Felippe Constancio   |   13/07/2016 11:54

Táxi-aéreo: voos clandestinos agravam crise no setor

Setor que sofre com a crise e altos custos, o táxi-aéreo sofre com a crescente oferta dos serviços irregulares na aviação executiva, com helicópteros e jatos operando sem homologação da Anac


Divulgação Uirapuru

Do começo do ano até agora, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) já registrou mais de 70 casos de interdição, suspensão e autuação de aeronaves em operações realizadas em aeroportos de diversos Estados do Brasil. Entre as preocupações da agência reguladora estão os riscos que voos de helicópteros e jatos irregulares podem representar ao usuário.

No Brasil, apenas 8% das aeronaves têm licença para funcionar como táxi-aéreo (TPX).

No intuito de assegurar os padrões de segurança, os procedimentos e a manutenção adequada, a Anac exige homologação das aeronaves. Aqueles que operam sem o aval da agência são apelidados de "Taca" - táxi-aéreo clandestino. No caso dos helicópteros no mercado brasileiro, estima-se que quase 90% estejam em situação irregular.

Empresas acabam operando sem homologação por conta dos trâmites para regulamentação e dos altos custos das manutenções dos veículos homologados, conforme explica Henrique Antunes, executivo da empresa de compartilhamento de voos Fly Edge. “As aeronaves pertencentes a uma empresa de táxi-aéreo devidamente homologada são submetidas a exigências de altos níveis de segurança e sofrem frequentes fiscalizações de manutenção e segurança da aeronave, além de treinamentos de atualização dos pilotos”.

Em outras palavras, sem a homologação, um passageiro pode voar, às vezes sem saber, com uma mão de obra pouco qualificada, pousar em pistas irregulares e usufruir de serviços de uma tripulação sem direitos assistidos.

Atraídos por preços até 70% menores, clientes contratam Tacas sem saber que a barganha vem de custos mais baixos de operação em relação às empresas homologadas. Dada a apresentação e aparente profissionalismo que uma empresa irregular pode oferecer, o passageiro pode não desconfiar da ilegalidade do serviço - o que faz com que fontes do setor acreditem que hoje há mais clandestinos que homologados nos céus do Brasil.

Em uma crise agravada pelos preços do combustível (em dólar), o setor perdeu 30% dos voos e perto de 70% de faturamento também por conta dos piratas, aponta o executivo da Fly Edge.

Segundo o diretor da Associação Brasileira de Táxis Aéreos, Ênio Paes de Oliveira, "as empresas ainda não estão fechando, porém estão deteriorando de forma drástica”. “A queda média de faturamento dos táxis aéreos é de 50%, chegando a 70% em alguns casos".

Já o mercado dos clandestinos, segundo ele, está em expansão, com 70% do faturamento do mercado de passageiros.

ALTERNATIVAS
No entanto, players do setor têm buscado contornar a situação. Recentemente, a Fly Edge lançou uma plataforma de compartilhamento de assentos em voos executivos - uma opção mais barata a que trechos individuais. "Dessa maneira conseguimos oferecer voos acessíveis em equipamentos homologados e seguros para nossos clientes” acredita Antunes, que chama a atenção para formas de se perceber qual a situação de uma aeronave.

De certa forma, o Uber também pilota no mesmo sentido. No mês passado, a empresa lançou o Ubercopter, que reúne passageiros em busca de trechos a serem percorridos de helicóptero em São Paulo - cidade que desde 2013 tem a maior frota do tipo no mundo.

Ainda assim, também é bem-vinda a atenção do passageiro quanto à situação da embarcação. "No site da Anac é possível consultar o prefixo da aeronave e verificar se está homologada como táxi aéreo", alerta Antunes, que menciona ainda a possibilidade de verificação do prefixo de aeronaves, do certificado de homologação e o adesivo de identificação da Anac especial para táxi-aéreo.

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