Especial CVC 44 Anos: entrevista com Sueli Ruotolo
Daqui a poucos dias, a CVC completa 44 anos de mercado. A operadora criadaem 28 de maio de 1972 é um negócio de R$ 5,2 bilhões em vendas e, só no ano passado, embarcou quase quatro milhões de pessoas. A trajetória de sucesso foi alcançada com o empen
Daqui a poucos dias, a CVC completa 44 anos de mercado. A operadora, fundada em 28 de maio de 1972, é hoje um negócio de R$ 5,2 bilhões em vendas e, só no ano passado, embarcou quase quatro milhões de pessoas. A trajetória de sucesso foi alcançada com o empenho de colaboradores que dedicaram décadas à operadora. E é por isso que, no aniversário da empresa, quem conta a história são eles.
Conheça, nas próximas semanas, algumas das muitas histórias que fizeram o império CVC. A primeira será a de Sueli Rutuolo, a gerente sênior de Produtos Aéreos (Nacional) que acaba de completar 30 anos de casa. Acompanhe!
O que era para ser um trabalho temporário de três meses no setor de Produtos Rodoviários tornou-se uma carreira de 31 anos para Sueli Ruotolo. Um casamento, melhor dizendo. De 1985 até agora, muita coisa mudou na vida da profissional, inclusive sua área de atuação, já que hoje ocupa o cargo de gerente sênior de Produtos Aéreos (Nacional). “Eu tinha experiência no comércio atacadista de alimentos e não tinha planos de ficar na CVC porque o salário era baixo para temporários. Quando encerrou o acordo, me chamaram para ficar, então tive de renegociar (o salário)”, disparou ela. A mudança de setor demorou um ano, e foi marcada pelo início, digamos, clássico de se fazer as coisas, ou seja, com papel, caneta e muito suor.
“Na verdade, a reserva era feita a lápis. Quando o cliente confirmava a compra, produzíamos uma versão com tinta de caneta. Como nossas operações eram relativamente pequenas naquela época, eu sabia tudo de cor. Não sei se posso dizer isso, mas acho que fui uma das raras profissionais do Turismo que não consultou muito o Guia PANROTAS”, brincou ela, aos risos, lembrando da função de emissora de bilhetes. A tarefa era simples, o que motivou Sueli a buscar algo mais. Para isso, resolveu, por conta própria, aprender todas as etapas do setor. O resultado foi uma clara conquista de espaço, mesmo não sendo comandante da área. A promoção veio apenas quatro anos depois, quando seu gerente se desligou da operadora.
O trabalho duro sempre rendeu ótimos resultados para Sueli – e muitas horas extras. A icônica compra de 100 mil lugares na saudosa Vasp foi um marco para a CVC e até hoje é lembrada com orgulho pela gerente.
“Eu posso dizer que vivi épocas emblemáticas na CVC, como o período em que fretávamos 200 voos por semana. Era algo espetacular”, revelou. Hoje os tempos são outros, e a evolução da CVC proporciona manter cerca de mil fretamentos por mês.
“O fretamento sempre foi um ótimo negócio, porque os acordos valiam o risco da operação. Tínhamos operações semanais para todo o Brasil. A história é um pouco diferente hoje em dia. Agora, voos regulares podem ter valores igualmente interessantes aos fretados, portanto, a nossa estratégia também teve de ser alterada. De qualquer forma, ainda temos essa negociação como base para muitas ações.”
MAIS LEMBRANÇAS
No último 1º de abril, a funcionária comemorou 30 anos de casa, com direito a ligações especiais de Guilherme Paulus e Valter Patriani, companheiros de longa data. “Lembro que o Guilherme [Paulus] trazia lanches e doces para nós durante os plantões da alta temporada. Na volta para casa, o motorista da empresa fazia uma carreata e nos levava durante a noite ou madrugada. No dia seguinte, lá estava ele para nos buscar logo pela manhã. Era muito puxado, mas a gente adorava - até porque ganhávamos um salário extra no final do mês. O Guilherme Paulus fazia questão de chamar um por um, entregar o cheque e agradecer o empenho. Eu saía da sala toda sorridente”, recorda ela, com a clara sensação de que foi transportada para o passado em questão de instantes.
A equipe, que antes era formada por seis pessoas, hoje foi parcialmente absorvida pelo Centro de Controle Operacional (CCO), restando ao antigo departamento cuidar de questões comerciais e de negociação com as companhias aéreas. O crescimento da empresa, porém, não impediu que a equipe de Sueli dobrasse de tamanho. “Hoje fazemos hoje algo mais estratégico, garantindo as negociações para que a área de produtos possa oferecer pacotes sem medo”, explica, antes de revelar: “a gente trabalhava muito mais antigamente. Nenhum processo era digitalizado. Nem computador tínhamos. Tudo era na base da confiança”.
A dependência das companhias aéreas era maior e muito mais convidativa para as operadoras, lembra Sueli Ruotolo. A relação próxima possibilitava, inclusive, colocar, por exemplo, 90 clientes em um mesmo voo, operação que hoje não existe mais, assim como a tarifa operadora, extinta há poucos anos. Sinais dos tempos e das constantes mudanças de mercado.
A parte mais difícil do trabalho da equipe hoje, relata ela, é lidar com as readequações de malha (leia-se diminuição) das empresas aéreas. Realocar o cliente sem alterar o cronograma previsto no pacote é sempre um desafio.
APOSENTADORIA
A escolha por um estilo de vida voltado à profissão não incomoda nem um pouco a gerente. Sempre de bom humor, Sueli não perde a oportunidade de brincar com as muitas situações de sua trajetória. Quando perguntada sobre a vida pessoal, não titubeia e diz que “casou com a CVC”. Talvez por isso tenha o hábito de analisar a mudança de postura da empresa e seus colaboradores ao passar dos anos.
“Antigamente se vestia a camisa muito mais do que hoje, sem dúvida. Éramos muito unidos e ajudávamos um ao outro, não importava o setor.” A dedicação foi tanta que até os estudos ficaram de lado. “Meu diploma de bacharel em Turismo é de 2012. A CVC fez uma parceria com a Universidade Metodista, de São Bernardo do Campo, e muitos colaboradores foram para a sala de aula. Eu fui colega de classe do Claiton [Armelin, diretor geral de Produtos Nacionais] e de muitos outros executivos da velha guarda. Era uma turma praticamente só da CVC”, garantiu.
O capítulo triste é, ironicamente, um dos momentos mais importantes da empresa: a venda para o fundo de investimentos norte-americano Carlyle, em 2010. Apreensão foi a palavra elegida por Sueli para definir a transição. “Eu chorei muito, porque vi muitos amigos deixando a empresa. Eram pessoas experientes e muito competentes. A gestão que entrou valorizava os currículos, os executivos com perfil carreirista. Não acho isso errado, mas tivemos a sensação de que estávamos sendo abandonados. Quando o Valter Patriani voltou, e o [Luiz Eduardo] Falco entrou, foi um alívio muito grande.”
Não demora muito para se perceber que os altos e baixos da carreira foram encarados com muito sentimento pela executiva. O fator “sentir-se em casa” foi sempre o grande motivador.
“Eu já cheguei onde eu queria. Eu tenho 52 anos e pretendo me aposentar na CVC. Se deixarem, eu fico até envelhecer de vez. Eu não me vejo trabalhando em outro lugar.”
Conheça, nas próximas semanas, algumas das muitas histórias que fizeram o império CVC. A primeira será a de Sueli Rutuolo, a gerente sênior de Produtos Aéreos (Nacional) que acaba de completar 30 anos de casa. Acompanhe!
O que era para ser um trabalho temporário de três meses no setor de Produtos Rodoviários tornou-se uma carreira de 31 anos para Sueli Ruotolo. Um casamento, melhor dizendo. De 1985 até agora, muita coisa mudou na vida da profissional, inclusive sua área de atuação, já que hoje ocupa o cargo de gerente sênior de Produtos Aéreos (Nacional). “Eu tinha experiência no comércio atacadista de alimentos e não tinha planos de ficar na CVC porque o salário era baixo para temporários. Quando encerrou o acordo, me chamaram para ficar, então tive de renegociar (o salário)”, disparou ela. A mudança de setor demorou um ano, e foi marcada pelo início, digamos, clássico de se fazer as coisas, ou seja, com papel, caneta e muito suor.
“Na verdade, a reserva era feita a lápis. Quando o cliente confirmava a compra, produzíamos uma versão com tinta de caneta. Como nossas operações eram relativamente pequenas naquela época, eu sabia tudo de cor. Não sei se posso dizer isso, mas acho que fui uma das raras profissionais do Turismo que não consultou muito o Guia PANROTAS”, brincou ela, aos risos, lembrando da função de emissora de bilhetes. A tarefa era simples, o que motivou Sueli a buscar algo mais. Para isso, resolveu, por conta própria, aprender todas as etapas do setor. O resultado foi uma clara conquista de espaço, mesmo não sendo comandante da área. A promoção veio apenas quatro anos depois, quando seu gerente se desligou da operadora.
O trabalho duro sempre rendeu ótimos resultados para Sueli – e muitas horas extras. A icônica compra de 100 mil lugares na saudosa Vasp foi um marco para a CVC e até hoje é lembrada com orgulho pela gerente.
“Eu posso dizer que vivi épocas emblemáticas na CVC, como o período em que fretávamos 200 voos por semana. Era algo espetacular”, revelou. Hoje os tempos são outros, e a evolução da CVC proporciona manter cerca de mil fretamentos por mês.
“O fretamento sempre foi um ótimo negócio, porque os acordos valiam o risco da operação. Tínhamos operações semanais para todo o Brasil. A história é um pouco diferente hoje em dia. Agora, voos regulares podem ter valores igualmente interessantes aos fretados, portanto, a nossa estratégia também teve de ser alterada. De qualquer forma, ainda temos essa negociação como base para muitas ações.”
MAIS LEMBRANÇAS
No último 1º de abril, a funcionária comemorou 30 anos de casa, com direito a ligações especiais de Guilherme Paulus e Valter Patriani, companheiros de longa data. “Lembro que o Guilherme [Paulus] trazia lanches e doces para nós durante os plantões da alta temporada. Na volta para casa, o motorista da empresa fazia uma carreata e nos levava durante a noite ou madrugada. No dia seguinte, lá estava ele para nos buscar logo pela manhã. Era muito puxado, mas a gente adorava - até porque ganhávamos um salário extra no final do mês. O Guilherme Paulus fazia questão de chamar um por um, entregar o cheque e agradecer o empenho. Eu saía da sala toda sorridente”, recorda ela, com a clara sensação de que foi transportada para o passado em questão de instantes.
A equipe, que antes era formada por seis pessoas, hoje foi parcialmente absorvida pelo Centro de Controle Operacional (CCO), restando ao antigo departamento cuidar de questões comerciais e de negociação com as companhias aéreas. O crescimento da empresa, porém, não impediu que a equipe de Sueli dobrasse de tamanho. “Hoje fazemos hoje algo mais estratégico, garantindo as negociações para que a área de produtos possa oferecer pacotes sem medo”, explica, antes de revelar: “a gente trabalhava muito mais antigamente. Nenhum processo era digitalizado. Nem computador tínhamos. Tudo era na base da confiança”.
A dependência das companhias aéreas era maior e muito mais convidativa para as operadoras, lembra Sueli Ruotolo. A relação próxima possibilitava, inclusive, colocar, por exemplo, 90 clientes em um mesmo voo, operação que hoje não existe mais, assim como a tarifa operadora, extinta há poucos anos. Sinais dos tempos e das constantes mudanças de mercado.
A parte mais difícil do trabalho da equipe hoje, relata ela, é lidar com as readequações de malha (leia-se diminuição) das empresas aéreas. Realocar o cliente sem alterar o cronograma previsto no pacote é sempre um desafio.
APOSENTADORIA
A escolha por um estilo de vida voltado à profissão não incomoda nem um pouco a gerente. Sempre de bom humor, Sueli não perde a oportunidade de brincar com as muitas situações de sua trajetória. Quando perguntada sobre a vida pessoal, não titubeia e diz que “casou com a CVC”. Talvez por isso tenha o hábito de analisar a mudança de postura da empresa e seus colaboradores ao passar dos anos.
“Antigamente se vestia a camisa muito mais do que hoje, sem dúvida. Éramos muito unidos e ajudávamos um ao outro, não importava o setor.” A dedicação foi tanta que até os estudos ficaram de lado. “Meu diploma de bacharel em Turismo é de 2012. A CVC fez uma parceria com a Universidade Metodista, de São Bernardo do Campo, e muitos colaboradores foram para a sala de aula. Eu fui colega de classe do Claiton [Armelin, diretor geral de Produtos Nacionais] e de muitos outros executivos da velha guarda. Era uma turma praticamente só da CVC”, garantiu.
O capítulo triste é, ironicamente, um dos momentos mais importantes da empresa: a venda para o fundo de investimentos norte-americano Carlyle, em 2010. Apreensão foi a palavra elegida por Sueli para definir a transição. “Eu chorei muito, porque vi muitos amigos deixando a empresa. Eram pessoas experientes e muito competentes. A gestão que entrou valorizava os currículos, os executivos com perfil carreirista. Não acho isso errado, mas tivemos a sensação de que estávamos sendo abandonados. Quando o Valter Patriani voltou, e o [Luiz Eduardo] Falco entrou, foi um alívio muito grande.”
Não demora muito para se perceber que os altos e baixos da carreira foram encarados com muito sentimento pela executiva. O fator “sentir-se em casa” foi sempre o grande motivador.
“Eu já cheguei onde eu queria. Eu tenho 52 anos e pretendo me aposentar na CVC. Se deixarem, eu fico até envelhecer de vez. Eu não me vejo trabalhando em outro lugar.”