Turismo de luxo: imaterialidade e paixão pelos detalhes
CANNES, FRANÇA – Tempo, serviço, pessoalidade, autenticidade... O conceito de luxo invariavelmente muda na mente do consumidor, e hoje a tendência é clara: o luxo é cada vez menos material, pelo menos no Turismo. Líderes da indústria de viagens
CANNES, FRANÇA – Tempo, serviço, pessoalidade, autenticidade... o conceito de luxo invariavelmente muda na mente do consumidor, e hoje a tendência é clara: o luxo é cada vez menos material, pelo menos no Turismo. Líderes da indústria de viagens de alto padrão estão buscando mais negócios que sejam relacionados às relações pessoais, às experiências de bem-estar, à exploração dos sentidos e ao contato com o autêntico, com o local. Em suma, o imaterial nunca foi uma tendência tão forte no Turismo.
Isso talvez se dê pelo fato das pessoas estarem cercadas de informação imediata e saberem tudo sobre um destino antes mesmo de embarcar para a viagem de férias. “Por isso há de se insistir na questão das experiências. O óbvio já pode ser vivido pela tela do celular, mas o que torna uma viagem inesquecível são os detalhes”, avaliou o diretor da Travelweek, Simon Mayle, durante a ILTM Cannes.
“As pequenas coisas são o que fazem diferença. Isso atinge o coração e a mente. Amor e lealdade são difíceis de encontrar no mundo de hoje, e isso é aplicável para qualquer esfera, inclusive no Turismo. É muito satisfatório ser atendido com carinho em um restaurante, em um hotel. Ver que aquele profissional está realmente interessado em satisfazer o hóspede, mesmo que com um simples gesto”, completou, em referência ao tema “Amor, Lealdade e Luxo” da ILTM Cannes, que Mayle já revelou ser o mesmo tema da Travelweek 2017.
Teresa Perez segue a opinião do líder da Travelweek. “O turista de alto padrão não tem mais ambição de ostentar. Ele encontra autossatisfação principalmente por meio de privacidade. Um serviço personalizado que preencha suas expectativas de lazer de acordo com o interesse de cada um. Tem cliente que gosta de natureza, ou de cultura, ou de outros produtos”, apontou. “Nesse mundo cada vez mais ocidentalizado e padronizado, encontrar autenticidade também é fundamental. É frustrante ir para longe de casa e encontrar as mesmas coisas que você encontra no seu dia a dia”, completou Teresa, dando o exemplo de Viena como Turismo histórico e cultural e Maldivas como destino de natureza.
Para o diretor comercial do Relais & Chateaux, Arnaud Wielgus, um bom hotel de alto padrão “não é aquele que tem ouro para todo lado”. “O Turismo de luxo hoje é ir além, é experimentar o que um destino tem de mais legítimo, desde a gastronomia até outras experiências sensoriais. É claro que isso nem sempre é acessível para todo mundo, mas o luxo está mais democrático, e cada vez mais pessoal. Antigamente esse status era definido. Ou você tinha ou não tinha. Agora é algo que varia de pessoa para pessoa. Isso significa maior nível de exigência e, da parte dos hotéis, estar preparado para tudo”, afirmou, ainda salientando o fator tempo. “Com tanto trabalho, tanta informação por todo lado, ter tempo para desconectar sem dúvida virou artigo luxuoso nos dias de hoje.”
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