Qual o valor real de uma viagem de incentivo?
A Incentive Research Foundation (IRF) aponta que, mais do que motivar, reter e contribuir para o desempenho de uma equipe, as viagens influem sobre a cultura da empresa e nos resultados do negócio
Dificilmente alguém contestaria a ideia de se recompensar os melhores da equipe de trabalho. Motivação é sinônimo de melhores resultados e satisfação profissional. Como lembra o professor de administração Idalberto Chiavenato, contudo, não há um conceito definido de motivação, uma vez que o conceito está diretamente relacionado à percepção da pessoa quanto a seus valores pessoais.
No intuito de motivar setores-chave como o de Vendas, empresas bonificam seus funcionários com bônus, premiações com bens materiais e as viagens de incentivo.
Da perspectiva das empresas, qual o melhor desses incentivos? Segundo estudos, o tempo de permanência de uma viagem na memória do gratificado varia de oito a 12 anos, enquanto a média para premiações com bens é de quatro anos e, gratificações em dinheiro, não ultrapassam um ano de duração.
Por métodos precisos de cálculo de retorno sobre o investimento, a Incentive Research Foundation (IRF) aponta que, mais do que motivar, reter e contribuir para o desempenho de uma equipe, as viagens de incentivo influenciam diretamente sobre a cultura organizacional da empresa e nos resultados dos negócios.
IMPACTOS
Mas o quanto uma viagem impacta os resultados dos negócios depende do produto que determinada empresa busca. Diferentemente de agências que atuam neste mercado com a oferta de uma viagem sob medida, a brasileira Traveland, por exemplo, atrai empresas que buscam crescimento sustentado e consolidação no mercado por meio de um serviço de médio e longo prazo, no qual a viagem é parte de um processo, um meio para os resultados, em vez de um fim.
"Uma empresa de óleo e gás, por exemplo, pode optar por viagem de incentivo a 1 mil ou 2 mil pessoas e fazer um leilão. Mas para nós o objetivo é desenvolver com o cliente, entender como ele se desenvolve e como ele realmente mostra isso com mensuráveis. Queremos compartilhar crenças - e não vender uma viagem. Queremos estar juntos o ano inteiro, numa relação longeva, que divide as necessidades, sendo que o incentivo pode ser uma consequência da necessidade do cliente", conta Márcio Moreno, um dos sócios da agência.
De acordo com o IRF, que desenvolve estudos sobre rendimento do investimento em viagens a colaboradores, os impactos de um programa devem ser avaliados para além dos resultados de apenas um setor (Vendas), já que este performa também de acordo com sazonalidades e os programas têm efeito sobre outros processos do negócio, como Procurement e fluxo de caixa.
DESTINOS E CÂMBIO
A empresa que desperta para a eficiência das viagens de incentivo receberá da agência prestadora propostas de programas de acordo com o orçamento disponível. Hora das escolhas. Mas com a alta do dólar nos últimos meses, estariam estas escolhas limitadas pelos destinos - já que os internacionais podem corresponder a mais custos?
"Cotamos este ano uma diária em um famoso hotel em Copacabana - R$ 1,5 mil. A um grupo, conseguimos por R$ 1,2 mil por pessoa. Se eu colocasse quatro diárias, países como Argentina e Chile ficam mais competitivos, já que estes destinos contam com desconto de 21% do Imposto sobre Valor Agregado, o IVA", comenta Moreno. "Em 2016, fizemos propostas de incentivo nacional. Nenhuma foi aprovada."
Desafiado pela atual conjuntura da economia doméstica, este mercado de incentivo parece ver o predomínio dos destinos internacionais no momento. Para se ter uma ideia, pela primeira vez, a Noruega será promovida a profissionais brasileiros do trade turístico em um roadshow próprio, conforme revelou a GVA, agência que promove destinos a incentivo como Barbados, Dinamarca e Seychelles. Em março, uma delegação do país nórdico virá ao Brasil para visitar de quatro a cinco capitais e engajar agentes e operadores para os produtos que o destino oferece.
Mas, ao que parece, seja para dentro ou fora do Brasil, o valor de uma viagem de incentivo não é definida pelo destino. "É preciso fazer das viagens verdadeiros grandes eventos dentro de um destino", observa Moreno.