Beatrice Teizen   |   01/03/2023 08:52
Atualizada em 01/03/2023 10:26

Gestores contam como estão lidando com a alta dos custos; confira

Perguntamos a travel managers no Lacte 18 como está a questão dos valores mais caros nas viagens

* Por Beatrice Teizen e Karina Cedeño


Durante o Lacte 18, que aconteceu nesta segunda (27) e terça-feira (28), no Golden Hall do WTC Events Center, no Sheraton São Paulo WTC Hotel, os gestores de viagens relataram, em entrevista ao Portal PANROTAS, como têm lidado com a questão dos altos custos de passagens aéreas (principalmente), hospedagem e outros em geral.

Depois de quase três anos de pandemia, um ano de guerra na Ucrânia, preços exorbitantes do querosene de aviação, as viagens corporativas retomaram com tudo – em 2022 o setor faturou R$ 94 bilhões, segundo dados da Alagev e FecomercioSP –, mas com os custos mais altos do que nunca. Sem muita perspectiva de uma redução, de fato, os travel managers lidam com volume alto de viagens, equilibrando com os custos.

Confira abaixo como estes profissionais estão agindo neste cenário.

Eduardo Santos – Grupo Petrópolis

PANROTAS / Filip Calixto
Eduardo Santos
Eduardo Santos
“Como a nossa empresa fica em Boituva, no interior de São Paulo, o principal ponto de partida e chegada dos viajantes era Campinas, mas com a elevação dos custos, acabamos abrindo o leque para outros aeroportos, como Congonhas e Guarulhos, não restringindo mais a questão de horários, e isso acabou dando oportunidade para o viajante descobrir tarifas que fossem mais atrativas para a companhia. Em contrapartida, também buscamos respeitar o relacionamento com os fornecedores. Tem duas companhias aéreas com as quais trabalhamos possibilidades de conseguir um desconto maior em algumas rotas, mas de forma geral, depois da retomada, está difícil essa questão dos altos custos, principalmente no que se refere ao aéreo e também à hotelaria. Vejo que hoje as negociações no mercado estão mais difíceis do que antes da pandemia. Além disso, temos trabalhado forte a questão da aderência à política de viagens, mostrando que se o viajante consegue aderir à politica isso pode gerar uma redução de custos de 20% a 30%.”

João Gabriel Pereira – Grifols

PANROTAS / Filip Calixto
João Gabriel Pereira
João Gabriel Pereira
“Em relação aos custos, nós estabelecemos uma prioridade e tornamos a política de viagem mais restrita. Não houve ainda ajuste dos valores, que já eram um pouco acima da média por conta desse aumento, e a nossa diária se baseia em dólar, porque dá para flexibilizar um pouco mais. No entanto, por conta da pandemia, houve um trabalho de comunicação para restringir mais a política e, desde então, isso inibiu um pouco os colaboradores a marcar mais uma reunião virtual, comprar um tíquete aéreo ou reservar um hotel. Os congressos que foram realizados virtualmente durante a pandemia voltaram a ser realizados presencialmente, até por uma questão de eficácia. Avaliou-se que o presencial realmente era mais efetivo, e em relação ao custo há uma questão do fluxo de aprovação, no qual é feita uma nova solicitação de aprovação, caso o valor ultrapasse o valor da política. Outro trabalho que fazemos é procurar alternativas de voos e hotéis que estejam mais em conta, e as ferramentas também têm restrições para hotéis preferenciais.”

Julia Silveira – Engie

PANROTAS / Emerson Souza
Julia Silveira
Julia Silveira
“Na questão das viagens não tomamos nenhuma ação referente aos aumentos de preço, simplesmente estamos acatando, pois fazemos viagens obrigatórias. Temos usinas que precisam do funcionamento, da manutenção, nossos engenheiros precisam ir lá, a diretoria também, os colaboradores participam de leilões para aquisição ou venda de usinas, então precisam viajar. O que estamos disseminando na companhia é uma cultura de fazer uma compra antecipada. Antes, era uma média de comprar em uma semana e, agora, estamos incentivando que os viajantes façam a reserva pelo menos 14 dias antes. Tem gente que já aceitou e está planejando com antecedência; outros estão mais resistentes. Por isso, agora estamos fazendo um trabalho de identificar onde estão os gargalos, com quem precisamos investir mais na comunicação. Outro ponto para ajudar nesta questão é que estamos vendo fórmulas para incluir esta medida na nossa ferramenta OBT – se o viajante tentar comprar uma passagem para o dia seguinte, por exemplo, não vai conseguir.”

Marina Shimada – Honda

PANROTAS / Emerson Souza
Marina Shimada
Marina Shimada
“Não paramos de viajar, então estamos tentando fazer viagens inteligentes. Reservando com antecedência e se adequando em datas. Por exemplo, normalmente o corporativo viaja de segunda a quinta-feira. Será que se viajar de terça a sábado não é melhor? É fazer uma análise. Também estamos focando em comunicar mais e melhor, é a chave para não assustar os viajantes em relação aos preços. Vimos que, no ano passado, emitimos a metade da quantidade de bilhetes de 2019, mas com o mesmo valor. O combustível aumentou, a hospedagem nem tanto, mas os hotéis estão se adequando a estratégias, como aplicar a tarifa flutuante. Não temos uma projeção de quando pode haver uma redução dos preços, porque as variáveis externas são muito fortes, por isso vamos vivendo a cada dia. O que custava anteriormente R$ 2 mil e agora está R$ 2,5 mil dificilmente vai voltar para o que era antes. Por isso a comunicação com os viajantes corporativos e a parceria com os fornecedores, para uma relação ganha-ganha, é essencial."

Rita Cervantes – Henkel

PANROTAS / Filip Calixto
Rita Cervantes
Rita Cervantes
“O desafio não é só fazer savings, mas também conseguir assentos na classe executiva. E no que se refere à hotelaria também, tivemos que mudar o local de uma convenção por falta de disponibilidade de quartos. Os preços estão altos e não há disponibilidade nem na malha aérea nem na hotelaria. Além disso, falta mão de obra qualificada. Tenho conversado com profissionais de companhias aéreas e hotéis e eles estão tendo dificuldade de contratar novas pessoas e treiná-las.”


Simone Cavalvante – Atento

PANROTAS / Emerson Souza
Simone Cavalcante
Simone Cavalcante
“Está realmente muito caro e estamos tendo reclamações por parte dos viajantes e também por parte das TMCs. O que estamos fazendo é pedir que reservem com antecedência, 15 dias tanto para as viagens nacionais quanto para as internacionais. E, mesmo assim, ainda colocamos uma trava, que é a autorização prévia por parte do CFO para entender se realmente existe a necessidade daquela viagem, se ela é essencial. Descobrimos que é possível fazer muita reunião interna de maneira virtual. Mas, com a retomada, sabemos que tem a necessidade de se encontrar cara a cara, de visitar os clientes... Não imaginávamos que com o retorno das viagens a trabalho viria essa tarifa tão alta, mas, não tem jeito, muitas vezes é preciso fazer a viagem, mesmo que signifique pagar quase R$ 4 mil em uma ponte aérea. O que estamos fazendo é saber se aquele deslocamento é realmente essencial e aplicar a antecedência. É como estamos conseguindo manter para ter uma tarifa mais acessível.”

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