Guerra preocupa mais que pandemia nas viagens corporativas
Painel no segundo dia do Lacte 17 discutiu o impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia

Depois de Fabio Bentes, da CNC, apresentar dados que mostram que o setor vai ser impactado de maneiras indiretas por conta da elevação da inflação e do aumento das commodities e combustível, o cenário é de uma enorme imprevisibilidade, mas, segundo o head de Corporate Security, Services & Administration da Bayer, Daniel Miranda, há pelo menos quatro impactos.
“O primeiro é a questão social, do que um conflito militar gera; depois é a produção alimentar, já que os dois países são os maiores produtores mundiais de trigo; tem também a questão energética, porque também são dois grandes produtores de energia e isso impacta diretamente toda a cadeia de produção; e, por fim, o tópico financeiro”, aponta Miranda.
Além disso, apesar de todas as dificuldades e preocupações deste conflito, também existem oportunidades. O Brasil é um país com uma base de agronegócio muito grande, o que aumenta sua responsabilidade e importância nos próximos meses. E isso é um ponto positivo, já que a parte militar em si não está próxima daqui.
“É mais seguro fazer investimento aqui do que em uma área com conflito. O negativo é o aumento de preço, claro, mas ele também pode gerar um aumento de receita, é cíclico. A crise vai impactar, mas não está tão próxima a nós. Cenário ainda vai mudar e a incerteza é o pior inimigo do planejamento, mas já estamos acostumados a ter mudanças muito rápidas.”
PANDEMIA X GUERRA
Perguntados se o que mais impacta e preocupa nas viagens e eventos corporativos é a pandemia ou o conflito no leste europeu, os três participantes do painel apontaram que a guerra é mais preocupante, já que é um fator imprevisível e a covid-19 já é vivida há dois anos.

Para o economista sênior da CNC, Fabio Bentes, a guerra é um choque imprevisível, diferentemente da covid-19, onde, por dois anos, o mundo andou em uma curva de aprendizado. “A gente avançou nessa curva, já sabemos como a pandemia funciona, temos protocolos, nos vacinamos. Por isso, sem dúvida, o que mais preocupa é o impacto indireto da guerra, que não acontece aqui, mas interliga toda a economia. Vamos ter de caminhar nesse aprendizado por um tempo”, finaliza Bentes.