Presidentes escrevem sobre erros da Copa no Brasil
Os presidentes Constantino Karacostas (Abav-SP), Eduardo Nascimento (Sindetur-SP) e Marcelo Matera (Aviesp) escreveram, em cojunto, um artigo sobre os erros e consequênci
Os presidentes Constantino Karacostas (Abav-SP), Eduardo Nascimento (Sindetur-SP) e Marcelo Matera (Aviesp) escreveram, em cojunto, um artigo sobre os erros e consequências relativos às prioridades dadas pelo Brasil na organização da Copa do Mundo.
Confira na íntegra.
O Brasil precisa aprender com os erros da Copa do Mundo 2014
Se tivéssemos feito a lição de casa... É certo que agora é tarde, mas o Brasil poderia elevar e muito a sua competitividade no cenário turístico internacional, com planejamento adequado e prioridades definidas por critérios distintos àqueles adotados para ser a sede da Copa do Mundo. Entretanto, a prioridade foi construir estádios, que rendem notícias internacionais ancoradas em depoimentos de representantes da Fifa e do Coi revelando preocupações em relação aos prazos de execução das obras. As consequências práticas se resumem à percepção global de que estamos com problemas. Problemas que poderão vir a prejudicar a competitividade dos destinos turísticos nacionais, gerando efeitos contrários àqueles que seriam os desejáveis e possíveis de serem alcançados, caso algumas medidas simples tivessem sido corretamente previstas e executadas.
É uma vergonha a condição em que se encontram os nossos aeroportos; há falta de mais investimentos em ações de treinamento dos profissionais do setor e, também, sofremos com o reduzido número de pessoas no Brasil habilitadas para atender turistas com o domínio de outros idiomas. Preocupa também a falta de mobilidade urbana, incompatível com o atendimento às necessidades e expectativas de um país que estará sob o olhar atento e vigilante dos mais de 20 mil jornalistas estrangeiros aguardados para cobrir o evento. Medidas básicas foram esquecidas, como identificar, recrutar, selecionar, treinar e organizar a frota de táxis nos portões de entrada e em outros pontos estratégicos, com motoristas capacitados para atender visitantes que desembarcarão no Brasil nos idiomas inglês e espanhol.
Os riscos causados pelo improviso e pela ausência de gestão coordenada nas ações do setor de viagens e turismo são enormes. Grande parte dos torcedores estrangeiros que visitarão o Brasil já sente como nós, torcedores brasileiros, impactos negativos gerados pela elevação do custo Brasil e a nefasta prática do abuso de preços e de tarifas inaceitáveis! Importante lembrar ainda que a compra dos pacotes turísticos para a Copa do Mundo no Brasil é feita pelos torcedores estrangeiros em suas respectivas agências de viagens, sediadas nos países de origem, e não por meio de sites na internet. Portanto, cabe também indagar: o que foi feito para que todas essas agências de viagens estrangeiras pudessem, com competência, informar e motivar corretamente os seus clientes a conhecer outros destinos turísticos brasileiros, que excedem os encantos das doze cidades-sede?
O modelo centralizado de promoção e de venda dos ingressos para os jogos do Mundial, que foi aceito e que vigora no Brasil, exclui quase a totalidade das agências de viagens brasileiras do atendimento à demanda de torcedores estrangeiros, inclusive devido aos problemas que ficaram evidenciados na Copa da França, quando muitos turistas compraram e não levaram. Prevalece por aqui no Brasil aquela malfadada “Lei de Gerson”, que ecoa a política daqueles que apostam no “quanto pior, melhor”; favorece aqueles que pensam em obter ganhos imediatos, preferem apostar em discursos demagógicos e fazem promessas que não são cumpridas, como no caso do propalado trem-bala, só para citar outro exemplo que obteve forte repercussão midiática.
Em síntese, em vez de explorar o turista, o Brasil deveria ter como meta aprender a explorar o turismo, investindo em ações alinhadas com os princípios do desenvolvimento sustentável do setor. Os mesmos torcedores que virão ao nosso país, motivados pela paixão do futebol, deveriam regressar encantados com o que vivenciarão no destino Brasil, elogiando a qualidade dos nossos serviços públicos e privados; convencidos de que pagaram o preço justo. Quanto valeria para a economia nacional ter o Brasil capacidade para gerar plena satisfação aos visitantes torcedores estrangeiros, caso eles fossem, desde o início, tratados com o respeito e a ética que merecem? Por que a Copa do Mundo no Brasil não gerou investimentos na qualidade de vida dos cidadãos brasileiros e que, do mesmo modo, merecem ser tratados com respeito e ética? Não parece óbvio que deveríamos nortear ações coordenadas voltadas ao objetivo comum de proporcionar a melhor relação preço-qualidade para todos os turistas?
Saibamos reconhecer e corrigir as falhas, com melhorias indispensáveis à organização, promoção e realização dos jogos Olímpicos em 2016.
CK Constantino Karacostas
Presidente Abav-SP
Eduardo Vampré Nascimento
Presidente Sindetur-SP
Marcelo Matera
Presidente Aviesp
Confira na íntegra.
O Brasil precisa aprender com os erros da Copa do Mundo 2014
Se tivéssemos feito a lição de casa... É certo que agora é tarde, mas o Brasil poderia elevar e muito a sua competitividade no cenário turístico internacional, com planejamento adequado e prioridades definidas por critérios distintos àqueles adotados para ser a sede da Copa do Mundo. Entretanto, a prioridade foi construir estádios, que rendem notícias internacionais ancoradas em depoimentos de representantes da Fifa e do Coi revelando preocupações em relação aos prazos de execução das obras. As consequências práticas se resumem à percepção global de que estamos com problemas. Problemas que poderão vir a prejudicar a competitividade dos destinos turísticos nacionais, gerando efeitos contrários àqueles que seriam os desejáveis e possíveis de serem alcançados, caso algumas medidas simples tivessem sido corretamente previstas e executadas.
É uma vergonha a condição em que se encontram os nossos aeroportos; há falta de mais investimentos em ações de treinamento dos profissionais do setor e, também, sofremos com o reduzido número de pessoas no Brasil habilitadas para atender turistas com o domínio de outros idiomas. Preocupa também a falta de mobilidade urbana, incompatível com o atendimento às necessidades e expectativas de um país que estará sob o olhar atento e vigilante dos mais de 20 mil jornalistas estrangeiros aguardados para cobrir o evento. Medidas básicas foram esquecidas, como identificar, recrutar, selecionar, treinar e organizar a frota de táxis nos portões de entrada e em outros pontos estratégicos, com motoristas capacitados para atender visitantes que desembarcarão no Brasil nos idiomas inglês e espanhol.
Os riscos causados pelo improviso e pela ausência de gestão coordenada nas ações do setor de viagens e turismo são enormes. Grande parte dos torcedores estrangeiros que visitarão o Brasil já sente como nós, torcedores brasileiros, impactos negativos gerados pela elevação do custo Brasil e a nefasta prática do abuso de preços e de tarifas inaceitáveis! Importante lembrar ainda que a compra dos pacotes turísticos para a Copa do Mundo no Brasil é feita pelos torcedores estrangeiros em suas respectivas agências de viagens, sediadas nos países de origem, e não por meio de sites na internet. Portanto, cabe também indagar: o que foi feito para que todas essas agências de viagens estrangeiras pudessem, com competência, informar e motivar corretamente os seus clientes a conhecer outros destinos turísticos brasileiros, que excedem os encantos das doze cidades-sede?
O modelo centralizado de promoção e de venda dos ingressos para os jogos do Mundial, que foi aceito e que vigora no Brasil, exclui quase a totalidade das agências de viagens brasileiras do atendimento à demanda de torcedores estrangeiros, inclusive devido aos problemas que ficaram evidenciados na Copa da França, quando muitos turistas compraram e não levaram. Prevalece por aqui no Brasil aquela malfadada “Lei de Gerson”, que ecoa a política daqueles que apostam no “quanto pior, melhor”; favorece aqueles que pensam em obter ganhos imediatos, preferem apostar em discursos demagógicos e fazem promessas que não são cumpridas, como no caso do propalado trem-bala, só para citar outro exemplo que obteve forte repercussão midiática.
Em síntese, em vez de explorar o turista, o Brasil deveria ter como meta aprender a explorar o turismo, investindo em ações alinhadas com os princípios do desenvolvimento sustentável do setor. Os mesmos torcedores que virão ao nosso país, motivados pela paixão do futebol, deveriam regressar encantados com o que vivenciarão no destino Brasil, elogiando a qualidade dos nossos serviços públicos e privados; convencidos de que pagaram o preço justo. Quanto valeria para a economia nacional ter o Brasil capacidade para gerar plena satisfação aos visitantes torcedores estrangeiros, caso eles fossem, desde o início, tratados com o respeito e a ética que merecem? Por que a Copa do Mundo no Brasil não gerou investimentos na qualidade de vida dos cidadãos brasileiros e que, do mesmo modo, merecem ser tratados com respeito e ética? Não parece óbvio que deveríamos nortear ações coordenadas voltadas ao objetivo comum de proporcionar a melhor relação preço-qualidade para todos os turistas?
Saibamos reconhecer e corrigir as falhas, com melhorias indispensáveis à organização, promoção e realização dos jogos Olímpicos em 2016.
CK Constantino Karacostas
Presidente Abav-SP
Eduardo Vampré Nascimento
Presidente Sindetur-SP
Marcelo Matera
Presidente Aviesp