ILTM e PANROTAS lançam Anuário de Luxo 2024/2025 no Rio de Janeiro
Evento no Fairmont Copacabana reuniu players para debater os rumos das viagens de alto padrão
RIO DE JANEIRO - Depois de ser apresentado na ILTM Cannes, na Riviera Francesa, no início de dezembro, o ILTM & PANROTAS Annual Luxury Travel Report – Brazil & Latin America – 2024/25 foi oficialmente lançado no Brasil, nesta quinta-feira (19), em evento no Fairmont Copacabana.
O encontro foi realizado no Salão Arpoador (veja fotos AQUI e AQUI), um dos mais bonitos do hotel, com varandão e vista panorâmica para a praia e o Pão de Açúcar ao fundo, além de bufê assinado pelo chef executivo Jérôme Dardillac.
A manhã de quase Natal começou com as boas-vindas de Netto Moreira, gerente-geral do hotel; José Guilherme Condomí Alcorta, CEO da PANROTAS, e Simon Mayle, diretor das feiras ILTM Latin America e North America e da Proud Experiences.
“Foi um ano extraordinário e só tenho que expressar gratidão. Em 2024, realizamos a melhor ILTM Latin America desde 2011. Nossos parceiros internacionais foram recebidos com o carinho e o profissionalismo de sempre. Acabei de voltar de Cannes, e já é grande a expectativa sobre a edição 2025 da Latin America”
Simon Mayle, diretor da ILTM
Mayle adiantou que a próxima edição da feira voltada para o mercado latino-americano, que será realizada em maio no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, terá 1,2 mil compradores e fornecedores. O diretor anunciou também o tema do evento: “Hand made in Latin America”.
Em seguida, Artur Luiz Andrade, CCO e editor-chefe da PANROTAS, e Carolina Sass de Haro, sócia-diretora da Mapie, destacaram dados da pesquisa com o viajante brasileiro de luxo, produzida pelo Trvl LAB especialmente para o anuário.
“Percebemos que o viajante de luxo não necessariamente pertence a este segmento. Muitas vezes é uma pessoa que escolhe fazer viagens de alto padrão. O público fica bem equilibrado entre homens e mulheres de 30 a 49 anos, que são majoritariamente da região Sudeste e fazem de duas a cinco viagens nacionais por ano e de uma a duas internacionais. O Rio é o principal destino nacional mencionado para a próxima viagem de luxo e, pela primeira vez, Lençóis Maranhenses aparece como o destino mais desejado. No Exterior, os Estados Unidos continuam sendo a próxima viagem, e a Itália, a viagem dos sonhos"
Artur Luiz Andrade e Carolina Sass de Haro
O público complementou a lista de tendências de destinos com outros insights, como São Miguel dos Milagres, em Alagoas, e a Praia do Preá, no Ceará. Fora do Brasil, na percepção dos players, países na Europa estão à frente dos Estados Unidos.
Carolina ressaltou ainda que ter tempo disponível é um dos fatores decisivos na hora de escolher o destino. O viajante de luxo é multicanal, e 75,87% usam um profissional de viagem em algum momento do planejamento. Na hotelaria, a preferência é por hotéis confortáveis, não necessariamente de luxo, mesmo entre os que estão na faixa mais alta de renda; o viajante tem optado por gastar em experiências, principalmente gastronômicas.
Turismo e gastronomia
A conexão entre gastronomia e Turismo de luxo foi justamente o tema da conversa entre a travel advisor Fernanda Fehring e Danilo Parah, chef do restaurante Rudá, em Ipanema, e criador do menu do novo Roxy Dinner Show, em Copacabana.
“Viajamos para comer. Gastronomia é o grande tema que pauta as viagens de luxo atualmente”, disse Parah, que trabalhou com outros chefs, como o francês Claude Troisgros e o argentino Mauro Colagreco, este do premiado Mirazur, em Menton, na Riviera Francesa.
Fernanda ressaltou que hoje os grandes hotéis de luxo valorizam o perfil dos chefs: “Destacar a personalidade do chef é tendência de mercado, muito mais do que chamar a atenção para o restaurante em si ou determinado prato. O chef é um artista, um artesão, detentor de um conhecimento que precisa ser divulgado”.
Já Parah acrescentou a importância de se valorizar o trabalho artesanal. “Cresci cozinhando com a minha mãe. E minha avó era ‘erveira’, tinha uma horta com plantas que hoje seriam chamadas de Pancs e muito conhecimento popular. No Rudá, não levanto bandeira de comida regional, mas estarei sempre falando de Brasil. Aprendi técnicas de alta gastronomia com a minha mãe e a valorizar o pequeno produtor com minha avó”, disse.
Ele reconheceu que ainda há obstáculos para se criar uma harmonização perfeita entre gastronomia e sustentabilidade.
“O maior desafio é o tíquete médio. Usar um ingrediente de pequeno produtor é algo muito especial, isso se reflete na conta e você acaba tendo um negócio de nicho. Mas eu quero atender a um público maior. O meu foco não é o turista internacional, mesmo que seja expressivo o aumento da quantidade de estrangeiros no restaurante, e sim no brasileiro e no próprio carioca. Aproveito o produto todo, e isso ajuda a equilibrar sustentabilidade e preço”
Danilo Parah, chef do restaurante Rudá
Fernanda citou a alta gastronômica de Dubai, e o chef fez um contraponto com o Rio: “Acompanho o cenário gastronômico de Dubai faz tempo. No momento, o Rio vive uma efervescência gastronômica diferente. Em Dubai, os chefs estão assinando menus europeus, e não fomentando a culinária do Oriente Médio. No Rio, podemos fazer uma lista de chefs premiados que fogem ao padrão europeu e apostam em cardápios mais arrojados. Os chefs do Rio estão muito mais para uma proposta criativa, releituras, inovações. É uma característica atípica. Por isso acredito muito no Rio como destino para turismo gastronômico”, complementou.
Turismo e design
A manhã de conversas sobre as tendências das viagens e do Turismo de luxo para 2025 teve ainda um bate-papo entre o apresentador de televisão Pedro Andrade e Oskar Metsavaht, criador da grife de roupas Osklen e do hotel Janeiro, na Praia do Leblon.
“Gosto de me expressar por meio de diferentes plataformas, mas os meus elementos de estilo são sempre os mesmos”, disse Metsavaht. “A Osklen é uma marca de expressão de lifestyle, assim como o Janeiro é uma expressão do meu lifestyle no Rio, de como eu gosto de receber”.
Andrade destacou que o jeito de viajar mudou, assim como o luxo. O designer complementou: “As pessoas começaram a perceber que existem outros modos de olhar, de explorar, mesmo que seja um pequeno lugar do bairro. Quem sai das viagens standards são pessoas mais corajosas. Até o início da década de 1990, o mundo só conhecia o Brasil pelas coisas clássicas do passado. Éramos uma republiqueta da América Latina com uma nuvem cinza, que copiava tudo de outros países. Até que o que tínhamos de original foi sendo descoberto. É a natureza, são as pessoas. Brasileiros são alegres, bonitos, saudáveis. E não podemos nos esquecer que sediamos a Rio 92, a conferência que formulou o pensamento de desenvolvimento sustentável para o novo milênio. No século XXI, não é mais cool ter. É experimentar”.
“Bossa e borogodó não se ensina”, encerrou Pedro Andrade.
Por Carla Lencastre, especial para o Portal PANROTAS.