Tecnologia ainda tem pouco impacto na economia do Brasil
Os brasileiros são os campeões no uso de smartphones, passando cerca de quatro horas on-line por dia. No entanto, apesar da popularidade do aparelho no País, a contribuição da internet para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), com compras on-line, por exe
Os brasileiros são os campeões no uso de smartphones, passando cerca de quatro horas on-line por dia. No entanto, apesar da popularidade do aparelho no País, a contribuição da internet para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), com compras on-line, por exemplo, é estimada em apenas 2%.
De acordo com um estudo realizado pela McKinsey, em 2025, a digitalização acrescentará entre 5% e 9% ao PIB – em contrapartida com países que gastam menos tempo on-line e geram mais receitas, como o Reino Unido, que hoje em dia contribui em 23%. No entanto, a perspectiva de baixo crescimento pode ser revertida se o Brasil conseguir acabar com a maior parte das barreiras à inovação.
Atualmente, quase todas as capacidades técnicas nacionais se perdem em meio a tanta burocracia e aos altos impostos. E, apesar de ter um número profissionais qualificados na área semelhante ao Reino Unido e Alemanha (cerca de um milhão), ainda existe a defasagem de empresas locais.
A falta de incentivos é tanta que, em um ranking feito pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupou a 124ª colocação dos países com os melhores ambientes para negócios digitais. A pesquisa foi realizada com 140 países.
Outro ponto importante a ser considerado é a ineficácia do investimento público no setor. Enquanto países bem-sucedidos na área procuram ter poucos polos tecnológicos, o Brasil tem uma estrutura pulverizada. Somente no Estado de São Paulo existem cinco centros de excelência em tecnologia – mais do que muitos países têm em todo o território. Além disso, ainda há poucas parcerias entre empresas e meio acadêmicos, como universidades, que poderiam fomentar ainda mais o setor.
Um nítido exemplo é a Índia. O país, desde meados dos anos 1980 incentiva as instituições de ensino superior de Bangalore a apoiar sua indústria de software. Hoje, 50% das startups do país estão instaladas na região. “Todos os casos bem-sucedidos de salto tecnológico envolveram interações contínuas entre governo, indústria e academia”, diz o professor de Desenvolvimento Internacional e de Tecnologia da Universidade Harvard, Calestous Juma.
NOVAS OPORTUNIDADES
Apesar dos entraves, ainda há a possibilidade de digitalizar o setor industrial no País. A adoção de máquinas inteligentes, capazes de reconhecer e avisar o desgaste de peças, as fábricas podem reduzir o tempo ocioso com consertos e gerar uma receita de US$ 25 bilhões em 2025, estima o estudo da McKinsey.
A pesquisa também aponta que a melhoria da operação da rede de fornecedores e de distribuição poderia render ganhos estimados em US$ 70 bilhões em meados da próxima década. Contudo, conscientes dos entraves burocráticos em investimentos, muitos executivos têm preferido não investir o suficiente em tecnologia – a decisão apenas aumenta a distância com os países que estão na liderança dessa corrida.
Na Europa, as empresas consideradas mais avançadas em termos tecnológicos viram a receita crescer 18% de 2012 a 2015, um período de forte crise econômica.
“A distância entre os líderes digitais e quem está mais para baixo está aumentando”, destacou a sócia da consultoria McKinsey, Patricia Ellen da Silva. Estudos e análises sobre os entraves brasileiros são o primeiro passo, porém, para desatar o nó da inovação, o País precisa de mais ações.
*Fonte: Exame