Jensen critica "maldito IRRF" e silêncio das entidades
Confira abaixo a leitura na íntegra da carta de Martin Jensen, diretor da Queensberry
Não é só Aroldo Schultz e Ilya Hirsch que estão incomodados com o impasse do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). O diretor da Queensberry Viagens, Martin Jensen, desabafa em carta enviada ao Portal PANROTAS sobre o incômodo que o “silêncio ensurdecedor” das entidades têm causado à indústria de viagens.
Em seu relato, Jensen não poupa críticas ao governo brasileiro. Ele pontua que uma série de promessas feitas por ministros não foi cumprida. O “maldito imposto”, segundo ele, é injustificável.
Enquanto empresários sugerem taxa zero, o diretor da Queensberry acredita que a aplicação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38% - mesma taxa dos cartões de crédito - seria uma decisão mais justa.
Desde o início de 2016, as empresas brasileiras pagam uma alíquota de 25% (com juros, o valor chega a 33%) sobre remessas a países estrangeiros. O ministro do Turismo, Henrique Alves, e as entidades Abav Nacional, Abeta, Belta, Braztoa, Clia Abremar são as lideranças do trade envolvidas no cumprimento dos 6,38%. No entanto, o processo ainda segue em aberto em Brasília.
Confira a leitura na íntegra abaixo:
“Com todo respeito aos dedicados profissionais que se prontificaram para negociar com o governo sobre este abusivo imposto, eu me sinto tão frustrado quanto o amigo Aroldo Schultz, principalmente pelo ‘silêncio ensurdecedor’ desde o dia 29 de janeiro.
Certamente ninguém poderia prever que tantos ministros de um país do tamanho e importância do Brasil iriam prometer e não cumprir tantas promessas em dois meses desde o acordo original no início de dezembro. Deve ser um recorde mundial absoluto!
Mas deixar todos nós sem nenhuma informação sobre o que de fato está sendo negociado nem os motivos dos sucessivos adiamentos dos prazos e, ainda, sem nenhuma previsão da data quando realmente será resolvido, é totalmente inaceitável.
1- Alguém transmitiu aos políticos que, diferente do mundo deles onde não tem prazo para nada, o negócio de Turismo envolve o cumprimento diário de dezenas de prazos por parte de cada empresário do setor, a grande maioria dos quais tem muito pouco flexibilidade?
2- Alguém questionou a legitimidade deste imposto Imposto de Renda Retido na Fonte quando aplicado para reter no Brasil impostos devidos por nossos fornecedores as suas Receitas Federais no Exterior?
3- Alguém questionou a justificação da alíquota de 25%? Só posso deduzir que os burocratas da Receita Federal que inventaram este monstruoso imposto optaram por ignorar totalmente a baixa lucratividade do nosso negócio. Com 44 anos como profissional deste mercado (em Londres e, depois, no Brasil), eu sei como é quase impossível alcançar um lucro “EBT” (neto de despesas, mas antes de imposto de renda) acima de 5%.
Até a CVC que tem hoje uma administração muito competente e se beneficia de grandes economias de escala, publica resultados que demonstra que seu “EBT” está quase exatamente 5%. Imaginando que nossos fornecedores estejam alcançando este lucro de 5% e que eles pagam imposto de renda de 40% (muitos países cobram bem menos que isso), eles acabariam pagando 2% do total do seu faturamento bruto em impostos.
Em outras palavras, a nossa Receita Federal estará retendo aqui valores 12.5 vezes maiores que os impostos de fato pagos no Exterior!
Baseado na palavra de tantos ministros desde o início de dezembro que o imposto seria reduzido de 25% para 6% em poucos dias, não se podia justificar que nós operadoras cobrássemos 25% dos nossos passageiros.
Com o escandaloso não cumprimento de tantas promessas por parte dos ministros, nós nos encontramos diariamente com a decisão de pagar um imposto assassino ou pagar contas urgentes no cartão de credito (para evitar que os serviços dos clientes sejam cancelados) mesmo que o cartão é uma maneira muito ineficiente de fazer pagamentos – pois não temos como prever qual taxa do câmbio a administradora irá aplicar na data de pagamento mensal e ainda temos que enfrentar as taxas de administração aplicada no Exterior (que muitos fornecedores não absorvem).
Qualquer governo competente iria adiar a imposição deste imposto até que foi amplamente discutido com todas as partes envolvidas. A decisão de aplicar o imposto (de fato a decisão de não estender a isenção) sem qualquer análise dos efeitos (e nem toquei aqui na inevitável onda de demissões e quebras de empresas que certamente resultarão se a alíquota de 25% for mantida) está apresentando a milhões de pessoas no Exterior uma imagem de total irresponsabilidade, para usar uma palavra educada.
Se aceitamos a realidade de um governo desesperado para aumenta a sua receita e que nem tem coragem para reduzir seus gastos absurdos de administração, seria ingênuo esperar a extinção de impostos sobre remessas (mesmo que quase nenhum outro país do mundo cobra o mesmo).
Nesta situação, não seria mais fácil esquecer totalmente este maldito (a palavra certa) IRRF e aplicar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% nas remessas que, assim, ficariam tratado da mesma forma de pagamentos no cartão!
Atenciosamente,
Martin Jensen"
Em seu relato, Jensen não poupa críticas ao governo brasileiro. Ele pontua que uma série de promessas feitas por ministros não foi cumprida. O “maldito imposto”, segundo ele, é injustificável.
Enquanto empresários sugerem taxa zero, o diretor da Queensberry acredita que a aplicação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38% - mesma taxa dos cartões de crédito - seria uma decisão mais justa.
Desde o início de 2016, as empresas brasileiras pagam uma alíquota de 25% (com juros, o valor chega a 33%) sobre remessas a países estrangeiros. O ministro do Turismo, Henrique Alves, e as entidades Abav Nacional, Abeta, Belta, Braztoa, Clia Abremar são as lideranças do trade envolvidas no cumprimento dos 6,38%. No entanto, o processo ainda segue em aberto em Brasília.
Confira a leitura na íntegra abaixo:
“Com todo respeito aos dedicados profissionais que se prontificaram para negociar com o governo sobre este abusivo imposto, eu me sinto tão frustrado quanto o amigo Aroldo Schultz, principalmente pelo ‘silêncio ensurdecedor’ desde o dia 29 de janeiro.
Certamente ninguém poderia prever que tantos ministros de um país do tamanho e importância do Brasil iriam prometer e não cumprir tantas promessas em dois meses desde o acordo original no início de dezembro. Deve ser um recorde mundial absoluto!
Mas deixar todos nós sem nenhuma informação sobre o que de fato está sendo negociado nem os motivos dos sucessivos adiamentos dos prazos e, ainda, sem nenhuma previsão da data quando realmente será resolvido, é totalmente inaceitável.
1- Alguém transmitiu aos políticos que, diferente do mundo deles onde não tem prazo para nada, o negócio de Turismo envolve o cumprimento diário de dezenas de prazos por parte de cada empresário do setor, a grande maioria dos quais tem muito pouco flexibilidade?
2- Alguém questionou a legitimidade deste imposto Imposto de Renda Retido na Fonte quando aplicado para reter no Brasil impostos devidos por nossos fornecedores as suas Receitas Federais no Exterior?
3- Alguém questionou a justificação da alíquota de 25%? Só posso deduzir que os burocratas da Receita Federal que inventaram este monstruoso imposto optaram por ignorar totalmente a baixa lucratividade do nosso negócio. Com 44 anos como profissional deste mercado (em Londres e, depois, no Brasil), eu sei como é quase impossível alcançar um lucro “EBT” (neto de despesas, mas antes de imposto de renda) acima de 5%.
Até a CVC que tem hoje uma administração muito competente e se beneficia de grandes economias de escala, publica resultados que demonstra que seu “EBT” está quase exatamente 5%. Imaginando que nossos fornecedores estejam alcançando este lucro de 5% e que eles pagam imposto de renda de 40% (muitos países cobram bem menos que isso), eles acabariam pagando 2% do total do seu faturamento bruto em impostos.
Em outras palavras, a nossa Receita Federal estará retendo aqui valores 12.5 vezes maiores que os impostos de fato pagos no Exterior!
Baseado na palavra de tantos ministros desde o início de dezembro que o imposto seria reduzido de 25% para 6% em poucos dias, não se podia justificar que nós operadoras cobrássemos 25% dos nossos passageiros.
Com o escandaloso não cumprimento de tantas promessas por parte dos ministros, nós nos encontramos diariamente com a decisão de pagar um imposto assassino ou pagar contas urgentes no cartão de credito (para evitar que os serviços dos clientes sejam cancelados) mesmo que o cartão é uma maneira muito ineficiente de fazer pagamentos – pois não temos como prever qual taxa do câmbio a administradora irá aplicar na data de pagamento mensal e ainda temos que enfrentar as taxas de administração aplicada no Exterior (que muitos fornecedores não absorvem).
Qualquer governo competente iria adiar a imposição deste imposto até que foi amplamente discutido com todas as partes envolvidas. A decisão de aplicar o imposto (de fato a decisão de não estender a isenção) sem qualquer análise dos efeitos (e nem toquei aqui na inevitável onda de demissões e quebras de empresas que certamente resultarão se a alíquota de 25% for mantida) está apresentando a milhões de pessoas no Exterior uma imagem de total irresponsabilidade, para usar uma palavra educada.
Se aceitamos a realidade de um governo desesperado para aumenta a sua receita e que nem tem coragem para reduzir seus gastos absurdos de administração, seria ingênuo esperar a extinção de impostos sobre remessas (mesmo que quase nenhum outro país do mundo cobra o mesmo).
Nesta situação, não seria mais fácil esquecer totalmente este maldito (a palavra certa) IRRF e aplicar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% nas remessas que, assim, ficariam tratado da mesma forma de pagamentos no cartão!
Atenciosamente,
Martin Jensen"