Antonio R. Rocha   |   03/11/2017 14:45

Os desafios do diretor brasileiro da Aspen Skiing Company

Alínio Azevedo Neto foi anunciado recentemente como novo presidente da divisão de hotelaria da Aspen Skiing Company, um gigante do turismo em terras de Tio Sam.


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Alínio Azevedo Neto (foto) foi anunciado recentemente como novo presidente da divisão de hotelaria da Aspen Skiing Company, um gigante do turismo em terras de Tio Sam. É na verdade o responsável pela expansão do grupo, que começa a prospectar mercado fora dos Estados Unidos. Até a Ásia virou foco, Mas, afinal, quem é, o que pensa e o que pretende colocar em prática o executivo potiguar Alínio Azevedo Neto, cujo pai – coincidentemente – já foi hoteleiro em Natal (Novotel Ladeira do Sol)?

Com experiência de 17 anos nos EUA, sempre baseado em Miami, onde foi vice-presidente de Desenvolvimento para as Américas da Four Seasons, vice-presidente de Aquisições e Desenvolvimento da Loews Hotels e até mesmo professor adjunto na Escola de Hospitalidade e Turismo da Florida Internacional University, Azevedo Neto – pelo visto - conquistou a confiança das grandes redes norte-americanas. Talento? Sorte? Oportunidade? Conheça alguns desafios e anseios deste estudioso executivo da Aspen Skiing Company - e clique aqui para conhecer as novidades da companhia para a estação Aspen Snowmass, no Colorado, para esta temporada de inverno.

Da Flórida para o Colorado. Ou seja, de Miami para Aspen. O que muda na estratégia de vendas de um produto diferenciado, como resorts de esqui?
Sem duvida é um desafio interessante: como levar toda minha experiência no mercado de hotelaria de luxo, cujo histórico é predominantemente urbano e de resort de praia, para o ambiente de esqui? Em comum temos a clientela de alto padrão, a necessidade de um serviço de altíssimo nível e um ambiente de negócios cada vez mais competitivo. Nosso objetivo é, portanto, aplicar nossa “expertise” hoteleira na criação de uma experiência completa para nossos hóspedes quando em Aspen, seja na montanha, em nossos restaurantes ou nos nossos hotéis. É um desafio e estou muito motivado, a partir de toda experiência vivida e do clima acolhedor e incentivador que encontrei no Aspen Skiing Company.

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A estação Aspen Snowmass, uma das mais procuradas de todos os Estados Unidos
A estação Aspen Snowmass, uma das mais procuradas de todos os Estados Unidos

A Aspen Skiing Company está prospectando mercado fora dos EUA, sempre no segmento luxury travel. O Brasil teria alguma chance?
Um dos focos principais da minha atuação é a expansão do nosso portfólio hoteleiro e imobiliário de segunda residência. E isto inclui também a aquisição e/ou desenvolvimento de resorts de praia. O momento é bem apropriado. Fazemos parte do grupo que acaba de finalizar uma transação de US$ 3 bilhões, referente à compra de 11 estações de esquis nos EUA e Canadá. Com Aspen, serão 12 resorts de esqui ao todo. É o segundo maior operador de esqui do mercado no hemisfério norte. Portanto, embora uma expansão internacional esteja nos nossos planos (neste aspecto provavelmente iniciando-se com resorts de praia no México e Caribe), nos próximos 12 a 18 meses nosso foco será na estruturação de novos hotéis nas estações de esqui recém-adquiridas.

Alguma metodologia comercial em evidência na hotelaria norte-americana poderia ser aplicada nas redes hoteleiras do Brasil?
Comercialmente, as maiores forças moldando a hotelaria americana hoje são as ferramentas de gestão de faturamento ( o chamado “revenue management”) e os instrumentos de relações publicas. Sobre a primeira (a ferramenta de gestão de faturamento), a tecnologia hoje permite uma flexibilidade e velocidade na precificação das diárias de maneira muito semelhante ao que acontece com assentos em companhias aéreas (a ideia de cada passageiro praticamente pagar um preço diferente nunca foi tão válida). Em relação ao que chamo de relações públicas, falo principalmente das ferramentas de comunicação direta com os clientes e entre os clientes. E nesse contexto destaco as mídias sociais, provavelmente a mais poderosa dentre todas elas, na realidade. Hoje pouco vale o que você fala sobre seu hotel. O que mais importa é realmente o que os hóspedes falam sobre ele. Portanto, ambos os conceitos podem e dever ser aplicados na hotelaria brasileira. O ponto comum entre ambos? A necessidade de um investimento significativo em tecnologia.

Aspen também emplacou fora do inverno. A ocupação hoteleira aumenta mesmo sem a neve? É fato?
Neste verão de 2017 (junho a setembro), Aspen tornou-se o primeiro resort de montanha dos EUA onde a taxa de ocupação no verão foi superior aos quatro meses de pico da temporada de esqui (dezembro a março). Portanto, embora conhecida internacionalmente, sobretudo pelas suas atrações de inverno, Aspen também se destaca, no mercado doméstico, como um dos principais destinos para férias de verão. Além de um clima agradabilíssimo e de belas paisagens naturais, há uma enorme oferta de atividades de natureza e aventura, como montanhismo, ciclismo, pesca, caiaque, etc. Junte-se a isso uma cidade que oferece várias atividades culturais, uma oferta gastronômica de primeira linha e um comércio com grande variedade de grifes de luxo. Aspen, também no verão, é uma festa!

Um potiguar filho de hoteleiro que comanda a hotelaria dos EUA. O que falta para uma experiência global? Europa e Ásia são foco?

Ao longo da minha carreira tive oportunidade de trabalhar em várias áreas do negócio hoteleiro: operações, investimentos, consultoria e desenvolvimento. Hoje estou numa posição de liderança que me permite trabalhar com equipes em todas estas áreas, o que é muito gratificante. Do ponto de vista de atuação geográfica, depois de experiências nas Américas, Europa e Oriente Médio, a Ásia é um mercado onde, embora aprecie muito do ponto de vista pessoal, ainda não atuei profissionalmente. Quem sabe este não será o próximo passo? Um dos tópicos que temos discutido recentemente é o efeito das próximas Olimpíadas de Inverno, que serão realizadas na Coréia do Sul em 2018 e na China em 2022. A popularizacão dos esportes de inverno no continente asiático trará oportunidades de mercado. Os resorts de esqui aqui na América do Norte já estão de olho neste nicho.

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