Turismo para todo tipo de turista
Mergulhos, grutas, monumentos históricos, barquinhos coloridos, catedrais... veja o que Malta oferece
Mas, afinal, o que há para ver em Malta? Essa é a parte boa, e quase surpreendente. Num arquipélago que não tem mais do que 316 km²- e isso é um quinto da área da cidade de São Paulo – há atrações para todos os gostos. Veja os principais locais.
Valletta, a capital
Principal cidade do país, Valletta também é o centro administrativo e comercial de Malta. A parte histórica, a antiga cidade murada, oferece uma vista impressionante do porto, considerado um dos mais belos do Mediterrâneo, e das chamadas Três Cidades, do outro lado da baía.
Valletta também abriga a co-catedral de São João (a catedral master está em Mdina), com uma decoração absolutamente incrível. Pense em algo como catedral de São Pedro, no Vaticano, e reduza para proporções maltesas. De quebra, a co-catedral abriga a maior tela pintada por Caravaggio, que passou algum tempo nas ilhas.
Ainda em Valletta, o Palácio do Grão-Mestre é outro must. Recentemente renovado, abriga várias salas com objetos históricos, mas, sem dúvida, a grande atração é o extenso arsenal, com centenas, talvez milhares de armaduras, espadas e congêneres, dos diversos séculos de história.
A rua principal de Valletta é cheia de vida, com belos prédios como o novo Parlamento e a antiga biblioteca, mas também com lojinhas, restaurantes e cafés. Um dos mais famosos é o Café Cordina, instalado em um antigo Palazzo com tetos decorados. Ideal para um café com docinho (há vários, incluindo canoli sicilianos e delícias com pistache), ou para um almoço rápido. Qualquer refeição ganha outra vida com um bom ambiance.
Mdina, a mais antiga
A cidade de Mdina tem uma história tão antiga que nem os malteses sabem dizer quando ela começou. O que se sabe é que lá foi uma fortaleza romana, mas esses também aproveitaram algo que os cartaginenses haviam construído... então, dá-lhe séculos.
O nome atual foi dado pelos árabes (Medina), e encurtado com o tempo. Os árabes também reduziram a área da antiga fortaleza romana, e o que ficou de fora virou Rabat, ou “arredores, subúrbio”, em árabe. Na prática, hoje, Mdina e Rabat são um único centro urbano. Mas Mdina está intramuros e, até por isso, tem uma circulação menor de carros e pessoas. Mas tem adoráveis ruelas tortas, com casas de pedra antiquíssimas, alguns hotéis de charme como o Xara Palace ou o Palazzo Bifora. E abriga a catedral de São Paulo – mais antiga que a de São João, em Valletta.
Parêntesis importante: a catedral é de São Paulo porque... São Paulo esteve ali! Em suas viagens de pregação, o apóstolo Paulo naufragou na costa de Malta, e foi levado para a antiga fortificação romana (hoje Mdina). Foi bem recebido, e diz a lenda que passou algum tempo na ilha, morando em uma gruta perto de Rabat. O local do naufrágio é conhecido hoje como baía de São Paulo, abriga vários hotéis de veraneio, como o AX Odycy, e também o Aquário de Malta.
Findo o parêntesis, voltamos a Rabat, a parte fora dos muros de Mdina, mas grudada a ela. Aqui, as casas de pedra com varandas de madeira fechadas dão um charme todo especial às ruelas estreitas. Com mais acesso que a vizinha, Rabat desenvolveu uma certa vida noturna, com bares e restaurantes escondidos após o ângulo das esquinas.
Em Rabat, é possível ver um traço forte da cultura maltesa- sua fé católica. Toda casa maltesa tem, na sua porta, algum tipo de referência ao seu santo de devoção. Às vezes é uma pintura, às vezes uma pequena estátua, às vezes uma cerâmica decorada. Seja o que for, o adorno faz referência à devoção dos donos da casa. Em Rabat, São José, padroeiro municipal, é um dos preferidos. Mas espere ver esses adornos por toda a ilha, com santos variados.
Mosta e sua Rotunda
A pequena cidade de Mosta (uma redundância, todas são pequenas em Malta), tem como atração sua Rotunda, uma igreja que lembra muito o Panteão de Roma. E lembra porque foi inspirado no monumento italiano. Poderia ser só uma igreja redonda se não abrigasse também uma história de milagre. Durante a Segunda Guerra, Malta serviu de apoio aos britânicos e, por isso, era alvo frequente de ataques do Eixo. Um certo dia, trezentas pessoas rezavam na Rotunda de Mosta, e um ataque aéreo surgiu, indetectado. Uma enorme bomba foi lançada, rompeu o teto e caiu no chão da igreja, sem explodir. O que seria uma tragédia, virou milagre. Uma réplica da bomba está em exposição na sacristia de Rotunda, e é possível visitar o abrigo onde os fieis deveriam estar, se tivessem sido avisados do bombardeio.
St Julian e Sliema, queridinhos dos brasileiros
Logo ao norte de Valletta está uma península e, em seguida, uma baía. Na península está Sliema; na baía, St Julian. Ambos com características que brasileiros adoram: são centros urbanos que reúnem vida noturna, bons restaurantes, compras e diversão (incluindo aqui cassinos). Se em Valletta a noite dá uma morrida, em Sliema e St Julian ela é uma criança. Não por acaso há grandes hotéis como Marriot, Hilton e Corinthia nessa área. Ela é de longe a mais procurada, em especial por grupos. E de St Julian e Sliema sempre é possível pegar um barco-táxi e chegar a Valletta em questão de minutos.
Marsaxlokk e os barquinhos coloridos
No sul da ilha de Malta, em uma grande baía, está a pitoresca Marsaxlokk. É um vilarejo de pescadores, e invariavelmente a praia vai estar forrada dos típicos barquinhos coloridos, ancorados à espera dos turistas. Marsaxlokk tem um calçadão com feirinha de artes, diversos restaurantes pé-na-areia e também é ponto de partida para passeios de barco pela baía.
Os gentis pescadores-barqueiros fazem navegação panorâmica pelos costões de pedra escavados pelo mar, com direito a entrada em algumas grutas, ou podem levar o turista para locais especiais para banhos de mar - geralmente pedras furadas que permitem saltar nas águas tépidas do Mediterrâneo.
A Gruta Azul
Já falamos que Malta é formada por pedra calcárea que, tipicamente, é fácil de ser desgastada pela ação do mar. Malta, Gozo e Comino possuem diversas formações nas pedras, escavadas pela água. A mais famosa certamente é o Blue Grotto, ou Gruta Azul, um dos cartões postais da ilha. Dá para só vê-lo do alto, que é de onde vem a foto famosa, ou dá para pegar um barquinho e passar no meio dos arcos de pedra.
Em Gozo, há um vilarejo chamado St Lawrence de onde os barquinhos partem para visitar as grutas da região. A diversão é que, para chegar ao mar aberto, é preciso passar por uma estreita abertura na rocha. A locação contava com um arco de pedra, chamado Azure Window, que infelizmente desmoronou há alguns anos. Mas, antes de cair, serviu de pano de fundo para o casamento de Daenerys Targarian e Kahl Drogo na série épica Game of Thrones.
Segundo parêntesis importante – Malta é pródiga em servir de locação para gravações de cinema e TV. Desde o longínquo Popeye com Robin Willians até o ainda inédito Gladiador 2, passando por Gladiador (o primeiro), Troia, Capitão Phillips, Assassinato no Orient Express, Napoleão e até mesmo Jurassic World! Há uma área na entrada do porto de Valletta com dedicação exclusiva às produções cinematográficas.
Hagar Qim e Mnajdra, a Stonehenge maltesa
Já foi dito que a história de Malta é muito antiga. Mas muito mesmo. Na parte sudoeste da ilha de Malta estão as ruínas arqueológicas de Hagar Qim e Mnajdra, que remontam a três mil anos antes de Cristo. Assim com Stonehenge, na Inglaterra, são templos de pedra cuidadosamente construídos com alinhamentos astronômicos, e se supõe que tinham função religiosa e de marcação de tempo. Mas, ao contrário da prima inglesa, Hagar Qim e Mnajdra permitem que você caminhe por entre as pedras, numa experiência muito mais imersiva.
Atividades no mar, é claro
Sendo uma ilha, Malta tem muito mar. Mas há mares e mares, e o de Malta está na categoria dos bons. Ao menos para quem gosta de mergulho, em especial com cilindro. Há diversos naufrágios e afundamentos ao redor da ilha, e também bons ventos para práticas como o kite surf. Já ondas... não há tantas.