Completando 35 anos, Costa Brava dispara em eventos e lança nova marca
TMC de Campinas, que também aposta em tecnologia, credita grande parte do crescimento à área de live mkt
Há 35 anos, seu Mauro e dona Ju Schwartzmann fundavam, no bairro Cambuí, em Campinas, interior de São Paulo, a primeira sede da Costa Brava. Na época, eram 12 colaboradores que começaram o trabalho do que hoje é uma das maiores agências de viagens corporativas, eventos e lazer do País.
Agora, com mais de 200 funcionários, a TMC cresceu – em diversos sentidos –, expandiu seu trabalho para outros países, criou tecnologias e vem impactando o setor, seja no modelo de atuação ou na maneira de trabalhar com outros players da indústria.
Para comemorar a data, a companhia reuniu todos os colaboradores e alguns parceiros, no dia 1º de novembro, em uma grande festa. A noite teve discurso emocionado, teve bolo, brinde, show, apresentação da nova marca (saiba mais na entrevista abaixo) e também um bate-papo com a família Schwartzmann que você confere a seguir.
PORTAL PANROTAS – Quais são os principais pontos fortes da Costa Brava e o que fez a empresa chegar onde está nestes 35 anos?
MAURO SCHWARTZMANN – Chegamos na posição que estamos hoje primeiramente pela ética, não abrimos mão disso. Está no nosso DNA. A partir daí fomos construindo. Tiveram momentos que tivemos prejuízo. Atravessamos tudo, planos econômicos, Guerra do Golfo, e no final essa pandemia. Mas sempre tivemos o cliente em primeiro lugar.
RUBENS SCHWARTZMANN – As novas empresas hoje em dia, as startups, já nascem em base digital. Tudo é feito em cima de base digital. A nossa empresa nasceu em uma base completamente analógica, com o bilhete físico. Então, a gente teve de viver um momento de transformação digital de toda a cadeia de processos da empresa. Financeiro, operações, marketing, RH.. E, ao mesmo tempo, manter tudo que já vem funcionando. Somos co-fundadores do Reserve, por exemplo. É sempre muita transformação em cima de tecnologia, ano a ano. Hoje a gente combina desenvolvimento tecnológico próprio com as soluções de mercado para criar um estilo único de trabalhar nosso diferencial competitivo. Isso tem sido algo bem latente no nosso dia a dia.
Isso reflete na nossa área de tecnologia que a partir de agora ganha uma marca, começa a ser tratada como uma unidade de negócios, com soluções próprias que terão geração de receita própria, em modelo de SaaS. Começa a ter uma vida independente conectada com toda a estrutura da Costa Brava. O cliente indiretamente ganha a oportunidade de ter acesso a esse portfólio de soluções.
A gente tem muita estrada de vida nessa indústria, conseguimos preservar um know how para manter todo o atendimento e o passageiro seguro, principalmente quando a tecnologia não funciona.
CARLOS SCHWARTZMANN – Falamos muito de legado e futuro. Nosso grande diferencial é termos muita terra batida, experiência, carteira de clientes consolidada, mas tudo isso com tecnologia de ponta. A tecnologia é um meio, mas estamos usando isso para transformar os negócios. A tecnologia está fazendo parte de cada negócio, não sendo uma área só de suporte, sendo desenvolvimento de soluções, tanto para viagens quanto para eventos.
PORTAL PANROTAS – Como vocês pretendem terminar o ano, em termos de volume e transações? Como estão as vendas e crescimento?
RUBENS – Em termos de números, a gente esse ano prevê fechar com R$ 350 milhões de faturamento, superando nossa meta do orçamento, que era de R$ 300 milhões. Foi um crescimento muito forte e a área de eventos sem dúvida é um grande responsável por essa conquista. Temos grandes contas que vieram de eventos. Hoje o time deste departamento está com quase 100 colaboradores. E não é só eventos, é live marketing, este é o nosso diferencial. Nossa estrutura tem a área de criação própria, diretor de criação, vai um pouco além. Tem diferencial porque tem o intelectual em cima, que é intangível. Quando se fala em orçamento de evento, o custo de logística você consegue planilhar. Mas se você fala de todo o projeto de criação, é intangível. Você não consegue comparar um com o outro, tem um valor diferenciado. E isso a área de eventos vem se destacando muito. Abraçam cada projeto como único e entram em cada orçamento para ganhar.
PORTAL PANROTAS – Como surgiu a necessidade de criar um braço focado em viagens de lazer, por meio da You by Costa Brava?
JU SCHWARTZMANN – Surgiu na pandemia. Desde antes de fundar a Costa Brava, sempre atendi passageiro, é o que eu gosto de fazer e não paro, até hoje. Mas não tenho familiaridade com a modernidade e os recursos atuais. Foi então que veio a Marina [filha de Mauro e Ju] e abrimos a You.
MARINA SCHWARTZMANN – A You nasceu da necessidade de separar um pouco o corporativo, porque todo mundo via a Costa Brava mto como corporativo, como TMC. O lazer é a origem, dona Ju que começou com tudo. Na pandemia, em março de 2020, a gente sentiu a necessidade, aproveitamos o momento e começamos a mostrar um pouco mais do nosso negócio, os produtos que gostamos de trabalhar, qual é o perfil de cliente que a gente quer para a nossa área. O corporativo é aquela coisa um pouco mais simples, rápida. O lazer são viagens pensadas, roteiros personalizados. A gente gosta de pensar em cada detalhe. Pensamos a viagem para realizar um sonho do passageiro. A You é para realmente trabalhar “você”, uma relação próxima um do outro. É a nossa boutique de viagens, a parte de viagens mais sofisticadas, elaboradas, exclusivas, de concierge. Trabalhamos mais com hotéis de luxo, roteiros personalizados, viagens mais de alto padrão.
CARLOS – E a You tem um público próprio. Percebemos que cada público tem uma comunicação, espera uma promessa de marca. Por isso também tem uma identidade, uma vida própria, para poder se comunicar com o público alvo de uma forma mais clara. Cada braço tem uma concepção, uma linguagem visual e verbal. Dá uma qualidade e uma clareza de linguagem para cada negócio. para seus respectivos públicos.
PORTAL PANROTAS – Conte um pouco sobre o rebranding da marca da Costa Brava. A última transformação na marca de vocês foi em 2016. Como se deu este processo?
CARLOS – Entendemos que era o momento. Muita mudança no mercado, no setor, no cliente. A pandemia transformou muita coisa e a gente precisa se modernizar. Sentimos a necessidade de nos tornar mais leves, mais modernos, mais conectados com o momento atual do mundo. Mas sem perder a essência, nossos valores. Unir essa questão do legado, da história, com o novo, o moderno, tornar mais leve, mais fluida a comunicação. E aí partimos para a decisão de um novo desenho de arquitetura de marca
RUBENS – A abertura foi global. Porque antes nos identificamos como “Costa Brava Viagens & Eventos” e agora estamos como “Costa Brava Travel & Events”, por conta da nossa integração com o global, nossa aliança, e nossa expansão para outros países a partir dos próximos anos. Já estamos cuidando de uns clientes na Argentina, Chile, decidimos que vai ser um foco no futuro.
CARLOS – E aí cada negócio, além da área de tecnologia, passa a ter uma marca própria, uma submarca, que passa a trabalhar com uma arquitetura de marca para poder ter esse arquétipo de marca, uma personalidade própria de cada negócio, comunicação verbal e visual de cada negócio. para ter essa identidade com cada público. Fizemos um estudo muito denso, de oito meses, envolvendo todo time, bem sensível e cuidadoso. Porque foi a mudança mais drástica da nossa história. Contratamos uma consultoria de branding para rever tudo e trazer a marca mais conectada aos negócios. Por isso o surgimento das submarcas, para entender o que cada negócio passa a ter uma essência e precisa ter uma comunicação um pouco diferente para poder se expressar melhor.
PORTAL PANROTAS – Como está a questão de mão de obra para vocês? Vocês pretendem aumentar o número de colaboradores?
RUBENS – A gente vê essa dificuldade, na pandemia tivemos de minimizar o mercado, mudar para modelo híbrido. Mas, desde antes, já era tudo completamente em nuvem, então mudar para home office não foi um problema, era tudo notebook, nuvem, telefonia, arquivos. Foi tranquila a transição. E isso facilitou para contratar colaboradores também. Tínhamos pessoas em Portugal, por exemplo, temos em outras cidades, como Porto alegre, Salvador, São Paulo.
CARLOS – Acreditamos no modelo híbrido, é desafiador, mas cabe a nós minimizar os desafios e tornar isso uma fortaleza. Hoje a gente recebe muita demanda de pessoas querendo trabalhar na Costa Brava pela metodologia de trabalho, de híbrido, pela construção. E acho que uma outra vertical é o investimento em gestão, na área de RH. Fazemos bastante investimento em plataformas, pessoas, treinamentos, capacitação de liderança. É um olhar que estamos focados. Tivemos um crescimento muito grande de pessoas, então elas têm de estar cada vez mais preparadas para isso.
RUBENS – Na pandemia precisamos fazer um downsize e depois na retomada o time gerencial, as novas supervisões, não estavam preparados para lidar com essa nova realidade, esse crescimento. Então foi muito investimento ao longo desse ano e treinamento de colaboradores ao nível de supervisão de gerência, aprendendo a dar feedback, a contratar, a engajar equipe, criar plano de metas. Foi muito treinamento para liderança e também reforço da liderança. Trouxemos algumas posições, como CFO e head de Operações, subimos bastante a régua de gestão.
PORTAL PANROTAS – E o que vocês esperam para os próximos 35 anos de Costa Brava?
RUBENS – Depois de 35 anos e de tudo que a gente passou, entre transformações de modelos mercadológicos, tecnológicos, comerciais, crises, em especial essa última, nos tornamos uma empresa muito resiliente. Uma empresa ágil, mais preparada, mais conectada com tudo. Somos rápidos para testar novas coisas, ousadia faz parte do nosso DNA. Se olhar nosso histórico, em 2001, seu Mauro fundou o G8, que tinha como objetivo montar um centro de serviços compartilhados entre as agências. Mas a ideia era tão ousada para a época, que não funcionou, não evoluiu, teve de tomar outro rumo. Mas hoje é comum, os grandes grupos estão se unindo e tendo serviços compartilhados.
CARLOS – Acho que uma consolidação mesmo. Chegamos no nosso auge em termos de tamanho, de fortaleza, de capacidade tecnológica, de pessoas. O maior momento da história da Costa Brava, de produção, de vendas. Agora visamos muito uma consolidação desse crescimento, cada vez mais robusto, mais consistente. O momento é de crescimento e consistência. Não dá para parar de crescer e inovar, está na nossa essência, mas com bastante consistência e solidez.