expectativas de geração de emprego e movimentação financeira esperadas em São Paulo, onde são esperados 6,5 milhões de participantes em grandes eventos entre agosto e novembro - representando o quadrimestre mais movimentado da cidade, segundo a entidade.
100X BRASIL - Qual a expectativa de ocupação hoteleira na cidade durante este segundo semestre?
GUSTAVO PIRES - É positiva, pela quantidade de eventos, porém o setor ainda tem oscilações. Olhando para o primeiro semestre, por exemplo, tivemos o resultado muito bom em março, com índices superiores ao período pré-pandemia, porém nos dois meses seguintes houve uma pequena retração, não muito grave, puxando as médias para baixo.
Por outro lado, houve recuperação no valor das tarifas. Estamos otimistas com o segundo semestre pois teremos o aquecimento natural do setor de feiras e eventos comerciais, entre setembro e outubro, principalmente, além de uma grande oferta de entretenimento, entre setembro e o início de dezembro, como os festivais The Town e Primavera Sound, além de diversos shows com poder de atração de turistas.
100X BRASIL - Qual a expectativa de geração de empregos no setor de Turismo e eventos, que inclui bares e restaurantes?
GUSTAVO PIRES - Este é índice mais significativo entre todos os que acompanhamos: a oferta de empregos formais. Temos acumulado resultados positivos sucessivos nos últimos 18 meses, com as baixas naturais e esperadas nos meses de janeiro.
Ano passado fechamos com o saldo de 36 mil empregos formais; este ano, pelos resultados acumulados até junho, 16 mil, devemos ultrapassar novamente os 30 mil. Daí a importância da captação de mais eventos, carreando investimentos que tenham impacto no mercado trabalho.
100X BRASIL - Qual evento deve atrair maior número de visitantes no 2º semestre?
GUSTAVO PIRES - Os inéditos, naturalmente, chamam mais atenção. No caso do segmento de entretenimento há uma expectativa grande quanto ao The Town, que segundo os organizadores, deve chegar a 500 mil pessoas.
Considerando a média de 15% a 25% de turistas e visitantes, trata-se de uma injeção de público nada desprezível, justamente pelo ineditismo. Teremos outros eventos simbolicamente importantes e consolidados, como a Fórmula 1, que tem o maior tíquete médio dos turistas, de mais de R$ 4,5 mil, e que contribui com as reservas antecipadas de hospedagem.
100X BRASIL - Qual o impacto financeiro esperado com estes eventos? Qual terá o maior impacto?
GUSTAVO PIRES - Em valores estimados, o Turismo deve movimentar cerca de R$ 9,8 bilhões na economia paulistana no segundo semestre. As métricas passam por revisão constante, porém como temos uma base sólida – a agenda consolidada de eventos – é possível prever algo próximo a esse valor. Naturalmente trabalhamos para que seja sempre maior. Entre as montagens consolidadas a Fórmula 1 seguirá como um dos destaques, porém já não será o único. É essa multiplicidade o principal atributo da cidade.
100X BRASIL - Qual segmento será o mais representativo? Shows, negócios, esportes?
GUSTAVO PIRES - O segmento de eventos comerciais, o MICE, seguirá como destaque. E que bom que seja assim, pois é o turista que mais gasta na cidade. Porém, com felicidade vemos as montagens, digamos, de “contrafluxo”, se destacando e mantendo o dinamismo econômico do setor de Viagens e Turismo. Se as grandes feiras e congressos acontecem de terça a quinta-feira, principalmente, as montagens culturais, como os shows com grandes nomes, elevam o consumo aos finais de semana. Usando o mesmo exemplo de março de 2023, aos finais de semana foi registrada a melhor média de taxa de ocupação os últimos dez anos – 74%. Foi o mês que tivemos Coldplay, Fórmula E e Lollapalooza.
100X BRASIL - Comparando com o ano passado e com 2019 (pré-pandemia), temos um crescimento significativo neste ano de 2023?
GUSTAVO PIRES - De forma generalizada ainda não, apesar da grande recuperação. Não temos dados precisos sobre o emissivo, mas a impressão é que este, sim, já se recuperou. Da mesma forma, o mercado de eventos foi bem no primeiro semestre e será positivo no segundo.
No mercado receptivo, considerando apenas os índices oficiais, estamos pouco abaixo no internacional (visitantes estrangeiros), porém com viés de alta. A hotelaria tem tido meses melhores ou pouco abaixo de 2019 em um ou outro mês e os passageiros de rodoviário também não voltaram ao mesmo número de 2019.
É interessante observar um paradoxo: o mercado de eventos se recuperou, os centros de feiras estão com excelentes taxas de ocupação, porém, esse bom desempenho não se espraiou pelos demais serviços turísticos. Precisaremos continuar olhando para o mercado para entender o que está acontecendo.
100X BRASIL - Qual a expectativa de aumento de eventos no Distrito Anhembi após a entrega prevista para 2024 e, depois, para o espaço que tem sido chamado de Arena São Paulo?
GUSTAVO PIRES - Esse grande complexo, o Distrito Anhembi, é a história do setor de eventos comerciais do País. Hoje já há 30 eventos agendados entre o 28 de maio, quando será concluída sua reforma, até agosto. Mais que expectativa, temos acompanhado com satisfação essa performance. Demonstra o quanto o mercado está otimista para este novo Anhembi.
E o mais interessante é que as obras estão sendo feitas com o Pavilhão, principal equipamento, funcionando. Irão modernizar e tornar mais amigável a circulação, além de apresentar uma área de congressos mais adequada às necessidades dos encontros profissionais. Um investimento significativo, 100% privado.
Já a Arena São Paulo, nome que temos usado enquanto não é fechado um contrato de naming rights, é inédita. Trabalhamos com a expectativa de inauguração em 2025, mas sabemos dos desafios de uma intervenção tão grande. Um equipamento que coloca São Paulo entre as cidades globais que podem receber eventos que demandem esta qualidade. Permitirá montagens que hoje não vêm para o Brasil, o que impactará positivamente a cidade de diversas maneiras: gerará empregos durante a construção e depois, pelos anos de concessão, com eventos certamente emblemáticos.