Felippe Constancio   |   06/01/2017 17:16

Qual o valor real de uma viagem de incentivo?

A Incentive Research Foundation (IRF) aponta que, mais do que motivar, reter e contribuir para o desempenho de uma equipe, as viagens influem sobre a cultura da empresa e nos resultados do negócio

Davidlohr Bueso/Flickr

Dificilmente alguém contestaria a ideia de se recompensar os melhores da equipe de trabalho. Motivação é sinônimo de melhores resultados e satisfação profissional. Como lembra o professor de administração Idalberto Chiavenato, contudo, não há um conceito definido de motivação, uma vez que o conceito está diretamente relacionado à percepção da pessoa quanto a seus valores pessoais.

No intuito de motivar setores-chave como o de Vendas, empresas bonificam seus funcionários com bônus, premiações com bens materiais e as viagens de incentivo.

Da perspectiva das empresas, qual o melhor desses incentivos? Segundo estudos, o tempo de permanência de uma viagem na memória do gratificado varia de oito a 12 anos, enquanto a média para premiações com bens é de quatro anos e, gratificações em dinheiro, não ultrapassam um ano de duração.

Por métodos precisos de cálculo de retorno sobre o investimento, a Incentive Research Foundation (IRF) aponta que, mais do que motivar, reter e contribuir para o desempenho de uma equipe, as viagens de incentivo influenciam diretamente sobre a cultura organizacional da empresa e nos resultados dos negócios.

IMPACTOS
Mas o quanto uma viagem impacta os resultados dos negócios depende do produto que determinada empresa busca. Diferentemente de agências que atuam neste mercado com a oferta de uma viagem sob medida, a brasileira Traveland, por exemplo, atrai empresas que buscam crescimento sustentado e consolidação no mercado por meio de um serviço de médio e longo prazo, no qual a viagem é parte de um processo, um meio para os resultados, em vez de um fim.

Leonid Yaitskiy/Flickr
"Uma empresa de óleo e gás, por exemplo, pode optar por viagem de incentivo a 1 mil ou 2 mil pessoas e fazer um leilão. Mas para nós o objetivo é desenvolver com o cliente, entender como ele se desenvolve e como ele realmente mostra isso com mensuráveis. Queremos compartilhar crenças - e não vender uma viagem. Queremos estar juntos o ano inteiro, numa relação longeva, que divide as necessidades, sendo que o incentivo pode ser uma consequência da necessidade do cliente", conta Márcio Moreno, um dos sócios da agência.

De acordo com o IRF, que desenvolve estudos sobre rendimento do investimento em viagens a colaboradores, os impactos de um programa devem ser avaliados para além dos resultados de apenas um setor (Vendas), já que este performa também de acordo com sazonalidades e os programas têm efeito sobre outros processos do negócio, como Procurement e fluxo de caixa.

DESTINOS E CÂMBIO
A empresa que desperta para a eficiência das viagens de incentivo receberá da agência prestadora propostas de programas de acordo com o orçamento disponível. Hora das escolhas. Mas com a alta do dólar nos últimos meses, estariam estas escolhas limitadas pelos destinos - já que os internacionais podem corresponder a mais custos?

"Cotamos este ano uma diária em um famoso hotel em Copacabana - R$ 1,5 mil. A um grupo, conseguimos por R$ 1,2 mil por pessoa. Se eu colocasse quatro diárias, países como Argentina e Chile ficam mais competitivos, já que estes destinos contam com desconto de 21% do Imposto sobre Valor Agregado, o IVA", comenta Moreno. "Em 2016, fizemos propostas de incentivo nacional. Nenhuma foi aprovada."
Jhonatan Soares
Márcio Moreno, sócio da Traveland
Márcio Moreno, sócio da Traveland

Desafiado pela atual conjuntura da economia doméstica, este mercado de incentivo parece ver o predomínio dos destinos internacionais no momento. Para se ter uma ideia, pela primeira vez, a Noruega será promovida a profissionais brasileiros do trade turístico em um roadshow próprio, conforme revelou a GVA, agência que promove destinos a incentivo como Barbados, Dinamarca e Seychelles. Em março, uma delegação do país nórdico virá ao Brasil para visitar de quatro a cinco capitais e engajar agentes e operadores para os produtos que o destino oferece.

Mas, ao que parece, seja para dentro ou fora do Brasil, o valor de uma viagem de incentivo não é definida pelo destino. "É preciso fazer das viagens verdadeiros grandes eventos dentro de um destino", observa Moreno.

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