Beatrice Teizen   |   16/08/2019 09:00
Atualizada em 16/08/2019 11:33

Como o corporativo analisa a entrada da Azul na ponte RJ-SP?

O que a entrada da Azul na ponte aérea Rio-São Paulo, com 34 operações diárias a partir de 29 de agosto, significa para o mercado corporativo?

A Azul entrou recentemente na ponte aérea com 34 operações diárias entre Congonhas, na capital paulista, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Os bilhetes estão disponíveis no sistema de vendas desde o dia 12 e a estreia será em 29 de agosto. Para aérea, o marco é uma grande conquista e o primeiro passo na expansão no aeroporto de São Paulo, onde mais rotas e destinos serão adicionados no futuro. E para o mercado corporativo, o que esta entrada da aérea significa?

Divulgação Airbus/ A. Doumenjou
Serão 34 operações diárias na ponte aérea Rio-São Paulo
Serão 34 operações diárias na ponte aérea Rio-São Paulo
“É dispensável citar que o eixo Rio-São Paulo é o principal par de cidades de operação no Brasil e o coração em termos de rota do mercado corporativo. Com a quantidade de voos que ela oferecerá, com diferença de uma hora mais ou menos e operando nos principais horários de pico, a competição será aquecida. Será muito bom para o setor e para o cliente corporativo”, opina o diretor executivo da Abracorp, Gervásio Tanabe.

Abracorp
Gervásio Tanabe
Gervásio Tanabe
No entanto, mesmo com uma competição mais acirrada, não há como esperar que as tarifas reduzam muito, pois as aéreas brasileiras estão em um processo de tentativa de uma melhor rentabilidade. Além disso, o viajante da ponte aérea costuma utilizar operações específicas – ida às 7h ou 8h e volta entre 18h e 20h – e, por mais que tenha um voo atrás do outro, todos estarão cheios nesses intervalos de tempo. E, principalmente, com a particularidade da compra last minute, é preciso acompanhar para saber qual será a tendência de preços.

“Respeitando a máxima de oferta e demanda, nessas opções de faixa de horário, deve haver uma redução, sim, mas não podemos esperar que o preço da passagem caia muito. O que pode acontecer também é que, fora dos horários de pico, no que chamamos de barrigada, entre às 10h e 18h, deve acontecer uma competição maior, com tarifas promocionais”, diz Tanabe.

Emerson Souza
Fernão Loureiro
Fernão Loureiro
A Azul oferece produtos interessantes, com serviço de bordo eficiente, boas aeronaves, aplicativo funcional, programa de fidelidade atrativo. Estes itens também valem para os viajantes corporativos, mas o setor enxerga que a companhia ainda não é focada neste segmento.

“Na minha opinião, nós não estamos entre as prioridades deles, mas eles sabem que têm o nosso mercado, independentemente de ter um relacionamento ou não com a indústria. Vejo como um erro de estratégia da parte deles em não investir neste mercado, pois poderíamos auxiliá-los a estar ainda mais à frente”, afirma o gestor de Viagens da Philips para América Latina, Fernão Loureiro.

Para o diretor executivo da Alagev, Eduardo Murad, a percepção é a mesma. A entidade recebe como feedback dos gestores de viagens que existe uma dificuldade bastante grande de negociação com a Azul. Segundo as avaliações, a aérea está um pouco atrás nas questões de preferência de contratos, de smart contracts, de flexibilidade, tarifas carregadas em diferentes pontos de vendas, OBTs, entre outras.

Divulgação
Eduardo Murad
Eduardo Murad
“É por isso que, para se relacionar com o mercado corporativo, ela precisa estar presente e mais próxima dos gestores, entender suas necessidades, ouvi-los, tentar fazer acordos, desenhar serviços, pensar na flexibilização dos contratos para conseguir ganhar market share”, conta Murad.

Apesar dos pontos que ainda precisam ser melhorados, a entrada da companhia de David Neeleman na ponte aérea é bastante favorável na perspectiva dos três executivos. “A competição será muito bem-vinda, positiva para o mercado e para os distribuidores”, finaliza Tanabe.

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