Miami é foco na JV entre Delta e Latam, mas não o único. Veja planos
Luciano Macagno, diretor para América Latina da Delta, conta o que vem por aí e o que já mudou
A joint-venture (JV) entre Delta e Latam está completando um ano e as companhias estão celebrando com o evento Insights, que ocorre nesta quinta-feira, em São Paulo, para parceiros e clientes do trade. Ainda é pouco tempo para alcançar os objetivos previstos, mas muitas sinergias já são visíveis e os planos caminham como planejado, segundo o diretor geral da Delta para América Latina, Caribe e Sul da Flórida, Luciano Macagno – ele está baseado em Miami.
E Miami é uma das estrelas desse primeiro ano e um dos focos da parceria, já que a Latam tem muitos voos de países da América Latina para a cidade da Flórida. Do Brasil são dois voos diários de São Paulo e um de Fortaleza, duas vezes por semana.
Para atender melhor os latino-americanos em Miami várias melhorias já foram feitas:
- Delta e Latam estão lado a lado no aeroporto de Miami (terminais H e J)
- A Delta aumentou a quantidade de voos a partir de Miami para garantir a conectividade dos passageiros latinos. Por exemplo, hoje a companhia voa três vezes por dia de Miami para Orlando, oito por dia para Nova York, mesma quantidade para Atlanta, principal hub da Delta
- Os voos domésticos são operados pelas melhores aeronaves da Delta – a empresa não usa mais os aviões regionais pequenos e todos agora têm os serviços padrões da empresa
- Há um serviço de conexão e funcionários da Delta e Latam orientam os passageiros, que recebem um cartão que garante uma passagem mais rápida pela Imigração. A bagagem também tem assistência na hora do redespacho
- Em Miami, a Delta também se beneficia dos voos de parceiros como Aeromexico, Virgin e Air France-KLM, o que possibilita o acesso dos clientes a mais de 100 voos por dia no aeroporto
- Os voos domésticos da Delta em MIA somam 30 por dia, para 11 destinos americanos, como Washington, Boston, Los Angeles, Salt Lake City, Raleigh (Carolina do Norte) e os já citados Atlanta, Orlando e Nova York
- Para comunicar isso, a empresa iniciou a maior campanha publicitária, ressaltando a JV com a Latam, em Miami.
“Tudo é muito fácil e perto em Miami na disposição que criamos para Delta e Latam. Da calçada ao check-in à segurança (são três pontos de passagem da TSA para o raio-X), o passageiro leva poucos minutos. E lá dentro nossas salas vips estão lado a lado”, explica Luciano Macagno, em entrevista exclusiva à PANROTAS.
“Miami não é um hub, pois já temos o melhor de todos em Atlanta, com 780 voos por dia, para 403 destinos nos Estados Unidos e Canadá, mas é muito importante para nossa estratégia para a América Latina e o foco a partir de agora é melhorar cada vez mais a experiência dos nossos clientes no aeroporto. Podem aparecer oportunidades de novos voos na JV? Podem. Mas por ora não há nada nesse sentido. Estamos celebrando um ano da JV com a Latam, empresa que tem uma cultura muito similar à nossa e que persegue o mesmo objetivo: melhorar a experiência do cliente latino-americano”, explicou Luciano Macagno.
Luciano Macagno, Delta Air Lines
Mercado da América Latina voltou
O diretor da Delta explica que a região é dividida em três áreas: mercados da JV com a Latam, mercados do JCA (Joint Cooperation Agreement) com a Aeromexico, que já soma seis anos, e os demais países da América Latina.
Segundo ele, todos esses mercados já retornaram a níveis pré-pandemia, inclusive no corporativo. O número de voos cresceu 50% este ano na região da joint-venture com a Latam, que engloba voos da América do Sul para os Estados Unidos e Canadá.
“Estamos presentes em novos mercados que só vieram por causa dessa aliança, como no doméstico brasileiro”, afirma.
Corporativo voltou diferente
O segmento que mais demorou para voltar na Delta foi o de viagens corporativas, que em 2023 já alcança os níveis pré-pandêmicos. Mas esse viajante voltou diferente,
Macagno explica que o passageiro corporativo está mais conhecedor do produto; tem e quer mais escolhas; tem demandado mais produtos premium; e mudou tanto seu comportamento como a política de viagens em suas empresas.
Por exemplo, uma viagem a trabalho tem considerado dias de descanso (contra a otimização de antes, que obrigava a ir do aeroporto para as reuniões) e estadas mais longas. No lugar de um consultor fazer várias viagens curtas, ele faz uma só mais longa e já há empresas que permitem que ele leve a família para esse período maior. Também o bleisure passa a ser mais aceito e visto como benefício oficial.
“O trabalho remoto e o anywhere office também mudaram a forma de viajar e criaram novas demandas e nós nos preparamos para atender a esse novo mix, seja colocando mais assentos premium, aumentando a malha nos principais destinos demandados, investindo em tecnologia nos lounges e aeroportos, entre outras ações. Mesmo o investimento nas alianças, como a Latam, permite que tenhamos mais oferta e flexibilidade para os clientes corporativos”, conta Macagno.
Luciano Macagno, Delta Air Lines
Ele cita também o primeiro voo de uma parceira para Atlanta, caso do Lima-Atlanta, da Latam, que mostra a importância e consistência da parceria e que beneficia tanto os passageiros corporativos como os de lazer.
“Seja em Atlanta ou em Miami, já temos demanda da América Latina, via Delta ou via Latam. O que estamos fazendo é aumentando a conectividade nessas e outras cidades. Atlanta, repito, é nosso melhor e maior hub. Miami é complementar e atende aos latino-americanos ainda mais agora.”
Delta no Brasil
Segundo Luciano Macagno, os resultados da companhia no Brasil estão muito bons, com oferta de assentos já maior que antes da pandemia a partir de dezembro, com o voo sazonal Rio-Nova York e o definitivo Rio-Atlanta (três vezes por semana).
O diretor no Brasil, Danillo Barbizan, disse que o voo diurno São Paulo-Atlanta, e o noturno na mesma rota, oferecem muita flexibilidade e opções aos passageiros. A eles se soma o São Paulo-Nova York (leia mais sobre os investimentos da Delta no destino clicando aqui) e os voos da Latam para os Estados Unidos (Miami, Nova York, Boston e Los Angeles).
“Somos metal neutral (neutros no metal) e isso é bom para o passageiro no Brasil e na América Latina”, diz Barbizan. Ele se refere que não importa (para as empresas) quem opera o voo (metal se refere à aeronave). E sim que o cliente use a joint-venture da melhor forma para ir e/ou voltar dos Estados Unidos e também usar a malha doméstica das duas empresas – lá e cá.
Em termos de produto, todos os voos da Delta no Brasil, inclusive os que começarão no Rio, têm todos os produtos da empresa, com as cabines Main (econômica e basic), Comfort, Delta Premium Select e Delta One.
Times de vendas iniciam integração
Os times comerciais de Delta e Latam no Brasil agora têm mais destinos e produtos a oferecer aos clientes. E as empresas já iniciam uma maior integração desses profissionais. Já há visitas a clientes que são feitas em conjunto (mas cada um cuida da sua venda) e até contratos corporativos unificados. “Os clientes mesmo pediram. Em uma aliança passada mostramos isso a eles e eles querem esse benefício entre Delta e Latam”, explica Barbizan.
No futuro, poderá haver um funcionário que seja designado para ser o especialista que irá vender os dois produtos entre Brasil e Estados Unidos. Mas a sinergia sempre será, explica Danillo Barbizan, entre todo o grupo: em vendas, tecnologia, produtos, procedimentos...
NDC não vai priorizar canais, garante Delta
Luciano Macagno garantiu em entrevista à PANROTAS, que, quando a Delta implementar o NDC na América Latina, não haverá diferenciação por canais. Haverá paridade de tarifas.
“Já procuramos os GDSs para desenvolver as integrações, com foco nas qualidades dos produtos. A filosofia nesse caso será a de não dar benefícios ou prejuízos a qualquer canal. Vamos estar nos canais que o cliente quiser de forma igual. Isso não vai mudar”, disse. A previsão de implantação do NDC da Delta é 2024.
O fato de a Latam já ter iniciado seu NDC na América Latina não está atrapalhando a integração das duas empresas, garante Macagno, e os clientes estão conseguindo vender as duas companhias normalmente.
“O mercado tem de estar maduro para aproveitar bem as ferramentas. Não seremos disruptivos”, finaliza Macagno.
Luciano Macagno, Delta Air Lines