Veja soluções para o Turismo em excesso e suas causas
Algumas cidades, principalmente europeias, como Barcelona, Veneza e Reykjavik sofreram transformações devido as atividades turísticas, as quais têm incomodado os residentes, que em algumas ocasiões chegaram a organizar protestos antituristas
O Turismo mundial passa por crescimento sem precedentes, e isso não é necessariamente algo positivo. Algumas cidades, principalmente europeias, como Barcelona e Veneza sofreram transformações devido às atividades turísticas que têm incomodado os residentes, que em algumas ocasiões chegaram a organizar protestos contra os visitantes.
De acordo com a diretora da Iniciativa Internacional de Turismo Sustentável, da Escola de Saúde Pública de Harvard, Megan Wood, esses manifestantes sentem que suas vidas não podem ser prejudicadas pelo Turismo. "Eles tem o direito de se posicionar, não acredito que estejam errados. É importante escutarmos essas pessoas e chegar a um novo nível de compreensão do que significa. Nós precisamos seriamente saber suas preocupações e descobrir modos de agir proativamente", afirmou Megan.
As informações são do portal Skift, que também sugeriu cinco possibilidades de soluções para o excesso de turistas em algumas cidades. As sugestões são limitar opções de transporte, tornar viagens mais caras, melhorar o marketing e educação, melhor colaboração entre investidores e proteger áreas superlotadas Confira abaixo.
LIMITAR OPÇÕES DE TRANSPORTE
Viajar se tornou cada vez mais acessível, principalmente na Europa e países asiáticos emergentes, com as aéreas low cost e a grande oferta de cruzeiros de alta capacidade. "O crescimento do Turismo tem sido controverso de uma forma que é diretamente decorrente do fato de que as empresas chegam em uma cidade e perturbam a vida normal e a atividade comercial", afirmou o CEO da Associação de Operadores Turísticos da Europa, Tom Jenkins.
De acordo com o Skift, há ainda uma certa contrariedade, já que alguns residentes se beneficiam com o setor turístico. E, também, os turistas não podem ser inteiramente responsabilizados, já que o governo e entidades locais permitem a atividade dentro do país. "Como em Amsterdã, onde os residentes estão incomodados, mas os turistas não organizaram o distrito da luz vermelha ou abriram lojas de cannabis. Os residentes fizeram isso", ponderou Jenkins.
A capital holandesa é uma das cidades que vem sofrendo com o Turismo, e inclusive restringiu a abertura de novos comércios para visitantes em seu centro. Mas, uma melhor forma de reduzir o número de pessoas seja dificultar a visita ao invés de criar restrições para aqueles que já estão no local.
TORNAR VIAGENS MAIS CARAS
Ultimamente, as viagens deixaram de ser um luxo ocasional e se tornou apenas mais uma mercadoria. Executivos da Islândia afirmaram ao Skift ano passado que a forma mais atraente para abrandar o crescimento é criar mais ofertas de luxo para viajantes com gastos elevados. Como a gentrificação atinge as principais cidades do mundo, isso às vezes pode acontecer como resultado do investimento e da especulação imobiliária.
Os operadores turísticos e as linhas de cruzeiro de aventura e luxo estão melhor posicionados para fornecer experiências fora das áreas turísticas tradicionais em um destino. "Maioria de nossas partidas são para destinos remotos, mas também temos um pouco de presença em algumas das áreas movimentadas da Europa", afirmou o CXO (chief expedition officer) da Lindblad Expeditions, Trey Byus.
Muitos destinos remotos permitem apenas alguns grupos de visitantes ao dia. As Ilhas Galápagos, Machu Picchu e outros abraçaram essa forma de gerenciamento da demanda por décadas. Os destinos urbanos podem se inspirar e limitar o acesso a áreas de alta demanda e aumentar o preço do acesso ao mesmo tempo.
MELHORAR O MARKETING E EDUCAÇÃO
Um problema que tem sido recorrente para destinos é como impedir que turistas lotem a cidade e prejudiquem o ambiente. A solução mais cabível pode ser criar campanhas de marketing mais realistas e de educação também.
Do ponto de vista da educação, as empresas devem apresentar seus produtos de forma mais realista. Eles também têm que educar seus clientes sobre o que eles realmente enfrentarão na viagem e as formas aceitáveis de se comportar no destino específico. Se a viagem é realmente sobre experimentar uma cultura distinta, os viajantes devem estar preparados para respeitar locais e tradições.
Alimentado por campanhas de marketing globais atraentes e o ritmo frenético das mídias sociais, os viajantes agora esperam completar uma lista de afazeres durante a viagem. Os destinos precisam estar cientes de que a imagem que eles apresentam aos viajantes e a demanda criada para o acesso a certas experiências simplesmente não podem ser fornecidas de forma sustentável.
MELHOR COLABORAÇÃO ENTRE INVESTIDORES
Um problema raramente discutido é que os conselhos de Turismo locais, estaduais e nacionais são geralmente encarregados de promover o turismo e viagens corporativas, mas não planejar e gerenciar o setor. No entanto, cada vez mais, organizações de marketing de destinos reconsideraram como eles podem servir melhor os interesses dos locais ao invés de promover o crescimento desenfreado de visitas.
Há um problema mais grave que afeta os destinos em todo o mundo: não existe uma maneira codificada de medir e quantificar o impacto que o turismo tem conclusivamente. Embora não seja impossível, poderia ser mais proveitoso para os destinos desenvolver e testar métodos para resolver o excesso de turistas, colaborando e tentando encontrar soluções.
Quanto mais informações e dados as cidades têm sobre o fenômeno e as consequências do excesso de turismo, melhor equipadas seriam para evitar isso, chegando a soluções baseadas em evidências ao invés de conjeturas.
PROTEGER ÁREAS SUPERLOTADAS
É claro que os destinos não fizeram o suficiente para evitar que o número excessivo de turistas prejudique as comunidades. O maior problema é a velocidade com que o turismo provoca mudanças em uma comunidade. As cidades querem o aumento da atividade econômica, mas não estão bem equipadas para fazer restrições rápidas e responsivas, uma vez que as mudanças indesejadas começam a ocorrer.
Algumas cidades, como Barcelona, recorreram para a legislação para conter o influxo de turistas. Os operadores turísticos, além disso, mudaram a forma como eles conduzem visitas, muitas vezes surpreendendo os tempos que determinados grupos chegam para reduzir o congestionamento. No entanto, o turismo é muitas vezes interligado com o desenvolvimento econômico geral nas cidades.
Uma alternativa pode ser as grandes cidades desenvolver estratégias semelhantes a destinos menores, como as Ilhas Galápagos, Machu Picchu e Palau, que não tiveram escolha senão limitar o crescimento do turismo. Esses destinos têm planos detalhados e rigorosos que visam o acesso e o desenvolvimento de suas atrações.
*Fonte: Skift