Por que algumas aéreas ainda não implementaram o NDC? Entenda
Painel em reunião do TMG debateu tema sob perspectiva de empresas que não priorizaram o padrão no momento
Já implementado – e com sucesso – por algumas companhias aéreas e ainda como uma ideia futura para outras, o NDC vem gerando uma série de debates sobre sua acessibilidade no setor de Turismo, principalmente no corporativo. Muito se discute como o novo padrão da Iata impacta no cliente final, nas TMCs, no preço da passagem aérea, na experiência do passageiro...
Para falar mais sobre este tema e agora com um outro viés, o TMG (Travel Managers Group) realizou sua reunião mensal e uma segunda rodada nesta terça-feira (13), desta vez com empresas que possuem um posicionamento diferente da maioria, no sentido de não priorizarem o assunto para este momento.
No painel participaram companhias aéreas que ainda não implementaram a nova tecnologia e que não pretendem fazer isso por enquanto – até que o padrão esteja completamente pronto –, como Azul, Delta e Gol, as TMCs CWT e Flytour Business Travel, que ainda não utilizam, e a Amadeus, que conta com opções NDC em seu GDS. Além da Lufthansa, que entra como um exemplo de aérea que adotou o NDC em 2015, e que está, então, já avançada na jornada.
Segundo os participantes, o NDC não tem volta e é o futuro, mas ainda há um trabalho de maturidade para que seja de fato aplicado em todas as pontas para entregar a melhor experiência para o viajante, o usuário final.
“Na Delta ainda está muito embrionário. Estamos em um caminho de conversar, escutar, de ouvir muito. Queremos garantir que é o melhor para o cliente, por isso não estamos ainda no projeto. Lá atrás, o NDC surgiu como uma revolução, mas ele é a evolução das coisas. O que não pode mudar é como ele impactará as agências de viagens e TMCs. Com toda a cadeia de distribuição envolvida, queremos que o impacto seja o menor possível”, diz o gerente de Vendas da Delta no Brasil, Danillo Barbizan.
A diretora de Negócios da Flytour Business Travel, Manuela Bernardes, concorda e acredita que depende também de como cada companhia vai trabalhar isso. “São serviços que estão sendo entregues via NDC que precisam ser traduzidos até a ponta final e isso ainda está extremamente imaturo. Não tem como esperar que todas as aéreas entreguem isso ao mercado. E isso precisamos acompanhar e fazer como um setor unido mesmo”, pontua.
Lá em 2015, quando a Lufthansa no Brasil recebeu da matriz na Alemanha a determinação que teria de introduzir o NDC, o caminho foi buscar ajuda com associações como Abav e Air Tkt e estabelecer contatos, além de implementar um sistema que fosse seguro em termos de tecnologia.
“Foi uma longa e difícil jornada, investimos muito nessa tecnologia para chegar aonde estamos agora. Hoje estamos com 40 agências com acesso ao nosso NDC para o lazer e elas estão tendo resultados além do que esperávamos. O corporativo tem âmbitos diferentes, que envolve recursos que ainda não conseguimos colocar, pois dependem de OBT, mas estamos no caminho. Para nós não é o futuro, é o agora”, afirma a gerente de Contas sênior do Lufthansa Group, Monica Nardo.
O NDC não é um assunto novo. Então por que algumas companhias aéreas e empresas ainda não estão preparadas para o novo padrão da Iata?
“Uma empresa está pronta até que chegue a hora de entregar. Cada empresa precisaria criar sua estratégia de vendas, distribuição, tecnologia e investimento. Passamos por uma pandemia e investimentos em tecnologias do tipo foram a última questão. O ano passado foi de retomada, de trazer consultores, fazer treinamentos, NDC não foi o foco. Na Flytour temos o projeto desde janeiro do ano passado, temos conversado com a Latam, estamos fazendo testes com a Lufthansa... Mas ainda não adotamos porque ainda não tem maturidade. Não vamos conseguir trazer a melhor experiência com N canais que não estejam os dados em um único canal que a gente consiga fazer um acompanhamento. Não tem data para que a gente entregue para todos os OBTs do Brasil, mas está em desenvolvimento. Precisamos ter calma, ter fóruns de trabalho cooperados”, diz Manuela.
“Nossa estratégia é muito clara trabalhando em parceria com GDS e agregadores. Temos pilotos, como com a American Airlines e outras companhias. A CWT não vai se conectar diretamente com as aéreas porque o trabalho é muito grande, não há padronização, o ideal é ter uma conexão única para ter essa distribuição. Nossa estratégia é seguir por meio do GDS, um canal único de distribuição. Existe um trabalho muito forte de integração e esperamos que tudo funcione o quanto antes, ter tudo integrado com todas as pontas”, conta o diretor de Gestão de Clientes para Brasil da TMC, Amauri Ribeiro.