Karina Cedeño   |   14/12/2022 12:33
Atualizada em 14/12/2022 12:34

Veja como os avatares estão revolucionando o setor de eventos

Os organizadores de eventos têm apostado nessa tecnologia para engajar os participantes


Reprodução / Pixabay
No mundo do metaverso, seres humanos podem criar perfis virtuais de si mesmos
No mundo do metaverso, seres humanos podem criar perfis virtuais de si mesmos
De um lado, os organizadores de eventos ávidos por novas tecnologias que engajem os participantes e transmitam conteúdo de forma dinâmica. Do outro, os participantes, que buscam novas maneiras de estarem presentes nos eventos. Na linha de convergência dessas duas necessidades, surge uma solução: os avatares.

Até pouco tempo atrás, a palavra avatar nos lembrava apenas o nome de um filme que mostrava uma realidade futurista, talvez muito distante, na qual seres humanos podiam habitar outro mundo (chamado Pandora) por meio de projeções de si mesmos.

Hoje, podemos dizer que o mundo de Pandora já faz parte do setor de eventos, mas com outro nome: metaverso. Trata-se de um universo virtual que busca reproduzir a realidade, usando tecnologias como realidade virtual e aumentada. E é nesse ambiente digital que seres humanos podem criar perfis virtuais de si mesmos para participar de eventos e até conduzi-los.

“Os seres humanos não podem ser substituídos, mas podem ter sua presença expandida no mundo digital. Nada substitui a experiência de convívio. Mas recentemente vimos a explosão do aplicativo de Inteligência Artificial Lensa, com milhares de pessoas criando suas versões avatarizadas e postando nas redes sociais”, comenta o country manager Brazil da Uplandme, Ney Neto.

Arquivo pessoal de Ney Neto
Avatar de Ney Neto
Avatar de Ney Neto
“Nós já nos acostumamos a criar uma imagem de perfil. Temos imagens para o Linkedin, para o Instagram, e é natural que na era da internet mais imersiva, tridimensional, tenhamos também uma representação digital 3D para acessar esses ambientes. Podemos escolher reproduzir nossa própria anatomia, ou então criar uma representação digital que não corresponda à nossa imagem real”, destaca Neto.

E é aí que está uma das vantagens de se utilizar avatares em eventos. Eles podem favorecer as relações sociais, considerando que, por meio de seus personagens virtuais, pessoas que normalmente hesitam em falar na vida real se sentem mais à vontade para interagir no mundo virtual, favorecendo o networking, a interação com os outros participantes e até mesmo com o palestrante do evento.

“Os avatares podem fazer parte da régua de comunicação, podem interagir com os participantes, ter uma identidade alinhada com a marca. Veja, por exemplo, a Lu, do Magalu, uma porta-voz da empresa há duas décadas. A Shift tem um projeto junto com a Flex Interativa, onde um holograma do presidente da empresa dá as boas-vindas ao participante de uma convenção logo no receptivo, e interage com os participantes no transfer, durante o trajeto até o hotel do evento”, exemplifica Neto.

Outra vantagem, de acordo com ele, é poder expandir o alcance do evento e até o número de participantes por meio dos avatares. “Durante a pandemia, fizemos muitos eventos digitais e pudemos combinar pessoas do mundo todo, de localidades remotas, na mesma cena, para participar de um painel, renderizados em tamanho real no palco. Imagine que o organizador está fazendo um evento em diversas cidades simultaneamente. Não seria possível ter um mestre de cerimônia como a Deborah Secco em todos os eventos, mas com o avatar dela, a DebbyDry, você pode tê-la em todas as cidades em que seu evento esteja ocorrendo”. Ou seja, ter um avatar pode se tornar uma ferramenta muito lucrativa para um mestre de cerimônias e muito prática para os organizadores de eventos.

Sem contar que Deborah Secco não é a única famosa que já aderiu à nova tecnologia. “Recentemente diversas celebridades criaram seus avatares. A Sabrina Sato criou a Satiko, a Bianca Boca Rosa lançou a Pinky, e mais recentemente a Nina Silva lançou seu avatar, a Nina Verso. Uma das startups mais proeminentes no segmento é a BiobotsTec e, para os eventos, os avatares estão sendo utilizados nas campanhas de comunicação, interagindo com os palestrantes como MCs, e ajudando a contar histórias, como por exemplo no caso da NinaVerso, que tem uma representatividade muito forte na busca pela inclusão de mulheres pretas no ecossistema de empreendedorismo. O avatar passa a ter também uma voz forte junto a seus seguidores, exercendo influência”, destaca.


Uma tecnologia, mil possibilidades

O uso do metaverso, dos avatares e das tecnologias resultantes deles oferecem mil possibilidades aos organizadores de eventos e participantes. Segundo Neto, depois de criar os modelos 3Ds, é possível realizar animações utilizando motion capture e até mesmo fazer aparições holográficas desses personagens no mundo real. “No entretenimento, existem bons shows que eternizam artistas que já não estão mais entre nós, no formato holográfico, como Whitney Houston, Michael Jackson, Maria Callas”, exemplifica.

“Saindo do avatar gêmeo digital e pensando agora na holografia de pessoas reais, também seria possível ter um speaker remoto interagindo com as plateias, a partir de um estúdio, mas projetado em uma holografia, e não em uma tela 2D da chamada do Zoom. Aqui fica bem marcada a diferença da linguagem dos avatares, hologramas e metaverso, e o que temos feito atualmente com as participações remotas. Estamos migrando de uma era 2D de consumo de imagem e entrando na era imersiva, tridimensional”, explica o country manager Brazil da Uplandme.

Como se vê, as possibilidades são muitas. Mas como você, organizador de eventos, pode ter acesso a essas tecnologias? “É preciso buscar parceiros que já disponham dessa tecnologia e há alguns bons no Brasil. Lembre-se também de tirar da cabeça a ideia de que é muito caro ou muito difícil implementar essas techs”, observa Neto.

Mas antes de sair criando um mundo de Pandora, é fundamental questionar o propósito do uso dessa tecnologia no evento. “O principal ponto para um organizador decidir se deve ou não utilizar essa tecnologia é encontrar o porquê. Se for somente pela tecnologia, para apresentar algo novo, eu não faria. Mas se for uma experiência que faça sentido ao participante, ou ao objetivo do evento, aí passa a ser interessante”, destaca Neto.

Entretanto, não há motivo para pressa. “Não precisamos acelerar essa adoção, os recursos ainda têm muito a evoluir e irão melhorar, à medida que as tecnologias exponenciais, como 5G, captura volumétrica e hologramas também avançam. Os organizadores de eventos são naturalmente antenados e inovadores. Não podem ficar alheios a essas novas possibilidades, que serão muito comuns quando a geração de nossas crianças de 5 a 10 anos chegar às salas dos nossos eventos”.

Os avatares substituirão os seres humanos nos eventos?
Diante de tanta modernidade, há algum risco de os avatares substituírem os seres humanos de alguma forma? Para Neto, não. “Minha opinião é que não ocorrerá substituição alguma, assim como a web3 não substitui a web2 e o Zoom não substituiu o evento presencial”, conclui o country manager Brazil da Uplandme.

Essa matéria é parte da edição 1.546 da Revista PANROTAS, que circula nesta semana. Confira a edição completa abaixo.



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